No último domingo, o país assistiu, assustado, à pior cena de debate político das últimas décadas: José Luiz Datena (PSDB), candidato à Prefeitura de São Paulo, desferiu um duro golpe no seu adversário e na democracia. A vítima: Pablo Marçal (PRTB), empresário e ex-coach, o candidato mais ousado (não é um elogio) da disputa e que transformou a política conforme a conhecemos com suas provocações, deboches e ataques baixos.
A cadeirada desferida por Datena em Marçal é injustificada e não pode ser igualada ao nível rastaquera das agressões verbais do ex-coach. Uma agressão física é inconcebível e jamais pode ser praticada pelo candidato. Por outro lado, o comportamento sem lhaneza do ex-coach rebaixou a disputa eleitoral no município de São Paulo e, infelizmente, poderá autorizar que outros pretendentes a mandatos eletivos emulem a sua performance nos pleitos futuros, o que será um desastre.
As eleições irão embora daqui a duas semanas, mas o gesto ficará. A cadeirada será o carimbo desta disputa e mais um debacle da política(gem).
Mas também são cadeiradas na democracia: o discurso de ódio, a política do “amigo-inimigo”, o preconceito e as fake news (dentre outros).
Cada uma destas práticas significa um passo a mais em direção ao abismo para o qual o Brasil já está a caminho.
Os eleitores, espectadores passivos desta política medíocre, ficam perplexos e sem opções, pois os partidos políticos viraram feudos onde só entra quem paga um ingresso muito caro.
E o que o dito evento tem relação com Santa Cruz do Rio Pardo?
Tudo. Santa Cruz tem sofrido com a política agressiva e diabólica há anos. Política do mal mesmo.
A imprensa foi atacada, houve perseguição de servidores, apadrinhados foram recrutados em detrimento de profissionais competentes, apaniguado tentou agredir vereador e colega de trabalho, teve fuga de debate, fake News, enfim, houve de quase tudo por aí. Só faltou a cadeirada.
Tudo isto é fruto do comportamento irascível de certos políticos, avessos à boa política e à acomodação de ideias por meio do debate.
A cadeirada na política não se dá apenas pelo ato físico e covarde, mas toda vez em que um político renuncia à civilidade para usar ferramentas antidemocráticas de convencimento e engambelação.
A cadeirada de Datena foi um golpe não apenas no adversário, mas, também, na democracia. Os eleitores devem ficar atentos para outras “cadeiradas” na política. Chega de palhaços sem graça para animar a plateia que paga lhes paga o salário.
*Coluna publicada da edição impressa do dia 21 de setembro de 2024
*A opnião dos nossos colunistas não reflete, necessariamente, a opnião do jornal página d.
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