De tudo que aconteceu no episódio do caminhão da Conservita, guinchado após uma fiscalização do presidente da Câmara, Juninho Souza, o que mais impressiona é a empresa tentar se colocar como vítima da história – com a ajuda de setores da imprensa.
É compreensível a insatisfação do prefeito Otacílio com a abordagem de Juninho. A retirada do caminhão poderia atrapalhar ainda mais um serviço que já anda mal das pernas. Sabemos que o governo tenta, dentro da burocracia, promover uma nova licitação o quanto antes.
Também é compreensível – e, na minha visão, acertada – a atitude do vereador. Caso contrário, ele estaria prevaricando ao não denunciar um veículo prestando serviço público sem documentação e em péssimas condições de uso. A fiscalização autuou o caminhão porque, além da documentação irregular, ele não tinha condições mínimas de segurança. Quem garante que estava com a manutenção em dia? E se os freios falham e acontece um acidente grave?
Agora, o que é inadmissível é a Conservita tentar se queixar de qualquer coisa, a ponto de mandar um representante falar grosso em rádio, atacando o vereador.
A empresa não cumpre o contrato que assinou, leva o dinheiro do povo santa-cruzense e não entrega o serviço prometido. Não dá condições adequadas nem respeita seus próprios funcionários – colocando coletores de lixo, motoristas e a população em risco. E ainda quer posar de vítima?
Prefeito, vereadores, imprensa e sociedade deveriam estar unindo forças para cobrar dessa empresa o que ela deve ao município, e não passando pano para seus desmandos.
Os donos e representantes da Conservita deveriam é ter vergonha na cara.
A oposição na Câmara segue assistindo de camarote a base do prefeito Otacílio patinar na articulação política.
Na última reunião das Comissões, uma manifestação do vereador Mauro Assis causou constrangimento entre os parlamentares. Durante a discussão de um projeto de iniciativa da Mesa Diretora – que propõe mudanças no horário de funcionamento da Câmara para mantê-la aberta durante o almoço e estender o expediente –, Mauro interpelou a primeira-secretária, vereadora Laura Assis. Ele quis saber se o assessor parlamentar Dr. Fabrício de Oliveira havia lhe explicado todo o teor do projeto antes de ela assinar.
Mauro insinuou que o assessor estaria sendo pressionado pelo presidente da Câmara, Juninho Souza, de quem seria de exclusiva confiança, e sugeriu que Laura não assinasse nada antes de enviar a documentação ao procurador jurídico da Casa. Visivelmente constrangida, a vereadora respondeu que tinha plena ciência do projeto e do que havia assinado. Já o assessor, também incomodado, disse que sua atuação tem como único limite a legalidade.
A fala de Mauro deu a entender que Fabrício teria buscado apoio entre os vereadores da base do prefeito, pedindo ajuda por estar sob pressão de Juninho Souza.
No entanto, três parlamentares governistas ouvidos pela reportagem contestam essa versão. Segundo eles, foram os próprios vereadores da situação que solicitaram uma reunião com o assessor para discutir o projeto da abertura de crédito para Comunicação, que estava travado e será votado na próxima sessão, nesta segunda-feira.
A exposição pública do episódio gerou mal-estar entre os governistas. O assunto vinha sendo tratado internamente e, além do constrangimento à vereadora Laura e ao assessor Fabrício, a insinuação de Mauro incomodou seus colegas de grupo.
Um dos vereadores ouvidos afirmou que a saída de Juninho Souza da base não significaria, por si só, um racha na bancada do governo. Mas que episódios como esse, sim, podem abrir fissuras.
Nesta semana, em entrevista à rádio 104 FM, o prefeito Otacílio Parras afirmou, sem rodeios, que “nunca brigou pessoalmente” com o jornalista Sérgio Fleury Moraes, apesar das reportagens “contundentes” publicadas pelo proprietário do jornal Debate, falecido no ano passado.
Vamos aos fatos: em respeito à tradição do jornalismo da 104 FM – que ajudei a construir ao longo de quase oito anos, alguns deles ao lado do próprio Sérgio – e, principalmente, em respeito ao jornalista que já não está aqui para se defender, é preciso refrescar a memória do prefeito.
No dia 1º de março de 2019, nos mesmos microfones da 104 FM, Otacílio declarou, ao vivo e ao lado de Sérgio, que sua simples presença lhe causava “nojo, asco e vontade de vomitar”. Eu estava no estúdio conduzindo o programa. Ninguém me contou.
Parafraseando Millôr Fernandes, Santa Cruz do Rio Pardo parece ter um enorme passado pela frente.
Na mesma entrevista, Otacílio criticou o presidente da Câmara, Juninho Souza, por utilizar um assessor legislativo para produzir vídeos para suas redes sociais pessoais. Foi além e disse que isso era crime.
O problema é que o próprio prefeito faz o mesmo. A estrutura de comunicação da prefeitura trabalha ativamente para alimentar suas redes sociais. Em um vídeo gravado recentemente em Sodrelia, Otacílio chegou a citar o secretário Renan Alves como seu “cameraman”. O vídeo foi publicado em suas contas pessoais no Instagram e Facebook.
Se isso for crime, está marcada a rodada de chá no Ministério Público para que Juninho e Otacílio decidam quem vai denunciar quem primeiro.
A última edição do semanário da prefeitura trouxe um decreto de abertura de crédito que chamou a atenção. Curiosamente, o autor da lei não é Otacílio, mas o ex-prefeito Diego Singolani. Até no campo de assinatura, o nome do ex-prefeito aparece.
Ou alguém na prefeitura está abusando do Ctrl+C e Ctrl+V e deixou passar, ou tem gente com saudade do ex.
Nesta sexta-feira, a entrega de duas ambulâncias do Governo Federal para Santa Cruz do Rio Pardo virou disputa política entre o atual governo, o ex e vereadores. A velha história do "filho bonito que todo mundo quer ser pai".
Mas, novamente, a verdade deve prevalecer. Há registros da visita do ex-prefeito Diego Singolani ao Ministério da Saúde, ainda no ano passado, em que ele anuncia a conquista de duas ambulâncias para o município. Diego fala, inclusive, que os veículos poderiam ser liberados no começo deste ano.
Que cada um tire suas próprias conclusões, afinal, nós não temos acesso a todas as tratativas e negociações envolvidas nesse tipo de coisa.
O que importa, de fato, é que os veículos estarão à disposição do SAMU. Até porque a frota atual está em péssimas condições. A todos que de alguma forma ajudaram na conquista, parabéns.
O governo Otacílio chora as pitangas e coloca quase todos os problemas da gestão na conta da “herança maldita” do governo passado. Parte disso pode ser verdade. Outra parte é apenas cortina de fumaça para suas próprias trapalhadas.
Mas também é bom ficar atento às narrativas da oposição. A mais recente é a suposta perseguição contra servidores ligados à antiga gestão.
Pode até haver casos isolados. Mas calma lá: troca de cargos de confiança, perda de gratificações e mudanças de função são normais. O prefeito coloca pessoas de sua confiança onde acha estratégico. Rei morto, rei posto.
O ônus – e o bônus – dessas escolhas recai sobre Otacílio. Quem assume cargo de confiança ou recebe gratificação entra sabendo disso. Ponto.
Santa Cruz do Rio Pardo virou palco de um conluio entre parte da oposição e perfis falsos nas redes sociais. Páginas anônimas se autointitulam "criadoras de memes políticos", mas, na prática, constroem narrativas combinadas que, muitas vezes, ganham até espaço na imprensa.
A última foi a história de que a prefeitura estaria negando ambulância para transportar uma paciente com câncer só porque ela é parente de uma ex-secretária do governo passado.
A verdade é que a paciente faz tratamento particular pela Unimed. O transporte gratuito oferecido pela prefeitura é para pacientes do SUS. Se alguém tem que garantir o deslocamento da paciente, é o plano de saúde – como manda a lei.
Se ela tem direito ao transporte mesmo sendo atendida pela Unimed? Pode até acionar o MP ou entrar na Justiça e conseguir. Mas a regra é clara.
Curiosamente, a história ganhou corpo justamente em páginas da oposição, perfis de memes políticos e setores da imprensa.
É o velho jogo das narrativas. De um lado e de outro.
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