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Pai aprende braille e vira “professor” do próprio filho

Homem aprendeu sistema gratuitamente através de plataforma digital criada por empresária de Duartina

22/08/2024 às 14h10
Por: Redação
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Arthur com o pai quando iniciou o curso de braille | Foto: Arquivo Pessoal
Arthur com o pai quando iniciou o curso de braille | Foto: Arquivo Pessoal

Quando Arthur nasceu, durante a amamentação, sua mãe Maria José dos Santos desconfiou que algo estava errado com a visão do filho. O bebê tinha dificuldade em encontrar o bico do peito. Foram muitos médicos, exames até chegar ao diagnóstico. A criança tinha amaurose congênita de Leber, um tipo de retinose pigmentar, doença progressiva, ainda sem cura, que leva à cegueira. O pai, o professor de matemática Edmilson Gonçalves, que de imediato teve muita dificuldade para aceitar a condição do filho, passou a pesquisar tudo que envolve a doença e a inclusão de pessoas com deficiência visual.

Foi assim que ele, que mora em Craíbas (Alagoas), chegou ao projeto Enxergando o Futuro, que ensina braille de graça e a distância por uma plataforma online. Para incentivar Arthur, que já estava com 7 anos, a fazer o curso, Edmilson decidiu também se matricular. “O Arthur já estava com baixa visão. Meu objetivo era prepará-lo para o futuro, para facilitar a alfabetização e a vida dele. A metodologia é muito boa, mas o Arthur não se motivou muito. Ele acabou saindo do curso, mas eu continuei e aprendi a ler e a escrever em braile. Depois, na escola que frequenta, o Arthur começou a aprender braille e agora está evoluindo. Já forma algumas palavrinhas. E eu o ensino em casa. Inclusive o ensino a escrever com a reglete, que não tem na escola dele”, relata.

Assim, Edmilson tornou-se professor auxiliar do filho, que hoje está com 9 anos e enxerga bem pouco apenas com o olho direito. O menino está em processo de alfabetização e leva uma vida normal, garante o pai. “Como ele nasceu com a doença e a perda da visão é progressiva, o Arthur é uma criança que brinca, que corre, anda de bicicleta, que faz judô, jiu-jítsu e tudo que uma criança da idade dele faz. Ele vai se adaptando ao resíduo de visão que lhe sobra”, conta. 

Daniela Reis Frontera lendo braile | Foto: Ascom

 

São por histórias assim que Daniela Reis Frontera, fundadora do projeto Enxergando o Futuro, que também tem retinose pigmentar, afirma que vale muito a pena todo trabalho ao longo dos últimos cinco anos. O projeto nasceu em 2019, em Duartina (SP) de forma presencial. Na pandemia, migrou para plataforma online e expandiu a atuação. 

Atualmente, o curso de braille está ao alcance de todas as pessoas com deficiência visual ou baixa visão, gratuitamente. Hoje, atende alunos do Brasil e também brasileiros que moram em Portugal, África e Inglaterra.

A inscrição para o curso de braille do Enxergando o Futuro pode ser feita pelo WhatsApp (14) 99740-8217. 

 

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