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Ministério da Saúde alerta sobre os riscos da Febre do Oropouche

Com mais de 7 mil casos confirmados em 2024, a doença se espalha pelo Brasil, causando preocupação entre as autoridades sanitárias

13/08/2024 às 10h09 Atualizada em 13/08/2024 às 10h22
Por: Redação Fonte: Agência Brasil
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Foto: Conselho Federal de Farmácia/Divulgação
Foto: Conselho Federal de Farmácia/Divulgação

A febre do Oropouche é uma doença causada por um arbovírus do gênero Orthobunyavirus, identificado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de uma amostra de sangue de um bicho-preguiça capturado durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados, especialmente na região amazônica, onde a doença é endêmica. Em 2024, no entanto, a febre do Oropouche se tornou uma preocupação nacional, com mais de 7 mil casos confirmados em 16 estados até julho. Esta semana, São Paulo registrou os primeiros casos no interior do estado.

A transmissão do vírus ocorre principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. No ciclo silvestre, bichos-preguiça e primatas não-humanos são os principais hospedeiros, mas aves silvestres e roedores também podem atuar como reservatórios. O vírus também foi isolado em outras espécies de insetos, como Coquillettidia venezuelensis e Aedes serratus. No ciclo urbano, os humanos são os principais hospedeiros, e o mosquito Culex quinquefasciatus, comum em áreas urbanas, pode transmitir o vírus.

Os sintomas da febre do Oropouche incluem febre de início súbito, dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea e diarreia, sintomas semelhantes aos da dengue. Outros sintomas relatados são tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos. Casos graves podem envolver meningite asséptica, meningoencefalite e manifestações hemorrágicas como petéquias, epistaxe e gengivorragia, especialmente em pacientes imunocomprometidos. Parte dos pacientes pode apresentar recidiva, com os mesmos sintomas retornando após uma ou duas semanas.

Em 25 de julho, a Bahia confirmou as primeiras mortes pela doença. As vítimas foram uma mulher de 24 anos de Valença e outra de 21 anos de Camamu, ambas sem comorbidades. As pacientes apresentaram início abrupto de febre, dor de cabeça, dor retro-ocular e mialgia, evoluindo rapidamente para sintomas graves, incluindo dor abdominal intensa, sangramento e hipotensão.

O diagnóstico da febre do Oropouche é clínico, epidemiológico e laboratorial. A notificação dos casos é obrigatória e imediata devido ao potencial epidêmico da doença. Não há tratamento específico, e a orientação é repouso e tratamento sintomático. Pacientes com sintomas suspeitos devem procurar ajuda médica imediatamente.

As medidas preventivas recomendadas incluem evitar áreas endêmicas, usar repelentes e roupas que cubram o corpo, limpar terrenos e áreas de criação de animais, e utilizar telas de malha fina em portas e janelas.

O Ministério da Saúde também alertou para a possibilidade de transmissão vertical da doença, de mãe para bebê durante a gestação ou no parto. Estudos recentes detectaram anticorpos contra o vírus em quatro recém-nascidos com microcefalia, embora não haja confirmação de uma relação causal. Em junho, foi identificado material genético do vírus em um caso de óbito fetal com 30 semanas de gestação, evidenciando a transmissão vertical do vírus. Investigações laboratoriais e epidemiológicas estão em andamento para confirmar essa relação.

 

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