O Brasil precisa descobrir quem, a partir de hoje, é o seu maior escritor vivo. Dalton Trevisan acaba de falecer na sua Curitiba, aos 99 anos de idade. Dalton foi esse nome, desde a morte de João Cabral de Melo Neto há 25 anos. E, se pensarmos em prosa apenas, talvez nosso maior escritor vivo desde a morte de Guimarães Rosa em 1967.
São dezenas de livros de contos e um único romance, Polaquinha. Também rendeu um único filme, A guerra conjugal, dirigido por Joaquim Pedro de Andrade; além de um dos episódios de Contos eróticos, em que Cláudio Cavalcante contracena com uma melancia.
Perfeccionista, passou a vida corrigindo sua obra. Mestre da narrativa curta, desconheço na literatura brasileira alguém que possa se aproximar dele na construção de diálogos. Dalton não dava entrevistas e nem se deixava fotografar. Não é por acaso que o seu livro mais conhecido seja O Vampiro de Curitiba, cujo personagem, na verdade, é um Don Juan meio cafona.
Para não posar aqui de crítico literário (que não sou), prefiro homenageá-lo listando apenas o nome de alguns de seus livros: Abismo de rosas, Arara bêbada, Capitu sou eu, Cemitério de elefantes, Chorinho brejeiro, Crimes de paixão, Desastres de amor, Essas malditas mulheres, A faca no coração, Guerra conjugal, Lincha tarado, Macho não ganha flor, O maníaco do olho verde, Meu querido assassino, Morte na praça, Pão e sangue, O pássaro de cinco asas, Pico na veia, O rei da terra, A trombeta do anjo vingador, Virgem louca loucos beijos...
*A opinião dos nossos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do página d.
Mín. 20° Máx. 33°