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Rebeca Andrade

Coluna do Dr Luiz Antonio Sampaio Gouveia

22/08/2024 às 22h16
Por: Colunas
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Foto de fundo: Ricardo Buffolin/CBG
Foto de fundo: Ricardo Buffolin/CBG

Em 1958, assisti o Brasil tornar-se Campeão do Mundo de futebol. Foram dias inesquecíveis de minha infância e tenho em meu peito todo aquele esquadrão dirigido pelo Vicente Feola, técnico e comandado pelo Marechal da Vitória, o Doutor Paulo Machado de Carvalho. Era tão frio, como os dias deste nosso inverno e a escalação do time vencedor, a Seleção Canarinho, estava em todos os meus sonhos, ocupando inteiramente o meu coração: Gilmar, Djalma Santos e Belini, Zito, Orlando e Nilton Santos, Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagalo, todos campeões do mundo.

O futebol era a arte e a alegria do povo e todo nosso esquadrão era movido à emoção; pois naquela época, ninguém se motivava pela grana, muito embora Vavá e o grande Mazzola tenham ido com bons salários, para o Exterior. Mas nossos jogadores nem se encantavam com a promessa de jogar no estrangeiro, pesando muito pouco, a prata do Real Madrid ou a do Internacional de Milão, a convencê-los a abandonar nossa Pátria e porque suavam a camisa, por paixão, enquanto amavam verdadeiramente o Brasil, como muitos, dentre nós, nem mesmo amam mais.

Daí termos atletas e não sermos mais campeões; ensimesmados quase todos com as glórias do passado, que eles não construíram. Mas o balé de Edson Arantes do Nascimento e as valsas que as pernas de Garrincha valsavam no gramado, mesmo sem combinar com os russos (e quem gosta de futebol, sabe o que isto significa) e ainda a categoria do Parmerão, dos anos 70, em que bola flutuava no céu do campo até o gol ou a glória corintiana incessante e o valoroso esquadrão são-paulino, nem mesmo parecem existir mais.  Foi-se o Santos, de Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, primeiro time brasileiro, a se sagrar campeão do mundo interclubes, creio que, em 1962, no Maracanã, que era uma artilharia ribombante a lançar cada bola na rede dos adversários, tão rapidamente como um raio, que os adversários nem a viam chegar até dentro das traves de suas defesas.

Como na política, o Brasil involuiu e os atletas decaíram, mascarados pelo sucesso da fortuna, enquanto singram os céus em jatinhos milionários. Nada contra que sejam milionários e tenham jatinhos; mas que esta fortuna os afastou de nossos sonhos, afastou, sem dúvida.

De repente neste deserto de atletas e campeonatos, o Flamengo (o grande campeão carioca de terra e mar), nos brinda com grupo feminino de ginastas e o anjo esvoaçante que se chama Rebeca Andrade, orgulhosamente negra, como todos os brasileiros devem ser, como uma libélula (borboleta), encanta nosso vídeo, mostrando não ser verdade que o ser humano não saiba voar em piruetas mágicas, que nos levam a apreciá-los; do delírio até o êxtase.

Ainda assim, com toda pose, a menina não perdeu a humildade e o seu desejo ao desembarcar no Brasil, simplesmente foi treinar, para vencer, dando exemplo ao Brasil de que podemos lutar e vencer todos os nossos obstáculos desde que com preparo, empenho, cultura e doçura, que nossos governantes nem mais ostentam. 

Entretanto, o melhor de tudo foi o pódio compartilhado entre Rebeca e as americanas, Simone Biles e Jordan Chiles, as duas últimas a vergarem-se a Rebeca, atleta do mundo, sem inveja, despeito ou más criações que atualmente tanto marcam vergonhosamente o mundo, que se divide em guerras e guerrilhas, ambições doentias e disputas animalescas de toda ordem por um poder egoísta, que prescinde do povo, quando deveríamos apenas saber amar e sorrir, sacrificando-nos pelo Brasil. Nada mais!

 

*A opnião dos nossos colunistas não refletem, necessariamente, a opnião do jornal página d.

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Luiz Antonio Sampaio Gouveia
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Luiz Antonio Sampaio Gouveia é advogado e santa-cruzense
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