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Santa Cruz do Rio Pardo, SP
Centenas de fiéis se reuniram na manhã desta terça-feira (25) em Santa Cruz do Rio Pardo para o velório do Frei Lourenço Maria Papin, realizado no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
O frade dominicano faleceu no último domingo (23), em Goiânia, onde residia e foi internado nos últimos dias devido a complicações de uma pneumonia. Posteriormente, descobriu-se também um câncer.
A cerimônia de despedida em Santa Cruz incluiu uma missa de corpo presente celebrada pelo bispo da Diocese de Ourinhos, Dom Eduardo Vieira dos Santos, e contou com a presença de padres, freiras e frades da Ordem dos Dominicanos, além de políticos, empresários, amigos e familiares. Do Santuário, o corpo de Frei Papin foi levado para sua cidade natal, Bernardino de Campos, para o seu sepultamento.
Durante a celebração, Frei Cardoso, um dos mais longevos Dominicanos da cidade, destacou a dedicação e a trajetória religiosa de Papin. “Foi um sacerdote exemplar, foi muito meu amigo. Começamos a nossa vida em 1945 na escola apostólica. Nós passamos muito tempo juntos e fizemos uma amizade muito forte”, relembrou.
Outro momento marcante foi protagonizado pelo Padre Ademir Leme, que exaltou a paixão de Frei Papin pelo Palmeiras. Ele relatou que, em uma das cartas que trocaram no Natal, o frei iniciou sua mensagem com um entusiasmado "Saudações alviverdes". Como homenagem final, Ademir colocou uma bandeira do clube sobre o caixão.
Frei Lourenço Maria Papin nasceu em Bernardino de Campos em 7 de julho de 1932. Criado em um lar simples e religioso, com nove irmãos e avós italianos, Frei Lourenço encontrou sua vocação de maneira inusitada: durante a celebração de Corpus Christi em 1940, aos oito anos, ouviu o vigário da cidade entoar com os fiéis: "Espalhai no Brasil os sacrários e mandai sacerdotes, Senhor". Na inocência infantil, percebeu que poderia atender a esse chamado.
O caminho ao sacerdócio ganhou contornos definitivos quando, aos 13 anos, serviu como coroinha em uma missa celebrada por Frei Henrique Sbrogiò. "Até logo, menino, não posso perder o trem; voltarei daqui um mês para conversar com seus pais", disse o frade dominicano, sem imaginar que aquela breve interação mudaria o destino do garoto.
Em 1945, ingressou na Escola Apostólica Dominicana, em Santa Cruz do Rio Pardo, onde concluiu o ensino colegial. Seguiu então para o Convento Santo Alberto Magno, em São Paulo, onde realizou seu Noviciado na Ordem dos Dominicanos. Posteriormente, estudou Filosofia e Teologia no Studium San Domenico, em Bologna, na Itália. Foi ordenado sacerdote em 25 de julho de 1957, pelo cardeal Giácomo Lercaro.
Iniciou sua vida sacerdotal em Santa Cruz do Rio Pardo, onde atuou como vigário paroquial e professor na Escola Apostólica Dominicana. Além de seu papel como educador, dedicou-se à pregação itinerante em diversas cidades. Posteriormente, foi transferido para Goiânia, residindo por 11 anos no Convento São Judas Tadeu. Na capital goiana, lecionou em cursos de Direito e Serviço Social na Universidade Católica de Goiás. Seu trabalho na pastoral da comunicação também se destacou, sendo apresentador e produtor do programa "Pelos Caminhos da Vida", transmitido pela TV Anhanguera por uma década.
Em 1973, Frei Papin foi designado para São Paulo, onde participou da construção da Igreja Sagrada Família e do Convento homônimo, no Jardim da Saúde. Por 18 anos, foi pároco da Paróquia Sagrada Família, além de ocupar, por dois mandatos, o cargo de superior regional dos dominicanos no Vicariato Regional Santa Catarina de Siena. Em 1999, retornou a Santa Cruz do Rio Pardo, onde atuou como reitor do Santuário Nossa Senhora de Fátima e vigário da Paróquia São Sebastião. Também integrou o Conselho de Presbíteros da Diocese de Ourinhos e assessorou a "Pastoral e Política", uma das prioridades do plano pastoral diocesano.
Nos últimos seis anos de sua vida, o frade voltou a Goiânia, cidade que marcou parte de sua trajetória. Seu legado, construído em décadas de dedicação à fé, educação e comunicação, permanece na memória dos fiéis e daqueles que compartilharam sua caminhada.
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