Diogo Cezar Sampaio, nascido em 1902 na localidade de Bonfim - BA, filho do professor estadual Braulio Cezar Sampaio - 2º matrimônio, e dona Laudelina de Azevedo Sampaio.
Ausente qualquer pretensão genealógica, os autores 'conhecem', dentre os filhos e filhas de Braulio Cesar Sampaio com Marianna Epiphania Sampaio – 1º matrimônio dele: Aphra, Augusto, Edméia e Felinto. Enviuvado, Braulio casou-se com Laudelina de Azevedo nascendo-lhes: Diógenes, Diogo, Elza, Esther, Evangelina, Jandyr, João e Pedro.
Diogo ainda jovem veio para o interior paulista, seguindo os passos do irmão médico Pedro Cezar Sampaio, em 1918 ainda residente em Chavantes, antes de transferir-se para Santa Cruz do Rio Pardo.
Quando criança, em 1910, Diogo vivenciou acontecimentos políticos em Matta de São João - BA, envolvendo o pai e o irmão Pedro, ambos mesários de seções eleitorais, que tiveram assinaturas falsificadas em duplicatas de atas:
— "Analysando as actas dessa escandalosa duplicata, veremos que em todas as quatro secções se acham falsificadamente inscriptos como votantes os proprios nomes dos mesarios que serviram nas mesas legaes, Braulio Cesar Sampaio, sob n. 4, que convem ser dito, é respeitavel pae do Dr. Felinto Sampaio, chefe politico alli; Augusto Baptista Lopes, sob n. 15; Agostinho Simões da Silva, sob n. 6; Luiz Felix de Oliveira Ramos, sob n. [não descrito]; Pedro Cesar Sampaio, sob n. [não descrito]; (...)." (Congresso Nacional, Annaes da Camara dos Deputados, Sessões de 3 a 14 de maio de 1915 – Volume III, 1916: 276 ... Sessão em 10/05/1915 - Cópia Digitalizada em Arquivos dos Autores - CD: A/A)).
Nas eleições de 1º de março de 1922, Arthur Bernardes elegeu-se presidente do Brasil, vitória contestada por oligarcas de outros estados e, também, as forças armadas representadas por oficiais identificados, genericamente, nos tenentes, personagens principais do exército ao lado dos listados na Marinha de Niterói, partícipes do Levante de Copacabana, de 05 de julho de 1922, e aqueles da 1ª Circunscrição Militar sediada em Mato Grosso - da época.
— "Houve em todo o Estado [de São Paulo] um frêmito doloroso de patriotismo duramente offendido, ficando todos promptos para a resistencia e, abnegadamente, se offereceram para a formação de batalhões patrióticos." (Washington Luis, Relatório do Governo - RG, U 1180, 1923: 143-150, em http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u1180/000001.html - CD: A/A).
Washington Luiz, revela a prontidão das tropas paulistas regulares, força pública, e o exército legalista, guarnecendo lugares estratégicos como as estradas de ferro e as divisas com os estados do Paraná e Mato Grosso - à época, para impedir invasões de unidades militares federais sublevadas.
Das lideranças regionais nas iniciativas de Batalhões Patrióticos, ou Caçadores Patriotas, destacou-se o Ataliba Leonel na região Paranapanema, a partir de Piraju até o Rio Paraná, e mais as regiões de Botucatu e Bauru, na formação do seu contingente, para a defesa da legalidade das eleições e combate aos invasoras, evitando entradas em solo paulista dado sob sua responsabilidade.
O Governo do Estado aceitou "o offerecimento do deputado Ataliba Leonel" (Relatório de Governo, op.cit, CD: A/A:
— "(...) criado para dar combate a grupos revolucionários, como de 1924. Tinha formação civil, mas com feições nitidamente militares, com rígida hierarquia, treinamentos intensivos, patentes, exclusões e premiações solenes. Cada batalhão recebe um nome, geralmente escolhido entre os políticos mais influentes, Ataliba Leonel, nesse tempo, era deputado federal influente, que geralmente cuida dos interesses de Botucatu e região." (Pupo -Trajano Carlos de Figueiredo, Botucatu de Antigamente - II, 2002: 84, obra disponibilizada em PDF http://www.historiadebotucatu.com.br/livros/botucatuAntigamente2.html, acesso 16/06/2012 - CD: A/A).
O auge das atividades dos Caçadores Patriotas, do Batalhão Ataliba Leonel, ocorreu na Revolução de 1924, quando Ataliba Leonel e seus legionários concentraram-se em Itapetininga, com outros dois batalhões presentes, para a formação da Coluna Sul, constando os santa-cruzenses, Leônidas do Amaral Vieira e o advogado Vasco de Andrade, ambos incorporados às "forças legaes que operaram contra os revoltos naquelle sector", e na região de Botucatu os concidadãos capitão [Emygdio] José da Piedade [Filho], o 2º tenente Diogo Cezar Sampaio, e o sargento Benedicto de Andrade.
Violentos combates foram registrados nas regiões de Itapetininga e Botucatu, nesta última, a presença da temível Coluna da Morte, sob o comando de João Cabanas, para garantir retaguarda dos rebeldes, destruindo a infraestrutura ferroviária para retardar o inimigo.
O semanário santa-cruzense, 'A Cidade' de 12 /08/1924, lembrou os fatos;
— "Em perseguição dos revoltosos, cuja incursão pelo ramal do Tibagy se dá desde o começo da semana passada [início de agosto], com paradas em Avaré, Chavantes e Ourinhos notadamente, onde estiveram entricheirados durante alguns dias (...)".
A 'Revolução Paulista' de 1924, teve a maior batalha já deflagrada dentro da capital paulista, arrastando-se por todo interior adjacente às linhas férreas.
Ataliba Leonel destacou-se pelos relevantes serviços prestados, ao lado dos legalistas, com concentração de sua tropa em Itapetininga, unindo-se aos batalhões de Washington Luis e Fernando Prestes, para a formação da Coluna Sul, vista pelos críticos como "forças irregulares, compostas de jagunços e peões capturados a laço." (UMES - União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo, http://umes.org.br/nossas-bandeiras/37-movimento-estudantil/nossas-bandeiras/pornoimpala.info - acessos diversos, CD: A/A).
Da história da Revolução de 1924, também, guardam-se as acusações do então deputado Arthur Caetano, que o Presidente do Estado, Carlos de Campos, se havia ausentado do Palácio por ser um timorato e que os batalhões patrióticos organizados em Itapetininga, sob o comando de Washington Luiz, Fernando Prestes e Ataliba Leonel, nada haviam feito senão cevarem-se nos cofres públicos (Diário do Congresso Nacional, 18/03/1982).
João Ayres de Camargo, em sua obra 'Patriotas Paulistas na Coluna Sul', 1925: 218, refere-se a combates travados e perseguições aos revoltosos até as barrancas do Rio Paraná.
Um dos grupos revolucionários, comandado por Orestes Corrêa de Castro, chegou a Santa Cruz do Rio Pardo, conforme o 'Relatório Geral da Polícia de São Paulo - Comissão de Inquérito', saqueou quatro contos de réis da Coletoria Federal, e, "compelliu o prefeito a entregar-lhe a importância de 20 contos de réis" (Policia Militar – Movimento Subversivo de Julho, 1ª edição 1925: 241 - CD: A/A), sendo o prefeito, em exercício, dr. Pedro Cesar Sampaio.
Após o Orestes já se sabia que João Cabanas passaria por Santa Cruz, feito acontecido, "requisitou 1:200$000 existentes na Agencia da Sorocabana", prendeu o cunhado do chefe da estação ferroviária pedindo mais dinheiro -que lhe foi entregue à noite em Ourinhos.
Cabanas relata em sua obra 'Coluna da Morte' que, ao deixar Santa Cruz do Rio Pardo com destino a Ourinhos, desconfiou de tocaia contra si no caminho, daí a determinar as prisões do promotor público, dr. Viriato Carneiro Lopes; do delegado de polícia, dr. Athos Ribeiro; e do prefeito em exercício, dr. Pedro Cesar Sampaio, ausente da cidade porém localizado na zona rural e, também, aprisionado, todos por algumas horas, até o Cabanas chegar ao destino, em segurança, desviando-se do caminho onde calharia o atentado.
— "Amedrontados me confessaram, que effectivamente haviam outros que não elles preparado uma emboscada no caminho, e que havia em Espirito Santo do Turvo uma força governista" (João Cabanas, Coluna da Morte).
No ano de 1927, conforme ordem do dia pelo capitão, depois coronel, Antonio Nogueira, "resolveu dispensar os valiosos serviços dos legionarios paulistas dos Batalhões "Fernando Prestes" e "Ataliba Leonel", solenidade em Botucatu.
— "(...). A Patria vos agradece. Coberto de bençans dos corações bem formados, retornareis aos vossos lares, depois de haverdes prestado ao paiz vossos serviços, óra nos destacamentos, vellando pelo socego publico e defendendo a familia paulista, óra no campo de batalha, oferecendo vosso generoso sangue em holocausto á Patria. (...)." (Correio Paulistano, 21/03/1927: 5).
Do Batalhão Ataliba Leonel:
— "Na hora mais crítica para a estabilidade do regimem, os officiaes e praças do batalhão ‘Ataliba Leonel’ não vacilaram em emprestar o seu esforço, em dar o seu sangue pela defesa da ordem e da Republica." (Dr. Bento Bueno - Secretário da Justiça e Segurança Pública do Governo do Estado de São Paulo, Botucatu, 1927 - (Correio Paulistano, op.cit) ... dentre eles, Diogo Cezar Sampaio.
Cada legionário retornou para o seu lar. Diogo, dono de fazenda em Chavantes, estabeleceu-se cafeicultor, além do exercício de Avaliador [forense], nomeado no ano de 1926, para a Comarca de Santa Cruz do Rio Pardo. Casado com a botucatuense Maria Alice Pinheiro Machado, data a confirmar de 08 de outubro de 1927, Diogo transferiu residência e domicílio para Botucatu e por lá faleceu, aos 02 de fevereiro de 1961, idade de 59 anos.
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Foto / imagem icônica – Luiz Carlos Prestes e ...
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