Antônio Mauro Ferreira, conhecido como Toninho Tapeceiro, é uma figura emblemática em Santa Cruz do Rio Pardo. Com 81 anos de vida a serem completados no próximo dia 20, e 55 anos de casamento com Dona Maria Rosa, Toninho carrega mais de seis décadas de experiência na arte da tapeçaria, tornando-se referência na cidade. Porém, poucos sabem que ele quase trocou a tapeçaria pela contabilidade e pelo Direito.
Nascido no bairro rural da Água da Divisa, Toninho cresceu entre seis irmãos, trabalhando na roça desde cedo. Aos 13 anos, ele deixou a vida no campo para buscar um emprego na cidade, começando na oficina de Gastão Cid, um dos pioneiros em tapeçaria em Santa Cruz do Rio Pardo. "Comecei como aprendiz e fui me aperfeiçoando," relembra.
Entre 1956 e 1968, Toninho trabalhou na tapeçaria de Gastão, acumulando experiência até se tornar profissional na Móveis Goulart, onde trabalhou até 1972. Nesse ano, ele deu um passo importante: abriu sua própria oficina, a Tapeçaria Santo Antônio, na Avenida Coronel Clementino. Em 1973, mudou-se para a Rua Major Gabriel Botelho, onde está até hoje.
Sua oficina tornou-se um ponto de referência, especialmente pela produção de sofás-camas personalizados para caminhões Mercedes, algo que ele começou a fazer nos anos 70. "Os caminhões não vinham com sofás-camas, então comecei a fabricar, trocando os bancos duros por estofados mais confortáveis," conta Toninho.
Ao longo dos anos, Toninho adaptou-se às mudanças do mercado, mantendo clientes fieis, incluindo nomes ilustres como Carlos Queiroz, José Carlos Camarinha, Ciro Carminha, Lúcio Casanova, Ângelo Aloe, Bijú, entre outros. "Sempre fiz questão de atender bem, e esses clientes valorizaram o meu trabalho," diz ele.
Além da tapeçaria, Toninho buscou outras áreas. Formou-se em contabilidade e chegou a cursar Direito em Bauru até o terceiro ano, mas teve que trancar o curso por questões financeiras. "Estava meio cansado da tapeçaria e fui para São Paulo em busca de um emprego na área de contabilidade, mas acabei voltando para minha cidade e continuei na tapeçaria," revela.
Toninho também trabalhou por quase 30 anos como comissário de menores, cargo que antecedeu a criação do Conselho Tutelar.
Hoje, Toninho ainda atua em sua oficina, dedicando-se principalmente à restauração de móveis antigos e estofados personalizados. Sua história é um exemplo de dedicação e perseverança, mantendo viva a tradição da tapeçaria em Santa Cruz do Rio Pardo.
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