O ex-prefeito e candidato à prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo, Otacílio Assis (PL), recusou-se a participar do debate organizado pela 128ª Subseção da OAB, em parceria com o jornal página d e a TV Santa, programado para o dia 3 de outubro de 2024. A decisão gerou polêmica, especialmente pela justificativa de Otacílio, que alegou que a presença de assessores nos intervalos traria desvantagem para sua campanha. A posição do candidato contradiz sua postura em 2016, quando, como prefeito, aceitou e participou de um debate com a mesma regra.
Otacílio argumentou que Diego Singolani (PSD), atual prefeito e seu adversário, teria uma vantagem injusta, pois seus assessores teriam acesso a informações da prefeitura que não estariam disponíveis para o grupo do ex-prefeito. "Ele (Diego) terá assessores que trabalham diretamente na administração e têm acesso a informações privilegiadas que nós não temos. O Portal da Transparência não está atualizado, o que nos coloca em desvantagem. A prefeitura demora dois meses para lançar os dados. Debate sem assessor!", declarou Otacílio.
O que chama atenção é que, em 2016, Otacílio não só aceitou essa regra, como também assinou o acordo proposto para aquele debate, organizado pelo jornalista Renan Alves, do jornal Atual, que hoje é o marqueteiro de sua campanha. Na época, a regra permitia a presença de até quatro assessores por candidato durante os intervalos, sem o uso de dispositivos eletrônicos. Otacílio participou do debate com seu então adversário Adilson Mira, sem levantar qualquer objeção.
Essa aparente incoerência tem suscitado especulações sobre se Otacílio estaria tentando evitar um confronto direto com seu adversário. Após a repercussão negativa, o ex-prefeito divulgou vídeos em suas redes sociais e falou em seu programa eleitoral, desafiando Diego para um debate nos seus próprios termos, sem assessores, “homem a homem”, comparando a situação praticamente a um duelo medieval.
Além disso, a insinuação de que os organizadores estariam favorecendo o atual prefeito gerou desconforto. Em um de seus vídeos, Otacílio sugeriu que "queriam esconder o prefeito atrás de seus assessores", sem citar nomes, levantando questionamentos sobre a transparência do processo.
Em nota, a OAB de Santa Cruz reafirmou seu compromisso com a imparcialidade e lamentou as insinuações. "Nossa única intenção era proporcionar à população uma oportunidade de acompanhar um debate honesto e transparente. A regra dos assessores foi adotada para garantir que ambos os candidatos pudessem ter suporte técnico sem interferir diretamente nas respostas durante o debate. Lamentamos o ocorrido", afirmou Daniel Piccinin Pegorer, presidente da OAB local.
Outros debates organizados na cidade, em anos anteriores, seguiram regras semelhantes. Tanto nas eleições de 2016 quanto em outros eventos realizados por veículos como o portal Achei Santa Cruz, a Faculdade de Administração de Santa Cruz (FASC) e até pela Igreja Católica, a presença de assessores nos intervalos sempre foi permitida, com restrições ao uso de aparelhos eletrônicos, para garantir equidade entre os candidatos.
O fato de Otacílio ter aceitado a mesma regra em 2016, quando ainda era prefeito, e agora rejeitá-la em 2024, gera um contraste evidente em sua postura.
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