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O macabro Crime da Mãozinha, uma história de vingança e impunidade

O horrendo assassinato de uma criança revela o jogo de poder e corrupção que marcava a justiça da época

31/10/2024 às 17h50 Atualizada em 31/10/2024 às 18h13
Por: Diego Singolani
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Arte ilustrativa
Arte ilustrativa

No final do século XIX, Santa Cruz do Rio Pardo foi palco de um crime tão grotesco que ressoa até os dias de hoje na memória de quem estuda a história da cidade: o "Crime da Mãozinha". Este caso, que envolveu a morte brutal de uma criança, não apenas chocou a população, mas também expôs as contradições do sistema judicial da época, subserviente ao poder econômico e influência política.

O crime aconteceu em 1893, quando Marianna Amélia Freitas Pinto Mello, uma rica fazendeira, descobriu a traição de seu marido, José Gonçalves da Silva. O relacionamento extraconjugal com Pureza, uma jovem afrodescendente, resultou no nascimento de uma criança, despertando a ira de Marianna. Impulsiva e movida por um desejo de vingança, ela contratou assassinos para eliminar tanto a amante quanto o filho.

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Após a execução, os assassinos entregaram a Mariana não apenas a mão da criança, mas também seu coração, que foram macabramente pregados na parede do quarto onde ela dormia com o marido. Essa ação chocante simbolizava uma obsessão doentia e uma tentativa de controle absoluto sobre a vida de José.

Valdomiro Silveira, o promotor responsável pelo caso, apresenta-se como um defensor da justiça, mas suas ações até hoje suscitam debates entre pesquisadores. Enquanto alguns relatos o descrevem como impetuoso e firme em sua acusação, outros indicam uma trajetória marcada pela hesitação e eventual desilusão. Após enfrentar a mandante e recusar subornos, Valdomiro acabou se afastando da comarca, alegando motivos pessoais. Essa saída é vista por muitos como um sinal de fraqueza, levantando questões sobre sua real coragem e integridade.

Os biógrafos de Valdomiro enfatizam sua postura firme durante o julgamento, mas as evidências de sua eventual exoneração e a absolvição da mandante lançam dúvidas sobre sua eficácia e resistência diante da corrupção. 

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Poder 

Marianna Amélia não era apenas uma fazendeira influente; ela era descendente de famílias ricas e poderosas e, entre seus filhos ilustres, está o coronel Francisco Clementino Gonçalves, mais conhecido como Coronel Clementino Gonçalves, figura proeminente em Santa Cruz, cujo nome é homenageado em uma das principais avenidas da cidade. A conexão familiar de Marianna com figuras de autoridade e influência político-social lhe conferia um poder que, em última análise, parece ter garantido sua impunidade. Ela foi inocentada pelo júri.

Porém, após o crime, Marianna caiu em um ciclo de alcoolismo e desespero, o que talvez evidencie a fragilidade de sua psique após o ato horrendo que cometeu. A tragédia da criança e a brutalidade do crime a levaram a um fim trágico; ela morreu em um incêndio acidental, causado por um lampião que tombou enquanto dormia.

Um detalhe importante no enredo do "Crime da Mãozinha" é o destino de Pureza, a mãe da criança. Diferentemente do que se poderia imaginar, ela sobreviveu ao crime, escapando da morte. Foi poupada, tendo que conviver com a perda dilacerante do filho. 

Esta reportagem foi baseada no acervo dos memorialistas Celso e Junko Celso Prado que pode ser acessada através do site.

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