O recente depoimento da servidora Márcia Gaspar, da prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo, revela que os problemas em torno do ProBem vão muito além do que se suspeitava.
A absoluta ausência de controle em torno dos valores a serem pagos a clínicas veterinárias é um prato cheio entregue à porta do Ministério Público pronto para ser devorado no âmbito de uma investigação.
Não é muito difícil relacionar esse caso ao icônico Escândalo da Linguiça, que envolveu injeção irregular de dinheiro na Esportiva Santacruzense. A prefeitura aportou milhares de reais no time mesmo que nada disso pudesse ser feito. Usaram um falso pretexto – a categoria de base – para justificar os repasses.
Eis que um vereador pediu a prestação de contas e percebeu um malabarismo curioso: o governo Adilson Mira usou notas fraudulentas para dar ares de legalidade ao programa.
Bastou ao parlamentar e à imprensa – leia-se Sérgio Fleury Moraes ou o Debate – saber ler para notar que a descrição de algumas das notas continha toneladas de linguiça, coisa que nem a mais lotada das churrascarias deve comprar para o almoço de domingo. Era fraude.
O episódio do ProBem trilha caminho semelhante. A dita auditoria que o governo Diego Singolani (PSD) diz ter aberto só veio a calhar em 30 de outubro – data posterior inclusive à abertura da CPI na Câmara.
É um acinte à população de Santa Cruz imaginar que o governo municipal distribuiu dinheiro a torto e a direito a clínicas que simplesmente entregavam uma nota fiscal – a única comprovação do serviço estava na descrição do documento; nada mais.
Não entro no mérito de eventual interferência política no programa. O programa, afinal, nasceu político e assim sempre será: não existe essa ladainha de tecnicidade que alguns tentam emplacar.
O que queremos saber, porém, é quanto foi gasto sem a menor fiscalização. Quem mandou dinheiro para quem e para quem aquele que recebeu destinou valores. Por isso mesmo é que não será surpresa uma eventual quebra de sigilo bancário dos beneficiários do ProBem ou mesmo seus gestores.
Como disse neste mesmo página d quando da abertura da CPI, exigir transparência, lisura e isonomia nos procedimentos nunca é de mais. Que a comissão na Câmara avance nas investigações e puna, se necessário for, os responsáveis por irregularidades.
* A opnião dos nossos colunistas não reflete, necessariamente, a opnião do página d.
Mín. 15° Máx. 30°