Seis vezes eleita a melhor jogadora do mundo, sendo cinco dessas vezes de forma consecutiva—a única atleta a conquistar tal feito, tanto entre mulheres quanto entre homens—, duas medalhas de prata em Olimpíadas, um vice-campeonato na Copa do Mundo e inúmeros títulos no continente americano e em clubes. Esse é o currículo de Marta, um verdadeiro patrimônio do futebol, que em qualquer lugar do mundo seria venerada e respeitada. No entanto, o mesmo não se pode dizer do momento que ela vive no Brasil.
A rainha do futebol feminino está em ação nas Olimpíadas, onde a seleção brasileira teve um desempenho aquém das expectativas na fase de grupos, classificando-se apenas entre as melhores terceiras colocadas. E, naturalmente, Marta também não brilhou como de costume.
Para agravar a situação, no último jogo da fase de grupos, Marta foi expulsa ainda no primeiro tempo contra a Espanha, quando o placar estava 0 a 0. No segundo tempo, as espanholas marcaram dois gols, deixando o Brasil em uma situação delicada. Como resultado, Marta foi suspensa por dois jogos. Apesar disso, a equipe brasileira se superou, vencendo a França por 1 a 0 e, posteriormente, a própria Espanha por 4 a 2, garantindo a vaga na final pela medalha de ouro, que será disputada neste sábado contra as norte-americanas.
Foi o suficiente para que uma onda de piadas e montagens começasse a circular, atacando a maior jogadora de futebol feminino que o Brasil já produziu. Uma falta de respeito com uma atleta que fez tanto pelo futebol brasileiro, especialmente em uma época em que o futebol feminino não tinha praticamente nenhum apoio—não que hoje seja um exemplo de apoio, mas, com a entrada dos grandes clubes, as cotas de patrocínio aumentaram e a estrutura melhorou significativamente.
Resta a pergunta: será que o brasileiro, em sua maioria, tem memória curta, ou os ataques e piadas de mau gosto contra Marta têm outra motivação—seus pensamentos políticos? Ultimamente, no Brasil, muitos profissionais têm sido julgados não por seu talento, mas por suas ideologias políticas.
Esperemos que neste sábado os deuses do Olimpo estejam de bom humor e concedam a esta heroína brasileira a única conquista que lhe falta: a medalha de ouro. E, se não for pedir muito, que seja com um gol dela.
Como me estendi no assunto, nesta edição ficarei devendo o palpitômetro e o sobe e desce.
*Coluna publicada da edição impressa do dia 10 de agosto
*A opnião dos nossos colunistas não refletem, necessariamente, a opnião do jornal página d.
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