Estranhei à primeira vista ao ver um site - daqueles que só surgem na época da eleição - alardeando que a Saúde de Santa Cruz do Rio Pardo é uma das piores do País, perdendo na região apenas para Bauru, por exemplo, e alguns outros municípios.
Moro em Bauru e sou testemunha da diferença com que a prefeitura daqui trata a saúde na comparação com Santa Cruz. Na chamada Sem Limites, mais de 75 pessoas morreram somente neste ano em UPAs porque não havia vaga em hospital para interná-las; em Santa Cruz, nenhuma.
A base de dados do portal é um ranking de eficiência do jornal Folha de S. Paulo cuja metodologia não reflete necessariamente a realidade do município. "Foram selecionados dados nos quais a atuação da prefeitura é decisiva. Atribuições fora da competência do prefeito, como segurança, não foram levadas em conta", diz o estudo.
Daí a divergência. Municípios em geral têm responsabilidade sobre a saúde primária - isto é, com equipes de saúde da família, atenção básica e etc. E os únicos indicadores levados em consideração são "cobertura por equipes de atenção básica" e "médicos por mil habitantes".
Santa Cruz tem mais cobertura de saúde da família, por exemplo, do que Botucatu - a primeira colocada do ranking. Mas a capital estadual do arroz não tem um curso de Medicina da Unesp ou um Hospital das Clínicas, o que gera uma queda natural entre médicos por habitante.
Em outras palavras, o levantamento simplesmente desconsidera que Santa Cruz tem uma Santa Casa que realiza procedimentos de baixa, média e alta complexidade e atende ainda a região inteira - inclusive municípios que ficaram à nossa frente no ranking.
Se dependêssemos do Estado para ter hospital, estaríamos certamente na pior - estaríamos, na verdade, no mesmo cenário que Bauru.
*A opnião dos nossos colunistas não refletem, necessariamente, a opnião do jornal página d.
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