A rotina da Mercearia Lorenzetti, no Bosque Lorenzetti, em Santa Cruz do Rio Pardo, foi interrompida após o apagão elétrico ocorrido no último dia 20, que danificou equipamentos essenciais para o funcionamento do estabelecimento. Ventos fortes atingiram torres de energia deixando várias cidades da região no escuro. Agora, alguns comerciantes enfrentam dificuldades com a burocracia para serem ressarcidos pelo prejuízo.
Cristina Santana da Costa, funcionária da mercearia, detalha como percebeu o problema no freezer, fundamental para o armazenamento de produtos perecíveis.
“Eu percebi que estava saindo água do freezer e logo vi que ele tinha parado. O gelo começou a derreter, e a luz parecia que estava clareando e piscando antes da energia cair de vez. Quando voltou, já era tarde demais”, relata Cristina.
A situação foi ainda mais complicada para a proprietária do comércio, Kalina Rodrigues da Silva, que rapidamente precisou providenciar o conserto do aparelho danificado, mas esbarrou em um processo burocrático exigido pela CPFL para obter ressarcimento. Segundo Kalina, a empresa fornecedora de energia solicitou que ela fizesse orçamentos antes de realizar qualquer reparo, além de exigirem a nota fiscal dos aparelhos.
“Como posso ficar sem arrumar um equipamento que preciso para trabalhar? No dia seguinte, já chamei o técnico para consertar, porque não tinha outro jeito. Tenho doces, leites e outros produtos que dependem desse balcão refrigerado”, explica Kalina, indignada. “Ainda assim, fiz o que pediram: consegui um orçamento e estou tentando providenciar o outro, mas não tenho muita esperança no ressarcimento. O processo é muito demorado e complicado”, conta.
A orientação da CPFL é que a análise pode levar até 15 dias para que um técnico seja enviado ao local, o que, para Kalina, é inviável. “Como vou ficar 15 dias com o balcão estragado? Perco meu estoque! Isso sem contar que pedem até nota fiscal de equipamentos antigos, algo que muitos pequenos comerciantes nem sempre têm guardado”, desabafa. “A gente já está em um momento difícil, e ainda tem que enfrentar uma burocracia sem sentido”, desabafou.
Além do caso da mercearia, outros comerciantes e moradores da região já relataram prejuízos semelhantes, mas muitos desistem de buscar o ressarcimento devido à complexidade do processo. “Muita gente perde aparelhos, televisores, e nem tenta, porque o processo é muito complicado e exigente”, comenta Kalina.
Ventania e mais apagões
Os apagões relatados pela proprietária ocorreram após uma forte ventania que atingiu a região com rajadas de vento que ultrapassaram 80 km/h, de acordo com a Defesa Civil. A queda de galhos e a interrupção da energia elétrica foram registradas em diversas cidades, incluindo Ourinhos, Assis e Tupã.
Em Santa Cruz do Rio Pardo, o fornecimento de energia foi afetado por várias horas. No fim da noite da última quinta-feira, 26, um novo apagão ocorreu, embora desta vez o serviço tenha sido restabelecido mais rapidamente. Porém, a falta de estabilidade no fornecimento tem gerado insegurança entre os comerciantes.
Direitos do consumidor
De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), todo cliente tem o direito de ser ressarcido por prejuízos causados pela interrupção de serviços essenciais, como a energia elétrica, especialmente se a queda de energia resultar em danos a equipamentos. No entanto, o processo para obter esse ressarcimento muitas vezes se revela burocrático, exigindo documentações e perícias que podem prolongar a resolução.
A CPFL, concessionária responsável pelo fornecimento de energia na região, foi contatada pela reportagem, mas até o fechamento desta edição não forneceu uma resposta sobre o caso da mercearia Lorenzetti e outros relatos de comerciantes.
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