A proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os gastos do Programa de Bem-Estar Animal (ProBem) da Prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo enfrenta obstáculos na Câmara Municipal. Apesar dos esforços do vereador Juninho Souza (União Brasil), até o momento, ninguém assinou como primeiro signatário, um passo crucial para a formalização da CPI.
Juninho Souza anunciou na última segunda-feira (19) sua proposta de CPI para investigar a gestão financeira do ProBem, programa lançado em 2023 pela administração do prefeito Diego Singolani (PSD). O parlamentar argumenta que há falta de transparência nos gastos do programa e questiona os altos valores empenhados para clínicas veterinárias conveniadas.
Juninho Souza mencionou que alguns vereadores, como Fernando Bittencourt (União Brasil), Mirtão de Caporanga (PL) e Cristiano Tavares (União Brasil), apoiaram a ideia da CPI, mas o processo estagnou na falta de um primeiro signatário. Quem assina primeiro não pode participar da CPI. De acordo com Juninho, este papel é essencial para que ele possa compor a comissão e iniciar as investigações, mas ninguém se prontificou a assumir essa posição até o momento. "Precisamos de clareza na gestão pública, especialmente quando se trata de recursos destinados ao bem-estar animal. A população tem o direito de saber como esses recursos estão sendo aplicados", afirmou Juninho após a sessão.
Informações apuradas pelo jornal página d revelam que Juninho está profundamente incomodado com uma articulação nos bastidores, que seria liderada pelo ex-prefeito Otacílio Assis (PL). Assis teria mobilizado o próprio grupo de oposição para pressionar Juninho a assinar como primeiro signatário. A estratégia teria como objetivo deixá-lo de fora da CPI, o que, segundo a leitura do grupo, evitaria que Juninho, conhecido por seu temperamento combativo, extrapolasse em suas manifestações, gerando desgaste político com simpatizantes da causa animal na cidade.
Essa articulação tem gerado tensão dentro da oposição, com Juninho Souza prestes a entrar em rota de colisão com seu próprio grupo, pelo qual disputa a reeleição. A possibilidade de ser excluído da CPI, devido à pressão para ser o primeiro signatário, é vista por Juninho como uma tentativa de marginalizá-lo politicamente, o que pode agravar ainda mais a divisão interna. “Eu fui o vereador que teve a coragem de apresentar o requerimento da CPI. Todos sabiam da situação dos gastos exorbitantes e não fizeram nada. Os vereadores da oposição querem me dar uma ‘passa moleque’. Não vou admitir. Eles também não têm interesse em investigar,” afirmou Juninho Souza.
O ex-prefeito Otacílio Assis, que acompanhou in loco a última sessão, destacou em entrevista a necessidade de uma investigação independente para esclarecer as dúvidas sobre o ProBem. Ele sugeriu que os vereadores se reunissem para definir quem seria o primeiro signatário, enfatizando que, embora todos queiram participar da CPI, é preciso alguém disposto a dar o primeiro passo. “Crime não se deixa para depois para apurar, porque escondem as provas. Existem evidências do que está acontecendo. É preciso separar o joio do trigo. O ProBem é trigo, temos que tirar o joio,” disse.
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