Para os apreciadores de Malbec, o nome Catena Zapata sempre chama a atenção e está associado a vinhos de qualidade. Creio que o vinho desta bodega argentina de maior sucesso no Brasil é o DV Catena. Mas, gostaria de tratar de outro, o Catena Malbec, conhecido como “Cateninha”, que recebeu este carinhoso diminutivo por ser um dos rótulos de entrada da vinícola e está abaixo do DV Catena.
O Cateninha é uma versão mais despretensiosa, mas com personalidade, da Catena Zapata. Ele é leve, fácil de beber e com uma pegada descontraída. Mas não se engane, ele é de boa qualidade. Basta dizer que a Wine Spectator, que é uma das publicações sobre vinhos mais respeitadas do mundo, colocou o Cateninha, mais de uma vez, no rol dos “100 Melhores Vinhos do Mundo”, nas safras 2002, 2007 e 2009.
Vamos entender o porquê este vinho de entrada é classificado por apreciadores como muito bom. Há uma grande intensidade solar que permite a maturação plena da Malbec, mas o clima em Mendoza é quase desértico, chove muito pouco, em torno de 200 mm por ano. Basta comparar: no Deserto de Gobi chove entre 150 a 200 mm por ano. Por isso a irrigação é permitida e é realizada através de rios que surgem do degelo da Cordilheira dos Andes.
No entanto, nos vinhedos mais baixos, em torno de 500 metros de altitude, a acidez, responsável por conferir a sensação de frescor, quase sempre fica comprometida, e por isso, o vinho pode se tornar mais pesado e até enjoativo. A solução foi plantar vinhedos em maior altitude, onde as temperaturas noturnas são menores, de maneira que o resfriamento da videira interrompe o processo de maturação e exige mais dias de sol, o que colabora para a manutenção da acidez, dos aromas e sabores da Malbec.
É por este motivo que o Cateninha vem de três vinhedos situados em Mendoza, de altitudes distintas, que retratam a evolução histórica de qualidade do Malbec, onde as vinhas foram subindo a montanha, ganhando altitude e qualidade. O primeiro vinhedo é o Angélica, que está localizado a 920 metros de altitude, no distrito de Lunlunta, dentro da região vitivinícola do Maipú e Angélica agrega notas de especiarias: pimenta negra.
O segundo é o “La Pirámide”, que está localizado a 950 metros de altitude, no distrito de Agrelo, na região vitivinícola de Luján de Cuyo. O vinhedo recebe este nome porque está no entorno da sede da Catena Zapata que foi construída com o formato de pirâmide asteca. É aqui onde acontecem as visitas a esta bodega famosa. “La Pirámide” agrega notas de cereja negra e estrutura.
O terceiro é o Altamira, o de maior altitude, está a 1.160 metros, e situa-se na área de Altamira, em La Consulta, no Vale de Uco. Este vinhedo é o responsável por entregar nota de violeta e conferir elegância ao vinho. Esta nota floral somente é encontrada no Malbec de Mendoza plantado em altitude.
O rendimento dos vinhedos é controlado para reduzir a produção das videiras e, com isso, garantir um vinho mais concentrado. O vinho matura por 6 a 8 meses em barricas de primeiro, segundo e terceiro uso, sendo que a seleção das barricas varia dependendo do vinhedo e da safra.
Enfim, é um vinho com notas marcantes de ameixas maduras, cassis, cerejas negras, violeta, uma sutil presença de especiarias, com uma gostosa acidez e taninos muito macios. O final é agradável e com boa duração.
Saiba um pouco mais sobre o Cateninha. Acompanhe a degustação que fiz em meu canal no Youtube, assista:
Mín. 15° Máx. 30°