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Coluna do Enzo

10/09/2024 às 18h35 Atualizada em 10/09/2024 às 18h42
Por: Colunas Fonte: Enzo Pellegrino
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Foto de fundo: Queria estar lendo
Foto de fundo: Queria estar lendo

Há poucas semanas, recebi uma indicação de leitura e decidi me arriscar. Tratava-se do livro “O Chamado Selvagem”, escrito pelo romancista Jack London no início do século passado e responsável por uma interessante lição de vida.

A obra tem como protagonista o cachorro Buck, vivendo ao Sol e à sombra junto a uma  família de humanos em um rancho na Califórnia. Tudo muda quando ele acaba sequestrado e vendido para trabalhar na famigerada “corrida pelo ouro”, passando a puxar trenós com huskies em meio à congelante região norte da América.

Para sobreviver, Buck aos poucos precisa abrir mão de seus confortos e até mesmo de sua moralidade, já que não está mais imerso na tranquilidade de uma sociedade controlada. Com outros cães e sob as ordens de donos cruéis (a chamada “lei do porrete e da dentada”), precisa cuidar de si mesmo e se virar como pode; basicamente, precisa se desprender de toda a domesticação que o ser humano impôs aos cães através dos séculos.

Não vou me alongar no tema para não correr qualquer risco de passar algum “spoiler”, só achei interessante a mensagem da obra — não a da domesticação ou a do famoso “vale tudo”, mas a aplicação de algumas dessas ideias em nossas vidas em um sentido um pouco distinto.

Obviamente que também não pretendo criticar preceitos morais e menos ainda abrir mão deles. Sabemos o estrago que isso pode causar. Aliás, essa ideia do livro talvez seja melhor aplicada ao contexto dos presídios, onde a moralidade pode ser uma armadilha e os meios de coexistir são outros, vigorando a lei do mais forte e resistindo melhor aquele que se adapta.

Mas para quem está lúcido e na luta diária para evoluir, a mensagem do livro pode também indicar o grande valor do que viveram apenas nossos antepassados de longa data (nada a ver com constelações familiares. Deus me livre!), em meio à natureza e sem tantas complicações.

Para ser uma pessoa melhor, sempre falamos sobre estudar mais, ler mais, aprender mais, ser mais. Só que nessa correnteza sem fim, em outros aspectos, a felicidade pode se encontrar no menos. Temos muito realmente a aprender, mas nos ajudaríamos se desaprendêssemos um bocado de coisas.

 

*A opnião dos nossos colunistas não refletem, necessariamente, a opnião do jornal página d.

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Enzo Pellegrino
Sobre o blog/coluna
Enzo Pellegrino Pedro é santa-cruzense e sócio do escritório Pellegrino Advogados. Graduado pelo Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), é pós-graduado em Advocacia Trabalhista e em Direitos da Incapacidade Laborativa, Acidente do Trabalho e da Doença no Brasil.

Longe do mundo do Direito, já foi colaborador da Revista OPs!, colunista do AUÊ Cultural e também do Jornal Debate.

Filho do Naco e da Silvana, é apaixonado por cachorros, livros, cinema e pelo São Paulo Futebol Clube. Deixa o mundo jurídico mais para o trabalho, conferindo a si mesmo o direito inalienável de escrever sobre todas as coisas, ou então sobre nada.
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