O legado de bons gestores sempre será lembrado pelo que fizeram. E não por quanto tempo permaneceram no poder. A bem da verdade, a longa presença de uma única família nos anais dos Poderes nunca dá certo.
Otacílio, o médico que virou prefeito depois de duas derrotas nas urnas em 2004 e 2008, assumiu terra arrasada em 2013.
Os péssimos oito anos de Adilson Mira à frente da prefeitura de Santa Cruz, somado ao primeiro biênio de Maura quando quem dava as cartas era Mira, abriu caminho para que o doutor entrasse para a história.
Fez dois bons mandatos, é verdade, apesar dos problemas do segundo - leia-se a descoberta do caso Sueli Feitosa, o cartel do lixo, funcionários e assessores fantasmas, entre outros.
Otacílio agora quer voltar à prefeitura. É válido, plenamente válido. Mais do que isso, porém, quer perpetuar o nome Assis no poder. Lançou o filho Mauro a vereador e até a nora, Laura, decidiu se candidatar à Câmara.
Não há ilegalidade alguma nisso. Mas o cálculo não deixa de ser arriscado. A perpetuação no poder afeta a política de qualquer lugar. Sobretudo de Santa Cruz, cidade efervescente e economicamente pujante.
Em Agudos, a família Octaviani elegeu pai, filho e até sobrinho à prefeitura. Passados os anos, o primeiro deixou de ser visto como herói e, com o surgimento de outras lideranças, se tornou vilão para parte da população.
Recentemente, para se ter ideia, um homem armado teria invadido o comitê de campanha da oposição naquele município. É a tal ascensão e queda: criar uma dinastia demora - vê-la desparecer abre margem a situações estapafúrdias como essa. Ninguém quer perder poder, afinal, mesmo que só esteja no pedestal por alguém que nem mais dá as cartas faz tempo.
*Coluna publicada da edição impressa do dia 28 de setembro de 2024
*A opnião dos nossos colunistas não reflete, necessariamente, a opnião do jornal página d.
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