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Santa Cruz do Rio Pardo, SP
Ana Maria de Souza, 60 anos, vive sozinha em uma casa simples, mas bem arrumada, na Vila 80, em Santa Cruz do Rio Pardo. Sem perspectiva de aposentadoria tão cedo, ela segue na ativa, trabalhando na limpeza de uma padaria para garantir o sustento. Mas, há 37 anos, carrega uma angústia que nunca conseguiu superar: o filho que entregou para adoção ainda bebê e que nunca mais viu.
A decisão foi tomada em um momento de desespero. Mãe solteira aos 17 anos de idade, sem renda fixa e sem apoio, Ana enfrentava dificuldades para cuidar do filho, que nasceu com diversos problemas de saúde, principalmente no sistema gastrointestinal.“Eu fazia bicos, não tinha dinheiro para nada. Ele não fazia cocô, só xixi. Internava ele de manhã, tirava à tarde, depois internava à noite e tirava cedo. Não tinha condições”, relembra.
A entrega da criança aconteceu na Santa Casa de Misericórdia de Santa Cruz do Rio Pardo. Ana diz que deixou o bebê na recepção, mas, minutos depois, tomada pelo arrependimento, voltou para buscá-lo. “Foi um dia muito triste, muito chocante. Eu entreguei e ele começou a chorar muito. Na hora me senti muito mal, voltei para buscar, mas já não quiseram entregar. Disseram que ele tinha ido para a adoção”, afirma.
O que aconteceu com a criança depois daquele dia nunca ficou claro para Ana. Segundo ela, anos depois, uma ex-funcionária da Santa Casa a procurou para contar que o bebê não havia sido adotado imediatamente, mas sim ficado internado por mais três semanas. A informação reforçou a sensação de que poderia ter tido outra chance de criá-lo.
“Eu senti que ele ainda estava lá, mas mentiram para mim”, diz a diarista.
Apesar da dor da separação, Ana revela que, na época, acreditava estar fazendo o melhor pelo filho. “Se eu não tivesse entregado ele, acho que ele teria morrido. Eu fazia de tudo e não conseguia cuidar”, conta a mãe.
Desde então, Ana nunca parou de pensar no filho. O garoto foi registrado, sem o nome do pai, como David Alex de Souza. Ana não sabe seu nome atual, onde ele vive ou se tem interesse em encontrá-la. Mas acredita que, ao menos, ele tem o direito de ouvir sua versão da história.
“Eu não quero nada dele. Só quero olhar para ele, saber se está bem, contar a verdade. O que os outros falaram para ele, não interessa. O importante sou eu, porque eu sou a mãe dele”, declarou emocionada.
Ana diz que, se pudesse, também agradeceria à família adotiva. “Quem pegou meu filho fez o que eu não pude fazer. Eu desejo tudo de bom para eles. Só quero conhecer ele, saber como ele está, antes de fechar meus olhos”.
Para quem tiver informações que possam ajudar na descoberta do paradeiro de David, pedidos que entre em contato com o página d.
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