Na jornada da humanidade, o trabalho sempre representou mais do que uma forma de sustento. Ele é a expressão do ser criador, o meio pelo qual nos conectamos ao mundo e sentimos que pertencemos a ele. Já dizia o ditado “O trabalho dignifica o homem”. A capacidade de realizar, superar desafios e dificuldades, transformar ideias em realidade não é apenas uma necessidade econômica; é um alicerce psicológico e existencial.
Mas parece que esse pilar anda ameaçado. Muitas empresas, guiadas exclusivamente por números e metas de produtividade, têm deixado de lado a valorização do trabalhador como ser humano criativo. E, com a ascensão tecnológica, esse cenário pode se agravar. Como destacou Elon Musk em uma entrevista, o maior problema futuro quanto a evolução tecnológica não será apenas o aumento do desemprego causado pela automação - auxílios governamentais poderão suprir tais situações, mas o maior dano será o vazio existencial que pode surgir em uma sociedade onde a criação humana perde seu espaço.
Essa situação já é evidente hoje em muitos jovens que, ao terem tudo facilitado, acabam se perdendo em um mar de falta de propósito que traz muitas vezes vidas depressivas.
Em uma sociedade cada vez mais automatizada, será crucial encontrar maneiras de preservar a essência do trabalho como realização humana, incentivando práticas que valorizem a criatividade, a colaboração e o impacto social das ações individuais, que gerem a sensação de conquista.
Mais do que um meio de sobrevivência, o trabalho é um portal para o autoconhecimento, para a realização e reconhecimento. Quando somos privados disso, enfrentamos um vazio que nada mais pode preencher. A psique humana precisa da experiência de criar, de superar dificuldades e de sentir o gosto da concretização de algo que importe.
Mais do que nunca, precisamos rediscutir o papel do trabalho na construção de uma sociedade saudável para além do tempo de ócio criativo, descanso com vivências familiares, mas ainda para o bem da saúde emocional na realização.
Que caminhos podemos construir para garantir que a automação e a IA sejam ferramentas que libertem o potencial criativo e realizador humano, em vez de suprimirem sua essência? A urgência de respostas é cada vez maior. Não se trata apenas de pensar em como o homem será "útil" em um mundo dominado por máquinas, mas em como ele continuará a se sentir humano e parte ativa de um todo maior.
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