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Após ficar viúvo, ex-caminhoneiro decide viajar pelo Brasil a bordo de uma kombi

Luiz Augusto Batista diz que a liberdade da estrada trouxe novo significado a sua vida

29/08/2024 às 01h23
Por: Diego Singolani
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Bicudo compartilha seu relato emocionante de superação e aventura | Foto: Marcos Pellegatti
Bicudo compartilha seu relato emocionante de superação e aventura | Foto: Marcos Pellegatti

“Vontade de muitos, coragem de poucos”. A frase de efeito, além de estampar a lateral de sua Kombi azul customizada, serve como lema de vida para Luiz Augusto Batista, mais conhecido como “Bicudo”. Após a perda de sua esposa, com quem foi casado por 42 anos, ele decidiu trocar a solidão pela estrada. Desde então, Bicudo percorre o Brasil levando consigo boas memórias e o desejo de conhecer novos lugares e pessoas.

Bicudo tem 67 anos de idade. Ele foi criado na Vila Popular, em Santa Cruz do Rio Pardo, onde ainda vive. Caminhoneiro por mais de 30 anos, ele sempre esteve habituado à vida na estrada. No entanto, foi a dor da perda que o levou a optar por uma vida ainda mais nômade, onde a estrada se tornou seu novo lar.

"Eu fui casado por 42 anos e a solidão é brava", conta Bicudo. "Como eu já fui criado na estrada, optei por ficar nela."

A primeira kombi de Bicudo, chamada carinhosamente de "Catarina", foi a companheira inicial dessa nova fase. Com ela, ele fez viagens curtas pela região, acampando por alguns dias em lugares como Avaré, Piraju, Cerqueira César e Assis. No entanto, após a aquisição de sua segunda kombi, batizada de “Kombi Benedita", em homenagem à falecida esposa, Bicudo começou a explorar destinos mais distantes e a adaptar o veículo para se tornar uma casa sobre rodas.

Com a Kombi Benedita, "Bicudo" já passou por diversas cidades do país | Foto: Marcos Pellegatti

 

"Kombi Benedita" é muito mais do que apenas um automóvel. Ela foi completamente customizada por Bicudo para atender a todas as suas necessidades na estrada. "Tem uma geladeira, um frigobar de 130 litros, pia, banheiro químico, guarda-roupa, fogão, tudo que preciso", explica ele. "Eu vivo dentro dela, e tenho mais ciúme dela do que da minha casa."

As viagens com a kombi já levaram Bicudo a diversos estados brasileiros, desde as praias de Santa Catarina até o interior de Minas Gerais e Mato Grosso. A estrada, para ele, não é apenas um caminho, mas uma experiência de liberdade e autoconhecimento. "É uma liberdade que não tem dinheiro que pague", reflete.

Durante suas viagens, Bicudo se conectou com outros aventureiros que também adotaram a vida na estrada, seja em Kombis, motorhomes ou outros veículos adaptados. "Parece uma família, 99% é tudo gente boa, dá apoio", comenta. Ele destaca que, apesar dos desafios, como o medo de assaltos, a comunidade de viajantes se apoia e se organiza em grupos, compartilhando informações sobre pontos de apoio e lugares seguros para acampar.

Entre os lugares mais bonitos que Bicudo conheceu em suas viagens estão as praias de Itapoá, em Santa Catarina, e a charmosa cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul. "Gramado, Igrejinha, Canela, fiquei uns vinte dias por lá, nunca pensei que ia conhecer de Kombi", relembra com entusiasmo.

Mas Bicudo não pretende parar por aí. Seus planos incluem uma viagem para o Nordeste do Brasil, onde pretende explorar novos destinos antes de embarcar em uma aventura ainda mais desafiadora: uma jornada até Ushuaia, na Argentina, a cidade mais austral do mundo. "Vai ser uma viagem de uns quatro meses, se Deus quiser", diz ele.

A cada quilômetro percorrido, Bicudo prova que a verdadeira liberdade não está em onde você vive, mas em como você escolhe viver. “É um sentimento indescritível. Coloco um rock no som e vou para a estrada. É uma experiência transformadora. A gente percebe que a verdadeira felicidade depende de pouca coisa”, afirmou.

A Kombi ficou eternizada em sua pele | Foto: Marcos Pellegatti

 

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