Com os cassinos, jogos de azar e apostas esportivas na palma das mãos, através dos celulares, ficou mais fácil jogar e é crescente o número de pessoas adeptas da prática. Dados recentes (Instituto Dão PauloataSenado, em 01/10/2024) mostram que 13% dos brasileiros – o equivalente a 22,1 milhões de pessoas, participaram de apostas esportivas somente no último mês de setembro. Destes, 52% têm renda familiar de até 2 salários-mínimos – dado que valida a preocupação existente sobre o superendividamento e o comprometimento da renda livre de famílias de baixa renda.
Torna ainda mais alarmante neste cenário a informação do Banco Central, veiculada há algumas semanas, de que 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões a empresas de Bets apenas no mês de agosto. Dinheiro que deveria estar suprindo demandas básicas em alimentação e saúde, por exemplo, e que escorre pelos ralos na tentativa de mudança de vida repentina. Tentativa compreensível, pela situação de vulnerabilidade, mas totalmente improvável e desaconselhável.
A palavra jogo tem origem no latim "jocus", e significa brincadeira e divertimento.
Jogar, pois, é e sempre será uma brincadeira sadia e divertida, recomendável e positiva – se, e somente quando, jogar estiver sob controle.
A brincadeira vira coisa séria quando o jogo nos domina e se torna um transtorno de hábitos e impulsos que se caracteriza como “Jogo Patológico”. Sim, uma doença listada desde 1980 no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), produzido pela
Associação Americana de Psiquiatria, e que tem ganhado notoriedade nos últimos anos pelo avanço significativo no número de casos diagnosticados.
Jogo Patológico consiste em frequentes e repetidos episódios de jogo, que dominam a vida do indivíduo em detrimento de valores e compromissos sociais, ocupacionais, materiais e familiares. O aspecto essencial do transtorno é jogar persistente e repetidamente, com periodicidade aumentada a despeito de consequências sociais adversas.
Este mal, como descrito acima, é uma realidade estabelecida em nosso cotidiano. Apesar do governo estar se movimentando em busca de critérios mais rigorosos para regulamentar as apostas, como taxações e restrições em publicidade, cabe a nós, com o discernimento em dia, sensibilizar e instruir os mais susceptíveis - em especial os mais jovens e as famílias de baixa renda, quanto aos perigos da prática e os limites a serem respeitados.
Não dê sorte ao azar!
* A opnião dos nossos colunistas não reflete, necessariamente, a opnião do jornal página d.
* Coluna publicada da edição impressa do dia 04 de outubro de 2024.
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