É evidente o esgarçamento e a disruptura inevitável do tecido social e político da sociedade brasileira, em seus mais diversos aspectos. O Poder Legislativo se transformou em um balcão de negócios, onde a mercadoria é o voto, com a institucionalização dos mais desprezíveis costumes parlamentares, entre eles, o mensalão, legalizado como motivação dele. Assim, as Emendas Parlamentares impositivas constituem um evidente absurdo e ainda que elas sejam impositivas como as individuais e as de bancada e as de comissão e de relator não o sejam, conforme nota técnica da Transparência Brasil, já montam a 50 bilhões de reais, aproximadamente, todos eles já liberados neste exercício, como informa esta nota técnica, noticiando que apenas 1% delas ante as 941 emendas incorporadas à LOA de 2024, ainda não foi liberado. Sendo esta liberação de difícil rastreamento e em alguns casos de impossibilidade a saber a que e para quem elas foram dirigidas.
O Poder Executivo encontra-se algemado a estes interesses duvidosos do Poder Legislativo, sem condição de defesa, pela maioria congressual ser de oposição ao Presidente Lula da Silva. O Ministro Dino bem fez em suspender o pagamento destas emendas, o que ocasionou uma revolta do Congresso Nacional, que de tão catatônico, aprovou uma reforma tributária que penaliza todos os serviços, aumentando-lhes a carga de contribuição, ainda que, em relação ao PIB não haja aumento de arrecadação.
O Poder Judiciário apresenta-se em desorganização extrema, interpretando leis que terminam construindo jurisprudências com força legal e operacionalizando em muitas hipóteses contrariamente aos Regimentos dos Tribunais, transformando-se com a asfixia do Colegiado, em monstruoso juízo virtual, que com o mínimo de bom senso, qualquer cidadão pode ter a certeza de que isto nunca foi Justiça, porque constrange a liberdade judicial, refutando o princípio do contraditório e da ampla defesa.
A Lava-à-Jato desestruturou todo equilíbrio emocional da sociedade brasileira e os que por ela foram apenados, não provaram até agora que não teriam incidido nos comportamentos delituosos, que lhes foram imputados e que uma política judiciária canhestra e vesga, terminou por favorecê-los ante a perplexidade de todo povo que os viu livrados de apenamentos, por questões meramente formais e totalmente incompreensíveis. Já em 2013, superando entraves de política partidária e de lideranças políticas, o povo brasileiro deambulou pelas ruas das grandes cidades, perplexo com uma governança, que não lhes dá saúde, educação, segurança pública e privada, suportando na rua, uma guerra civil, entre as forças estaduais e a bandidagem generalizada, incontível.
Neste contexto, é que há um estouro da boiada e um ímpeto suicida de todo povo brasileiro absolutamente decepcionado e descrente com toda política vigente e absolutamente da ingovernança constante. Neste vale de horrores, é que surgem personalidades como o Capitão Bolsonaro e o cidadão Pablo Marçal, que significam um antídoto para as melhores esperanças de um Brasil civilizado e progressista, nutrindo-se na desesperança do povo, que sofre nas ruas e ainda vítimas de interesses incompreensíveis, de capitalistas brasileiros temerosos com um fantasma que nem existe mais (e por isso, fantasma), o que ignorantemente chamam de comunismo.
*Coluna publicada da edição impressa do dia 07 de setembro
*A opnião dos nossos colunistas não refletem, necessariamente, a opnião do jornal página d.
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