Os anos no Debate não representam apenas o período em que aprendi mais sobre jornalismo do que qualquer faculdade poderia ensinar. Foram também os melhores anos que pude passar ao lado de meu pai, Sérgio Fleury Moraes, que completaria 65 anos nesta sexta (25).
Tinha horários malucos pela rotina da qual meu pai nunca se livrou: varávamos madrugadas, trabalhávamos muito. Havia dias, como a quinta-feira que antecedia o fechamento de sexta, que a nós dois começava pela manhã e só terminava no dia seguinte.
Quando fizemos mudanças no site do jornal passamos a ter ainda mais sobrecarga. Terminada a edição, na madrugada de sexta para sábado, subíamos na internet tudo aquilo que estava no jornal. Numa paulada só.
O cansaço vinha e voltava, mas a adrenalina do deadline — últimos momentos para fechar a edição — maquiava o problema. A nós restava ouvir música na redação, contar piada, sorrir.
Foi numa dessas ocasiões que surgiu a coluna Deboche, editoria de humor do Debate inédita em toda a região.
Era sábado de manhãzinha e meu pai me deixava em casa após longas horas no jornal. Começamos a supor: e se tivéssemos algo semelhante ao Sensacionalista?
Pensamos em alguns títulos e até nos engasgamos de tanto rir. “Poderíamos brincar com o nome Debate”, disse. Ele comprou a ideia. No dia seguinte, sábado, fomos nós dois ao jornal para começar a projetar a ideia. Na semana seguinte a editoria já estava no ar — com muito sucesso.
Passado o surgimento da coluna naquele sábado, demos boa noite, nos abraçamos e dissemos “te amo” um ao outro. Só então nos despedimos.
A Deboche, como outras grandes sacadas do Debate, foi nem um pouco planejada. Surgiu assim, espontaneamente, talvez pela grande conexão que tínhamos.
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