Se você for analisar as ondas da moda na política brasileira, poderá ver que os movimentos políticos têm muito de oportunismo e pouco de ideologia. Lideranças municipais ajustam-se ao que seja o governo ou a maioria dos sentimentos da população. Vencidos os que estavam no poder em 1964, pelos militares que os depuseram, muitos dos que estavam com os depostos imediatamente passaram para o lado dos golpistas e extintos os partidos políticos de então, criada a ARENA, que era o partido de apoio ao governo, as lideranças municipais se acomodaram neste partido. Depois com a grande vitória do MDB, sigla que não era de esquerda, em 1974, esses líderes bandearam-se para este partido. Depois foi a vez de todos migrarem para o PT e atualmente, a moda é ser direita.
Seria então este fenômeno, a morte da esquerda? Esta é a pergunta indagada por analistas políticos do momento. Mas a resposta não pode ser precipitada. Ser esquerda ou direita, no geral do Brasil, é muito uma questão de se postar bem em face de tendências de poder. Os barcos das preferências, oscilam conforme for o movimento das ondas.
Mas há um segmento pensante na sociedade brasileira, que se vincula ao que seja mesmo esquerda, saudosos da Cuba de Fidel e alinhados a um fake news, que seja a União Soviética ou a China, de XI, mesmo que estas sejam expressão de um capitalismo sem ética, que de esquerda nada tem; sendo mesmo qualificados por nostálgicos.
Nesta posição, pode se colocar, por exemplo, Lula e Boulos. Estes não conseguiram se camuflar ante a massa das preferências, para furar a onda de direita que empurra o Brasil e suas posições estão desalinhadas do que queira mesmo a maioria dos brasileiros, um país voltado para o bem-estar social e vinculado a padrões éticos da cultura de origem europeia e não necessariamente socialista ou diria mesmo trabalhista.
A renda universal e o empreendedorismo afastam a grande parte dos brasileiros, de um pensamento de esquerda e grupos religiosos, os evangélicos, cujas lideranças são políticas e religiosas, conduzem a massa de fiéis à distância de doutrinas de esquerda.
Exceção feita a este contexto, votos em branco, nulos e omissões, superam votações de direita ou de esquerda e trazem possivelmente sentimentos de descrença e desesperança no blábláblá esquerdista, que não cativa a maioria dos brasileiros, que se afastam do voto como critério de eleição política, pelo desvio das candidaturas, de um objetivo e programas, que mais são de seus desejos pessoais de evolução econômica e social, que daqueles que possam ser de interesses maiores e cívicos socais, do eleitorado, ou seja a eleição como via para o bom governo distantemente da corrupção. Tem interesses maiores e cívicos sociais.
É inequívoco que a esquerda perdeu as eleições municipais e os exemplos mais claros, estão em São Paulo e Porto Alegre, em que o programa de esquerda, dos candidatos Boulos e Maria do Rosário, resgataram apenas 40% dos votos válidos, enquanto os 60% ficaram com candidatos expressão da pequena burguesia, pessoas de uma classe média suburbana, como Nunes e Sebastião Mello. O primeiro, ainda com um vice, que coronel da PM, comandara a ROTA e outro, com outro vice, que é coronel mulher do Exército. Voltamos, talvez, a um passado não lulista, em que a esquerda ainda não tinha perdido a virgindade no rolo da corrupção. Ou ainda não convencia, como não convence ainda, a proposta de Boulos, mudança social, na mão e na marra, muito distante da paz e amor, que lhe faltaram a mostrar e convencer os eleitores do que ele não é.
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