Quando Arthur nasceu, durante a amamentação, sua mãe Maria José dos Santos desconfiou que algo estava errado com a visão do filho. O bebê tinha dificuldade em encontrar o bico do peito. Foram muitos médicos, exames até chegar ao diagnóstico. A criança tinha amaurose congênita de Leber, um tipo de retinose pigmentar, doença progressiva, ainda sem cura, que leva à cegueira. O pai, o professor de matemática Edmilson Gonçalves, que de imediato teve muita dificuldade para aceitar a condição do filho, passou a pesquisar tudo que envolve a doença e a inclusão de pessoas com deficiência visual.
Foi assim que ele, que mora em Craíbas (Alagoas), chegou ao projeto Enxergando o Futuro, que ensina braille de graça e a distância por uma plataforma online. Para incentivar Arthur, que já estava com 7 anos, a fazer o curso, Edmilson decidiu também se matricular. “O Arthur já estava com baixa visão. Meu objetivo era prepará-lo para o futuro, para facilitar a alfabetização e a vida dele. A metodologia é muito boa, mas o Arthur não se motivou muito. Ele acabou saindo do curso, mas eu continuei e aprendi a ler e a escrever em braile. Depois, na escola que frequenta, o Arthur começou a aprender braille e agora está evoluindo. Já forma algumas palavrinhas. E eu o ensino em casa. Inclusive o ensino a escrever com a reglete, que não tem na escola dele”, relata.
Assim, Edmilson tornou-se professor auxiliar do filho, que hoje está com 9 anos e enxerga bem pouco apenas com o olho direito. O menino está em processo de alfabetização e leva uma vida normal, garante o pai. “Como ele nasceu com a doença e a perda da visão é progressiva, o Arthur é uma criança que brinca, que corre, anda de bicicleta, que faz judô, jiu-jítsu e tudo que uma criança da idade dele faz. Ele vai se adaptando ao resíduo de visão que lhe sobra”, conta.
São por histórias assim que Daniela Reis Frontera, fundadora do projeto Enxergando o Futuro, que também tem retinose pigmentar, afirma que vale muito a pena todo trabalho ao longo dos últimos cinco anos. O projeto nasceu em 2019, em Duartina (SP) de forma presencial. Na pandemia, migrou para plataforma online e expandiu a atuação.
Atualmente, o curso de braille está ao alcance de todas as pessoas com deficiência visual ou baixa visão, gratuitamente. Hoje, atende alunos do Brasil e também brasileiros que moram em Portugal, África e Inglaterra.
A inscrição para o curso de braille do Enxergando o Futuro pode ser feita pelo WhatsApp (14) 99740-8217.
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