O advogado Daniel Alexandre Coelho, natural de Andradina (SP) e residente em Santa Cruz do Rio Pardo, recebeu recentemente o título de Cidadão Paraibano em reconhecimento ao seu trabalho como pesquisador e divulgador de cachaças. Aos 43 anos, Daniel transformou um interesse pessoal em uma contribuição significativa para a valorização dessa bebida tipicamente brasileira. A honraria foi proposta pelo deputado estadual Eduardo Carneiro e sancionada pelo governador João Azevêdo Lins Filho.
Formado em Direito, Daniel iniciou sua carreira estagiando na Procuradoria do Estado em Bauru e passou por um grande escritório na mesma cidade antes de se estabelecer como consultor empresarial em Santa Cruz do Rio Pardo. No entanto, sua trajetória tomou um rumo inesperado quando seu pai trouxe uma cachaça chamada “Maria da Cruz” de uma viagem a Diamantina (MG), uma bebida produzida pelo engenho do ex-vice-presidente José Alencar. "Conhecia um dos administradores do engenho e resolvi me aprofundar neste fantástico mundo", conta Daniel, explicando como um presente desencadeou sua paixão pela cachaça.
Enfrentando preconceitos e limitações logísticas, Daniel mergulhou na história e nas peculiaridades da cachaça. Uma de suas descobertas mais surpreendentes foi o alto custo de cachaças antigas colecionáveis, com garrafas chegando a valer até R$ 12 mil. Além disso, ele notou variações significativas nos aromas e sabores das cachaças produzidas em diferentes regiões do Brasil.
A excelência das cachaças paraibanas
Daniel destaca a Paraíba como um estado que investiu substancialmente na qualidade da produção de cachaça. "A cachaça paraibana se destaca pelo solo privilegiado e pela tradição da produção da cachaça ‘branca’ ou cristal, armazenada em barris de freijó", explica. Sua cachaça favorita é a “Rainha Paraibana”, de Bananeiras, que mantém métodos de produção tradicionais desde 1877.
Receber o título de cidadão paraibano foi uma surpresa emocionante para Daniel. "O reconhecimento por nossa pequena contribuição é indescritível. Ser reconhecido como cidadão paraibano é motivo de muita honra e orgulho", afirma. Ele foi indicado para a honraria devido ao seu trabalho contínuo na promoção das cachaças paraibanas em eventos, simpósios e grupos de colecionadores.
Curiosidades e histórias marcantes
Durante suas pesquisas, Daniel encontrou várias histórias interessantes. Ele lembra de uma garrafa de “Monjopina”, a primeira cachaça nacional comercializada com rótulo e lacrada, de 1756, que comprou por R$ 50 de um comerciante que desconhecia seu valor real de R$ 5 mil. Outra história envolve a cachaça Pelé, cuja produção foi cancelada pelo próprio Rei após a Copa do Mundo de 1958. A negociação se deu entre seu Dondinho (Pai de Pelé) e a Chiabrando & Amandola, empresa de Sorocaba. Ao voltar da Suécia, Pelé se revoltou ao ver sua imagem associada a uma bebida alcoólica e não pensou duas vezes: pediu ao seu pai devolver o dinheiro e rescindir o contrato.
Uma experiência inusitada foi a descoberta de um destilado alcoólico derivado da mandioca, conhecido como Caium. "Os índios, principalmente mulheres e crianças, mastigam a mandioca várias vezes, cospem em um caldeirão e a cozinham. Vi esse processo pessoalmente em Roraima e tive que provar para não insultar os indígenas", relata Daniel.
Daniel deixa uma mensagem para os que ainda não conhecem a riqueza das cachaças brasileiras: "A cachaça, produto genuinamente brasileiro, é considerada a bebida destilada mais pura do mundo. Existem alambiques e cachaças com madeiras variadas, e certamente alguma agradará seu paladar. Deixem de lado o preconceito e se aventurem nos sabores inigualáveis da cachaça!"
Com planos de continuar contribuindo para a divulgação da cachaça e novos projetos previstos para 2025, Daniel vê a cachaça como uma peça fundamental para o desenvolvimento do país. "Somente em 2023, exportamos 8.618.832 litros para 76 países, gerando US$ 20.242.453. O setor emprega 140 mil trabalhadores diretos e produz 225,7 milhões de litros por ano", ressalta.
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