O Dia Internacional da Mulher será celebrado em 8 de março, e é um marco para reconhecer as inúmeras conquistas femininas ao longo da história. A cada ano, celebramos os avanços em direitos, representatividade e autonomia. Contudo, há um peso invisível que acompanha essas vitórias: a pressão da infalibilidade, um fenômeno conhecido como a "Síndrome da Mulher-Maravilha".
A mulher contemporânea se vê impelida a ser excelente em todas as áreas da vida: no trabalho, na família, no cuidado com os filhos e, ao mesmo tempo, atenta às necessidades dos outros, muitas vezes em detrimento das suas próprias. Esse acúmulo de responsabilidades não é apenas emocionalmente exaustivo, mas fisicamente debilitante. Não por acaso, estudos mostram que cerca de 80% das pessoas diagnosticadas com doenças autoimunes no mundo, como a fibromialgia, a artrite reumatoide, o lúpus sistêmico, fadiga crônica e doenças inflamatórias intestinais. Dentre outras, são mulheres.
A ciência tem apontado uma forte relação entre essas condições e o fardo emocional imposto às mulheres. Desde pequenas, elas são ensinadas a serem cuidadoras, a priorizarem o bem-estar dos outros e a evitarem conflitos, reprimindo emoções e estresse para manter a harmonia ao seu redor. O preço disso é alto: a somatização do desgaste mental, o esgotamento físico e o adoecimento progressivo.
A mulher atual foi desenha pela sociedade como aquela que não falha. Ela batalha, conquista e resiste, mas a que custo? No Dia Internacional da Mulher, para além das homenagens e flores, é essencial uma reflexão coletiva sobre como aliviar essa carga. O que você tem feito para dividir as responsabilidades do cuidar e permitir que as mulheres ao seu redor também cuidem de si? Comemorar essa data deve ir além do reconhecimento; deve ser um compromisso com a equidade, a valorização e o bem-estar feminino.
*A opinião dos nossos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião do página d.
Mín. 15° Máx. 30°