Moradores da rua Tocantins e arredores, no bairro Cidade Jardim, em Santa Cruz do Rio Pardo, enfrentam problemas relacionados a uma central de reciclagem instalada na área. Eles denunciam que o local acumula grandes quantidades de lixo, que nem sempre é armazenado de forma adequada, atraindo animais peçonhentos, como escorpiões, cobras, aranhas, além de roedores. O mau cheiro, principalmente durante o verão, é outro transtorno enfrentado pela comunidade.
"Já encontramos cobras em casa, além de ratos e milhares de pernilongos que infestam o bairro. Estamos preocupados com a segurança e saúde das nossas famílias, mas até agora nenhuma providência foi tomada", desabafou um morador, que prefere não ser identificado.
Os moradores afirmam que já levaram o problema à prefeitura e a outros órgãos responsáveis, como a Vigilância Sanitária e Epidemiológica, há mais de um ano, sem qualquer resposta efetiva. "Nossa última tentativa será acionar o Ministério Público, já que ninguém faz nada. Precisamos de uma solução urgente", afirmou outro morador, que vê a situação piorar com o tempo.
Embora os problemas sejam visíveis, a central de reciclagem desempenha um papel social e econômico importante na cidade. Pelo menos 17 famílias dependem da coleta e separação de materiais recicláveis para sua sobrevivência, o que torna a questão mais complexa. A atividade é mantida pelo proprietário do local, mesmo diante das críticas da vizinhança.
"Entendemos que a reciclagem é essencial, mas o local precisa ser mais bem organizado. O ideal é que fosse numa área afastada da cidade. Não podemos sacrificar a saúde da população por falta de estrutura e controle", concluiu outro morador.
O secretário de Meio Ambiente, Renato Emiliano Rosa, em resposta às reclamações, explicou que a coleta de recicláveis na cidade é realizada pela empresa Conservitta, conforme um cronograma estipulado pela prefeitura. Ele reconheceu a existência de "falhas pontuais" no serviço, afirmando que a empresa é notificada quando isso ocorre.
"A adesão dos munícipes à coleta seletiva ainda é baixa, principalmente após a pandemia, quando o serviço foi temporariamente paralisado por orientação do Ministério Público. Mesmo após o retorno, muitos não voltaram a separar os materiais recicláveis", disse o secretário.
Rosa também apontou que o aumento no número de coletores informais nos últimos anos impactou o volume de material recolhido pela empresa contratada. "Devido à escassez de empregos e ao aumento no valor pago pelo material reciclável, o número de coletores informais cresceu significativamente. Eles selecionam os materiais de maior valor, o que reduz a quantidade de material disponível para a coleta formal", acrescentou.
Ele destacou que a construção de uma usina de separação de materiais recicláveis, na região do antigo aterro, está em fase final, mas a falta de organização dos coletores em uma cooperativa tem dificultado o avanço do projeto. "Apesar das tentativas, até o momento não houve interesse em formar uma cooperativa que assumisse o barracão e a coleta de materiais."
A prefeitura afirma que já acionou o Ministério Público sobre a situação, pois não tem poder de polícia para resolver o problema diretamente. O município também disponibiliza caçambas para o descarte adequado de resíduos e espera que a usina de reciclagem em construção possa melhorar a gestão de materiais.
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