Recentemente alcancei a marca de 100 palestras realizadas.
Na última década - dedicada à sustentabilidade, seja para centenas de executivos ou para pequenos grupos escolares, abordei temas dos mais variados e estive em diversos municípios de nosso país.
Dito isso, você, caro leitor, pode pensar que eu adoro palestrar. Nada mais distante da realidade. Estar diante do público, para mim, é uma atividade desgastante. A cada convite que recebo, logo após a alegria de realizá-lo, já começa o processo angustiante de chegada do próximo.
Mas afinal, por que faço tanto - e com total afinco, aquilo que não gosto?
Por propósito, não por amor. Comunico para expor minhas ideias, para difundir a sustentabilidade, a busca por prosperidade e perenidade dos negócios, a importância das relações humanizadas, sobre harmonia e equilíbrio, sobre o sentido da vida. Esses sim, temas pelos quais (agora sim) sou apaixonado. Comunico porque é satisfatório e motivo de grande alegria quando recebo devolutivas de que aquilo que compartilhei, de alguma forma e medida, contribuiu com o momento ou a trajetória de alguém.
Atualmente, existe uma ideologia muito forte, especialmente entre as gerações mais recentes, de que devemos amar nosso trabalho e encontrar prazer nas tarefas que realizamos. Essa visão, embora inspiradora, pode ser complicada e até prejudicial se não for abordada com uma perspectiva equilibrada.
O hedonismo - filosofia ética que sustenta que o prazer ou a felicidade é o bem supremo e a principal motivação da vida humana, pode ser bastante traiçoeira por colocar enorme pressão para encontrar uma felicidade à frente da simples obrigação. Afinal de contas, é muito difícil imaginar um trabalho que, ao menos em alguns momentos, não cause dor ou infelicidade. Nem todos os aspectos de nosso emprego serão agradáveis ou inspiradores.
Minha sugestão aos trabalhadores: equilibrem as expectativas. Talvez boa parte da insatisfação e esgotamento esteja atrelada a lacunas entre o que se espera e a realidade.
Não distante, os empregadores têm importante responsabilidade sobre as expectativas criadas e aquilo que, de fato, pode ser sentido e vivido dentro do ambiente de trabalho. Certamente já ouviram ou leram que “100% dos clientes são pessoas. 100% dos funcionários são pessoas. Se você não entende de pessoas, não entende de negócios.” Essa frase, do autor britânico Simon Sinek, faz parte do conceito de liderança humanizada, que é a base da felicidade corporativa.
A felicidade corporativa não deve ser vista como um "luxo", mas como um elemento essencial para organizações que buscam prosperidade e longevidade. Investir no bem-estar dos colaboradores é investir no próprio futuro da empresa, criando um ciclo virtuoso que beneficia as partes envolvidas e a sociedade como um todo. Seu conceito vem ganhando destaque, refletindo a crescente valorização do bem-estar dos colaboradores como fator estratégico para o sucesso das organizações. Vai além de proporcionar benefícios pontuais, como bônus ou festas; ele está relacionado à criação de um ambiente justo, que promova satisfação, realização pessoal e equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Transparência, assim como valorização, autonomia e alinhamento de propósitos são comportamentos importantes à construção de relacionamentos e ambientes saudáveis e de uma cultura organizacional colaborativa e inclusiva – logo, positiva.
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