É claro que o tempo passa e a velhice chega. Mas não nos devemos nos atazanar a dizer tenho 7.2 anos ou 6.1 porque ser velho é digno e idade não deve ser escondida ainda que hajam todos os preconceitos porque estes os há, quando nós mesmos somos preconceituosos com ela a querermos não admitir o que seja a mesmo a vida.
Por vezes nossos próprios filhos, que mesmo assim, não nos tiram amor por eles, como muitos de nós podemos ter feito com nossos pais, são nos ousados em face de nossa velhice, o que nos dá alguma tristeza, embora não a devamos cultivar porque às vezes os velhos morrem de angústia, como sempre morremos, desde fosse o mundo, mundo e isto se dá pelo inafastável desajuste de gerações ou pela ilusão que têm os jovens em ser eternos.
Contudo, estas pequenas quizilas calam fundo em nossas almas e nos fazem recolher ao silêncio de nossos corações, nem sempre como defesa; entretanto muitas vezes, para preservar perdoados aqueles que não nos perdoam.
A tristeza não é boa companhia e contava minha sogra, brava sobrevivente de um câncer do tempo que ele não tinha cura, a história da Dircinha. Dircinha tinha feito um bolo, para saborear, contudo, deixou o quitute, na janela, choveu e a enxurrada levou o bolo. Dircinha chorou muito! Mas uma fada apareceu-lhe e a consolou, dizendo-lhe que tudo muda e nada simplesmente se desfaz, refazendo-se, mas que ela tivesse paciência que a tristeza não se faz para os que nunca se afastam de amar. Tudo um dia haveria de mudar.
Dito e feito, os periquitos, no dia seguinte, cantaram-lhe à janela, anunciando uma boa-nova e então, vieram a vaquinha a trazer o seu leite, a galinha a lhe trazer os ovos, o moleiro, a lhe emprestar o trigo e eles, passarinhos, a trazer para Dircinha, o açúcar a fazer-lhe o doce para o bom sabor do bolo; então, apareceu um pobre lenhador, a entregar para ela, a lenha para cozer o bolo e Dircinha daí refez o bolo e muito feliz o degustou.
Nossa mestra cozinheira (mas que nos atende em tudo em nossa casa), assim, a respeitamos muito, vendo-nos a ponderar que passaríamos os Natal, os dois, com a companhia, sem dúvida em nossos corações da Sagrada Família, nos atalhou, com muita simpatia e alegria, ênfase e emoção.
- Doutora! Venha passar o Natal, em minha casa, comigo e minha família, haverá os meus parentes e se a senhora cansar, poderá descansar em minha cama.
Uma trama entre mulheres? Não, um lance de profundo e real amor. Mas eu perguntei-lhe e eu?
- Ah! Claro, o senhor, também...
Este, o melhor presente de Natal: o amor!
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