Juninho Souza tem razão
O presidente da Câmara, Juninho Souza, está no centro de uma polêmica por supostamente trair o discurso de “fiscal do povo” que o levou ao cargo. Demitiu servidores comissionados, comprou um celular de R$ 6 mil e anunciou a construção de um elevador para a sede do Legislativo. Tudo isso virou munição para os críticos. Mas a questão é: o que ele fez de errado?
Comissionado não tem estabilidade
Exonerar cargos comissionados é prerrogativa do presidente da Câmara. Quem ocupa esse tipo de posição sabe que está lá enquanto goza da confiança do chefe. Servidores concursados têm estabilidade; os comissionados, não. Querer polemizar sobre isso é ignorar a própria natureza desses cargos. Se Juninho teve motivações pessoais, isso não importa. O que importa é a legalidade – e esta não está sendo questionada.
Pedir que ele mantivesse a equipe de seu antecessor seria o mesmo que exigir do prefeito Otacílio que governasse com o secretariado do mandato anterior. Aliás, a situação é ainda pior, pois, a rigor, os cargos da Câmara são apenas para o assessoramento dos parlamentares e não ajudam diretamente a população. Já no Executivo, muitas vezes, profissionais que poderiam desempenhar um excelente papel no serviço público são limados quando há troca de poder. Não deveria ser assim, mas faz parte do show e tá na lei.
E o celular?
R$ 6 mil por um celular para uso institucional. Isso é realmente um escândalo? Se fosse para uso pessoal do político, seria imoral. Porém, pelo que se sabe, o equipamento foi comprado para utilização da comunicação da Casa e, portanto, está à disposição de todos os vereadores.
A Câmara já comprou carros, tablets, computadores e reformou sua estrutura sem gerar esse alvoroço na legislatura passada. A gritaria atual parece ter mais a ver com quem ocupa o cargo do que com o que foi feito.
O elevador é necessário
A construção de um elevador para o público. É urgente? Talvez não. Mas é necessário. Para uma cidade que se orgulha de pregar acessibilidade, o debate deveria ser outro: o motivo pelo qual isso não foi feito antes.
Sobre a irmã contratada
O caso da irmã de Juninho, contratada por uma empresa terceirizada para a limpeza do prédio da Câmara, é outro ponto levantado. Não há informações confiáveis sobre qualquer irregularidade. Se houver algo concreto, que se denuncie. Caso contrário, fica parecendo mais um ataque vazio.
Hipocrisia explícita
Cobraram de Juninho coerência, postura e lealdade aos discursos do passado. Mas, convenhamos, a política de Santa Cruz do Rio Pardo está longe de ser um terreno fértil para puritanos. Querem exemplos?
Teve candidato que prometeu cargos em troca de apoio durante o mandato e não entregou; Teve quem garantiu que deixaria R$ 30 milhões em caixa no final do mandato – e não deixou; Teve quem criticou o suposto inchaço da máquina pública, mas está fazendo exatamente o mesmo agora que tem a oportunidade; Houve quem prometeu cargos até na Ummes para fechar alianças – e não cumpriu; Jornalistas foram cooptados durante a última campanha eleitoral, por todos os lados e abertamente; Candidatos a vereadores de diferentes partidos fizeram RACHADINHA para embolsar parte do fundo partidário; Mudança de discurso? Um político foi do PSOL para a direita e depois afirmou “ter se achado” no centro; Outro, com raízes no PT, virou aliado de políticos conservadores e não faltaram elogios públicos à base bolsonarista.
Esses fatos são reais. A hipocrisia e a conveniência, infelizmente, são a regra, não a exceção na política de Santa Cruz do Rio Pardo.
Juninho Souza é vidraça agora
Sim, Juninho Souza é vidraça. Deve ser cobrado. Ele assumiu um cargo que exige mais diálogo e menos gritaria. Se vai durar seis meses, um ano ou até o final do mandato como presidente, pouco importa. O que parece claro é que grande parte das críticas a ele tem motivações que não passam pelo interesse público.
Juninho não é santo, mas ninguém é. Criticam-no como se ele fosse o único incoerente num sistema onde mudança de lado, promessas vazias e interesses próprios são prática comum. A política de Santa Cruz do Rio Pardo não é um reino encantado. Está mais para um mercado de conveniências.
No fim, cada um escolhe seu malvado favorito.
Fogo cruzado
A política de Santa Cruz do Rio Pardo atravessa um momento lamentável. Em vez de debates produtivos, o cenário é de troca de acusações entre grupos que se engalfinham em entrevistas e redes sociais. De um lado, o governo atual denuncia malfeitos e acusa a gestão passada de ter "quebrado" a Prefeitura. Do outro, a administração anterior nega tudo e devolve as críticas com acusações próprias.
O problema? Ninguém apresenta provas claras ou conclusivas. É um jogo de palavras, um duelo de narrativas que deixa a população no escuro. Enquanto os políticos se atacam, os cidadãos, que deveriam ser o foco, se tornam espectadores perdidos nesse tiroteio verbal.
No final, sobra barulho, mas faltam respostas. E Santa Cruz continua refém de uma política marcada por vaidades e interesses pessoais, em vez de soluções e transparência.
Conexão SP>MG
Após dias intensos cobrindo a incrível Festa do Peão de Santa Cruz do Rio Pardo, estou em Diamantina, terra natal de Juscelino Kubitschek, para um merecido descanso.
Agradeço aos parceiros — Achei Santa Cruz e Demarchi Produções — pelo alcance excepcional nas redes sociais durante o evento. Tivemos uma audiência superior a todos os demais veículos de imprensa locais somados, o que nos enche de orgulho. Em breve, divulgaremos os dados completos.
Estar em Diamantina oferece uma perspectiva mais íntima sobre JK. Embora sua relevância nacional seja inquestionável, aqui percebemos suas nuances e complexidades, lembrando-nos de sua humanidade. Um conselho de amigo? Não idolatre político algum.
Para encerrar, uma reflexão de Kubitschek sobre política: "Não aceito o julgamento dos que agora me julgam; só aceito o julgamento do povo, pois só nele reconheço o juiz de minhas ações."
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