Santa Cruz do Rio Pardo não é apenas um ponto no mapa para o poeta e compositor Beto Rensi. É um cenário que povoa suas memórias da infância e juventude, alimentando sua arte. E essa conexão profunda é celebrada em seu disco de estreia “Beto Rensi e Parceiros”, distribuído pela Tratore, e já disponível nas plataformas digitais. Algumas das faixas do álbum são uma verdadeira homenagem às suas raízes.
Beto descreve seu disco como "independente, sem compromissos comerciais", trazendo músicas impregnadas de sentimentos e vivências que remontam a Santa Cruz do Rio Pardo. "Eu sabia que não teria retorno financeiro, mas queria que fosse uma obra que representasse minha alma e meu coração", declara o compositor, que optou por produzir o álbum de forma totalmente independente, focando na qualidade artística.
Com raízes profundas na cidade, onde seu pai e seus ancestrais italianos se estabeleceram, Rensi viveu intensamente tanto a vida urbana quanto a rural. As memórias de correr pelos campos, andar a cavalo, e conviver com a natureza são indissociáveis de sua identidade.
O autor destaca a importância de sua família na construção de sua relação com Santa Cruz. “Meu pai era muito ligado à cidade, e eu sempre o acompanhava. Tinha minha turma de amigos, participei de carnavais e vivi todas essas tradições locais.” A morte precoce do pai, quando Rensi tinha apenas 17 anos, não quebrou essa conexão; pelo contrário, fortaleceu-a, especialmente através da convivência com sua tia Noêmia Aloe, uma figura marcante na cidade.
A vida em Santa Cruz permeia a obra de Rensi. Ele menciona que várias canções de seu novo disco, como "Geada" e "Olhos de Atriz", nasceram diretamente das experiências vividas na cidade. “A geada, o vento forte, a jornada de peão... São coisas que eu vivenciei na pele. Santa Cruz me influenciou diretamente”, afirma.
Uma tradição local que marcou profundamente Rensi foi o costume de jogar rosas nas casas das moças, uma prática romântica que inspirou a música "Rosas para Santa Cruz". “Era uma grande adrenalina”, relembra, “sair de madrugada, escolher a rosa mais bonita, preparar um bilhete e deixá-la na casa da moça, torcendo para que ela encontrasse antes do pai.” Essa tradição, apesar de ter se perdido com o tempo, vive eternizada em sua música.
A vida no interior de São Paulo, comparada com a capital, é um tema recorrente nas reflexões de Rensi. Ele fala sobre o ritmo mais lento, o contato direto com a natureza e a simplicidade das relações em Santa Cruz. “Na cidade grande, tudo é corrido, as pessoas vivem estressadas. Em Santa Cruz, um quarteirão resolve sua vida, e em duas horas você faz tudo o que precisa”, compara.
Essa dualidade entre o rural e o urbano é uma das forças motrizes por trás de seu trabalho. “A música 'Jornada de Peão' reflete muito isso. É uma música que poucos na cidade grande entenderiam, mas que carrega toda a fibra e honestidade do homem do campo”, explica.
Rensi faz questão de destacar a influência de parceiros como Karla Dallmann, que o incentivou a continuar escrevendo e experimentando com a composição. “Sem ela, este disco não existiria”, afirma. Ele revela que já está trabalhando em um novo álbum, onde muitas das letras foram compostas diretamente para as melodias, ao contrário do disco atual, que nasceu de poesias musicadas.
Entre os nomes ilustres presentes em “Beto Rensi e Parceiros”, destaque para direção artística de Cezinha Oliveira e a participação do cantor Renato Braz em duas músicas.
Confira as canções de Beto:
Acesse a playlist com as músicas no youtube:
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