Na próxima segunda-feira, 3, acontece a primeira sessão ordinária do ano na Câmara de Santa Cruz do Rio Pardo. Há grande expectativa sobre os novos vereadores, a nova presidência e até sobre as novas rivalidades.
Renato Pardal e Marquinhos de Caporanga já despontam como possíveis antagonistas. Nos bastidores, o clima esquentou entre eles. Marquinhos ficou incomodado com Pardal, que estaria "queimando o filme" dos vereadores da base governista junto ao Batalhão da Polícia Militar. Isso porque Pardal já se posicionou contra a criação de uma Guarda Civil Municipal e defende a expansão da atividade delegada, um convênio entre a Prefeitura e o Estado que permite aos policiais trabalharem para o município em horário de folga.
Marquinhos teria ido tirar satisfação com Pardal. A conversa foi acalorada. O médico Mauro Assis também participou. O receio dos governistas é que estejam tentando jogá-los contra a corporação.
Outros dois vereadores que praticamente não se olham mais são Luciano Severo e Juninho Souza. Na quinta-feira, Severo conduziu a reunião das comissões sem sequer mencionar o nome do presidente da Câmara ao longo de toda a atividade. No final, nem se cumprimentaram.
Severo deixará o Legislativo nos próximos dias para assumir uma secretaria de governo que terá, entre suas atribuições, a articulação política do grupo. E aí a coisa aperta: ele estaria desgostoso com a postura independente de Juninho, que já votou contra um projeto do governo e declarou que não aprovará a criação de cargos ou aumento de impostos.
Como articulador político, Severo terá dificuldades para "domar" Juninho Souza. Porém, vai ter que engolir seco: foi a votação expressiva de Juninho que garantiu a eleição de Severo e Cristiano Tavares pelo União Brasil. Por isso, precisaram apoiá-lo para a presidência da Câmara.
As chuvas torrenciais entre quinta e sexta-feira alagaram até as dependências do carcomido prédio da Prefeitura. Diversas caixas com documentos oficiais, que desde 2023 aguardavam arquivamento, foram atingidas pela água.
Por precaução, a Prefeitura registrou um boletim de ocorrência para resguardar eventuais prejuízos caso os documentos não possam ser recuperados. O delegado Valdir Alves de Oliveira esteve no Paço Municipal para cumprir a diligência.
A postura autoritária do secretário de Finanças, João Zarantoneli, tem gerado desconforto entre seus colegas. Apesar de ser considerado um profissional acima da média e com bons serviços prestados ao município, Zarantoneli tem dificuldades para se relacionar. Exemplos disso não faltam.
É bom que ele abra o olho. Logo no início deste governo, Zarantoneli já cometeu dois deslizes: primeiro, afirmou em documento que os recursos para a criação de uma nova secretaria seriam provenientes do superávit da gestão passada – mas o governo Otacílio não diz ter herdado um rombo financeiro? O próprio Zarantonelli fez a retificação posteriormente.
Depois, liberou pagamento antecipado a dois comissionados referente a valores do ano passado, enquanto os demais servidores ainda aguardavam, o que gerou um certo mal estar e culminou na demissão de uma funcionária.
João Zarantoneli parece confiar demais em seu currículo e bagagem.
O prefeito Otacílio enviou à Câmara um projeto de lei para a criação de dois novos cargos comissionados: um na Secretaria de Meio Ambiente (nível médio, salário de cerca de R$ 3.400) e outro na Secretaria de Esportes (nível superior, salário de aproximadamente R$ 4.700).
Os cargos substituem um extinto na Secretaria de Educação, que tinha salário de R$ 7.715. A soma dos novos salários quase atinge o valor do cargo extinto, mas, na prática, haverá um aumento de R$ 786,87 mensais na folha.
O cargo do Meio Ambiente será ocupado pelo ex-vereador Vanderlei Baiano. Houve uma tentativa de reduzir a escolaridade de um cargo existente para acomodá-lo, mas o governo recuou por receio da ilegalidade da proposta e da repercussão negativa.
Juninho Souza, presidente da Câmara, já declarou à Band FM que é contra o projeto.
Outro projeto do governo busca corrigir uma trapalhada: duas creches na região da Estação foram construídas, por engano, em áreas particulares em gestões passadas.
Para resolver o problema, a Prefeitura propôs a doação das áreas ao município. Um dos terrenos já foi legalizado, enquanto o outro segue em inventário judicial, tendo apenas a isenção de IPTU aplicada.
A Prefeitura também planeja desocupar uma área utilizada por recicladores na Estação para possivelmente permutar ou regularizar a situação junto ao proprietário que está doando um dos terrenos. O valor total das áreas doadas chega a R$ 1,1 milhão, e a isenção de IPTU soma R$ 103 mil.
O projeto do ex-prefeito Diego Singolani de construir uma nova ponte com acesso aos bairros da Estação como parte inicial de um futuro anel viário não vai sair do papel – e isso não é novidade.
O atual governo tem outro entendimento sobre a obra e deixou isso claro na campanha. Mas, além dos que viam o projeto como positivo para a mobilidade urbana, quem está realmente indignado com o arquivamento da ponte são empresários que contavam com a valorização das áreas que seriam afetadas pelo empreendimento. Para alguns deles, a obra seria a "tábua de salvação" diante das dificuldades financeiras. Já tinha até projeto imobiliário de alto padrão…
Parabéns à gestão Otacílio pelo reinício das obras no Complexo Ecológico Orlando Villas-Bôas, abandonadas pelo antigo secretário de Turismo. Que agora a coisa ande.
A secretária de Cultura, Elaine Proença, afirmou na rádio 104 FM que não houve homenagem a Orlando Villas-Bôas em janeiro porque uma lei de 2016 transferiu a "Semana Orlando Villas-Bôas" para o mês do Dia do Índio.
A verdade? O esquecimento se deu porque a gestão simplesmente não sabia da data. Só foram levantar essa justificativa depois que a imprensa cobrou o poder público pelo descaso. Tanto é que, no aniversário do sertanista, em Janeiro, nenhuma menção foi feita.
Melhor assumir o erro e corrigir para o futuro.
Estive recentemente em Diamantina, Minas Gerais, e é impressionante como a cidade se organiza para preservar e explorar (no melhor sentido) seu patrimônio arquitetônico, sua história e personagens.
Pensei no casarão onde Orlando Villas-Bôas nasceu, que segue à venda em Santa Cruz do Rio Pardo. Não seria o caso de transformá-lo em um museu dedicado ao sertanista? Como já defendeu Toko Degaspari, essa seria uma forma de valorizar nossa identidade cultural.
Mas, infelizmente, para a maioria dos nossos gestores, cultura e turismo se resumem a promover eventos para aglomerar gente ao som de música de gosto duvidoso e bebida merda.
Parabéns ao prefeito Luizão, de Ipaussu, que expôs a delicada situação financeira da Prefeitura e apresentou documentos para quem quiser conferir.
Que os demais prefeitos da região, que adoram roncar grosso com seus antecessores, façam o mesmo – com provas em mãos.
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