Atualmente, o Chile é o país do qual o Brasil mais importa vinhos. Basta olhar a gôndola de um supermercado para constatar a grande quantidade e variedade de vinhos chilenos, superando em muito os argentinos, portugueses ou italianos. Mas, quando se fala em vinho chileno, a maioria dos consumidores lembra-se da uva Carménère e do Valle Central. Todavia, o Chile tem muito mais a oferecer. Quero apresentar o Vale do Limarí, uma região onde o turista brasileiro raramente se aventura, localizada a 400 km ao norte de Santiago.
Para entendermos a qualidade dos vinhos chilenos, principalmente os do Vale do Limarí, é fundamental ter em mente a geografia do Chile. Do Norte ao Sul, o Chile se estende por 4.270 km, enquanto sua largura, de Leste a Oeste, é de apenas 177 km. Essa estreita faixa de terra, espremida entre o Oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes, confere ao Chile características geográficas únicas que influenciam diretamente o clima e os solos das regiões vinícolas.
O vale do Limarí possui um clima semidesértico, ou seja, recebe pouquíssima chuva, sendo a irrigação por gotejamento essencial. A viticultura nessa região quente só é possível graças à corrente marinha de Humboldt, que se origina na Antártida e se desloca ao longo da costa chilena. Essa corrente fria proporciona brisas marítimas que refrescam os vinhedos, mitigando os efeitos do calor intenso.
Toda a região recebe uma boa intensidade solar, o que colabora para a maturação das uvas. Todavia, temperaturas mais elevadas podem acelerar demais esse processo, comprometendo a qualidade dos frutos. As brisas marítimas que sopram no final da tarde e à noite ajudam a moderar as temperaturas, permitindo uma maturação mais lenta e gradual das uvas. Essa maturação mais lenta contribui para a preservação dos aromas, sabores e da acidez, conferindo aos vinhos frescor e complexidade.
Uma das castas que se adaptou excepcionalmente bem ao Vale do Limarí é a Chardonnay. Essa adaptação não é fruto do acaso, mas resultado do clima e das características únicas do solo local. Muitas regiões do Vale do Limarí apresentam solos calcários, semelhantes aos encontrados nas melhores regiões produtoras de Chardonnay do mundo, como a Borgonha, na França. A Côte de Beaune, em especial, é famosa por seus vinhos de Chardonnay Grand Cru, como Corton, Meursault, Puligny-Montrachet e Chassagne-Montrachet. Ao norte da Borgonha, em Chablis, as videiras são cultivadas em solos jurássicos ricos em fósseis marinhos, ou seja, com alta concentração de calcário. A Chardonnay também é a principal uva branca do Champagne e a subregião de Côte des Blancs, com seus solos ricos em giz, produz o melhor Chardonnay de toda a Apelação Champagne.
Gostaria de provar um vinho do Vale do Limarí? Recomendo o Tabali Pedregoso Gran Reserva Chardonnay. Este vinho oferece aromas minerais, notas cítricas e tropicais, e um paladar fresco e mineral, com acidez agradável e um toque salino. É um acompanhamento perfeito para frutos do mar, peixes, saladas e queijos moles como brie, camembert e queijo de cabra. A acidez do vinho corta a cremosidade dos queijos, enquanto os aromas minerais e cítricos complementam os sabores ricos desses alimentos. Sirva entre 6°C e 8°C e surpreenda-se! Você pode encontrá-lo na plataforma Grande Adega, com um preço promocional. No meu canal no Youtube você encontra um vídeo onde apresento o Vale do Limarí com mais detalhes e faço a degustação de um Chardonnay. Assista abaixo.
Saúde!
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