Ontem, 17 de janeiro, após falar com este valoroso Diego, se me permitiria escrever dois artigos para seu caderno, procurei em minhas estantes duas obras muito interessantes. Uma, “OS BATALHÕES PATRIÓTICOS”, creio de Ataliba Leonel ou sobre os batalhões por ele organizados, parece-me que escrito por ele próprio, quanto à sua participação na Revolução de 1924. Outra, “A COLUNA DA MORTE”, do Tenente Cabanas, este que andou por aí, em Santa Cruz do Rio Pardo. As duas relativas ao evento revolucionário de 1924. Bem historiado por Celso Prado e Junko Sato e publicado no página d, em 12 de janeiro, último. Não as encontrei e me frustrei muito.
É que ambas têm significado especial, para mim. Porque, no Governo Fleury, o hoje Regimento de Cavalaria da Polícia Militar, o Regimento Nove de Julho, completava cem anos. Então, o governador, que já foi um pouco santa-cruzense (seus pais e tias aí moraram e frequentavam a casa de meu avô, Doutor Sampaio, no Largo da Igreja), constituiu uma comissão para um livro sobre o aniversário desse Regimento. Fui um dos membros convidados a escrever, encarregado de biografar o General Miguel Costa, seu comandante. Enquanto ali dava cavalgadas orientadas pelo meu amigo, o Coronel Broto.
Este general (Miguel Costa) então major, em 1924, comandava o Tenente Cabanas, que servia no Regimento e foi o comandante da ocupação de São Paulo, pelas tropas revolucionárias e contrárias ao Governo Federal do Presidente Artur Bernardes e depois, abandonando-a, embora a tivesse sobre controle e fosse vitorioso, em sua revolta, por razões humanitárias, (a não penalizar a população pobre da Capital, em que se deram combates violentos e mesmo bombardeio aéreo) e em seguida, deixando-a, uniu-se a Luiz Carlos Prestes, mais tarde, o Cavaleiro da Esperança, em Catanduvas, no Paraná, salvando-o das tropas governistas do General Rondon e dando início à Coluna Miguel Costa-Prestes, que Jorge Amado, transformou em Coluna Prestes. A invasão de Santa Cruz por Cabanas e antes por outro oficial originário da revolta de 1924, começada no Regimento Nove de Julho, tem relação com tudo isto.
Menos os pobres de São Paulo, operários das fábricas da Mooca, do Brás e etc, que aqui ficaram e a classe média, os ricos, autoridades e o governador abandonaram São Paulo, para não cair nas mãos dos revoltosos, cautelosos alguns e temerosos outros, principalmente, em face do Tenente Cabanas, personagem polêmico, que formado pela academia do Barro Branco e graduado pelas Arcadas, na Revolução de 1924, fora um líder agressivo e tido por violento, senão ameaçador e que guiava sua Coluna com uma bandeira toda vermelha, tendo em seu centro uma caveira, com dois ossos de tíbia humana cruzados.
Sou apenas advogado e curioso da História, admirador dos historiadores, Prado e Sato, a quem peço desculpar meus equívocos, mas compartilhei a obra “A COLUNA DA MORTE” com Celso Prado e nela não sei se propriamente (ou em alguma pesquisa que fiz no Regimento), vi que Cabanas prendera as autoridades santa-cruzenses, em um imóvel onde está construída casa moderna, na Praça Leônidas Camarinha e dele saiu no automóvel de uma das autoridades presas, ao libertá-las, que não sei onde vira, seria do Prefeito de Santa Cruz, no caso, meu avô, Pedro Cezar Sampaio, um dos presos, que, porém, conduzira em seu automóvel o revoltoso, entre piadas e sorrisos, até uma estrada de Chavantes, que atravessando o Rio Pardo, dá em Ourinhos. Como verificara Prado, em Santa Cruz, havia dois automóveis, em 1924, um deles, de meu avô. Assim, como a matéria de Prado e Sato afirma episódio da eleição de meu tio Felinto, Senador Estadual e deputado federal, pela Bahia, referindo-se a outro tio, saudoso, Diogo, tomei a liberdade em escrever esta matéria, com os cumprimentos aos brilhantes autores da primeira.
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