“A atividade dos demônios se intromete, para encher as almas humanas de vaidade ou de falsidade, na adivinhação fundada numa opinião falsa ou vã”.
“A soberba precede a ruína e o orgulho, à queda” (Provérbios 16:18).
As assertivas acima, extraídas, respectivamente, da Suma Teleológica, de Santo Tomás de Aquino, e da Bíblia, são alertas para os políticos nesses tempos de eleições.
A propaganda eleitoral está reforçando a inexistência de um espelho mágico na casa de quase todo político. “Espelho, espelho meu, existe alguém que fez mais coisas do que eu?”
Quase todos os políticos parecem ter esquecido a fábula pueril (mas nem tanto) da Branca de Neve, que não serve apenas para crianças, mas para todos.
Para relembrar, a vaidade aprisiona a Rainha Má e a falta dela liberta a Branca de Neve. Aquela primeira atenta contra a vida ao contratar um assassino para eliminar sua “adversária” em beleza; a fugitiva exercita, humilde, diversas tarefas básicas e cotidianas no ambiente que a acolheu quando em fuga.
Ora, a vaidade é filha do orgulho, pecado mortal precedente na alma do ser humano (Santo Tomás de Aquino). E o orgulho obscurece a verdade e coloca o orgulhoso em uma névoa de mentiras, pois os verdadeiros defeitos da pessoa ficam acobertados pelo vil sentimento.
Na prática, a vaidade e o orgulho levam os políticos às mais espinhosas situações, tal como concorrer, em igualdade, com um jumento, para a obtenção de uma premiação.
Se para Narciso, tudo o que não é espelho, é feio (como diz o ditado), por que um (mau) político se furtaria da simplicidade do (auto) julgamento com tantos tapinhas fáceis nas costas em tempos de eleição? Orgulho. Vaidade. Soberba.
Jumentos reais e jumentos políticos não conseguem decifrar o código turvo da vaidade e tampouco se conformam com a mensagem crua do espelho mágico.
Importa, isto sim, matar a verdade, pois ela machuca mais que o reflexo deformado na própria percepção do vaidoso.
Cabe ao (mau) político desarmar a armadilha da vaidade e trilhar pelo caminho da humildade antes que o vitupério lhe seja ardente. Ou faltará mata-burros para deter tanta gente.
Nelson Rodrigues 1
“A verdadeira apoteose é a vaia” (Nelson Rodrigues).
Nelson Rodrigues 2
Parafraseando Nelson Rodrigues, a vaidade ensurdece.
*Coluna publicada da edição impressa do dia 24 de agosto de 2024
*A opnião dos nossos colunistas não refletem, necessariamente, a opnião do jornal página d.
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