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Santa Cruz do Rio Pardo – acontecimentos políticos de 1922

Coluna Celso Prado e Junko Sato Prado

16/03/2025 às 15h17
Por: Colunista Fonte: Celso Prado e Junko Sato Prado
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Santa Cruz do Rio Pardo – acontecimentos políticos de 1922

O Diretório do PRP – Partido Republicano Paulista, situacionista, Santa Cruz do Rio Pardo, composto em 1922 pelos seguintes senhores: Antonio Evangelista da Silva, José Eugenio Ferreira, Américo França Paranhos, Osorio Bueno, Leonidas do Amaral Vieira, Francisco P [?] Leite e Silva, Pedro Camarinha, José Firmino de Assis e Antonio Martins de Oliveira.

Também perrepista, porém dissidente ou oposicionista, o Diretório constituído pelos senhores: presidente, Arlindo Crescencio Piedade; vice-presidente, Cherubim Dias Chaves; secretario, dr. Ataliba Pereira Vianna: tesoureiro, Saul Ferreira e Sá: membros, dr. Pedro S[oares] Sampaio Doria, Albino Garcia, dr. Flavio Rodrigues, Arnaldo Ornellas de Siqueira, José Epiphanio de Souza, Pedro de Andrade, dr. Julio F [?] Leite, João Dalmati e Moyses Nelli. 

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Naquele ano, 1922, Santa Cruz fervilhava política, com prenúncios de violências, afinal, em 1º de março seriam realizadas as eleições para Presidente e Vice-Presidente do Brasil, sendo apresentados pela situação, respectivamente, os senhores Arthur da Silva Bernardes e Urbano Santos da Costa Araujo; ambos os nomes que os situacionistas afirmavam homens dedicados aos serviços da pátria.

Se a situação santa-cruzense apoiaria o mineiro Arthur Bernardes, na política do 'café com leite' – paulistas e mineiros alternando-se no poder, a dissidência oposição seguiria a Reação Republicana cujo candidatos Nilo Peçanha – presidente e José Joaquim Seabra – vice. São Paulo não garantia 'apoio fechado' a nenhum dos disputantes, ficando a cargo do coronelismo interiorano 'arranjar votos', eleição aberta e não secreta, em cada município e comarca. A pré-candidatura do marechal Hermes da Fonseca, em meio a tantos e virulentos 'fake news', tornou-se inviável, então substituído por Nilo Peçanha. 

Cartas falsas, atribuídas a Arthur Bernardes, com comentários terríveis sobre Hermes da Fonseca e os militares, a primeira chegando ao público pelo jornal Correio da Manhã, edição de 9 de outubro de 1921, cognominando o Marechal Hermes de "sargentão sem compostura", o seu comitê de campanha como local de "orgia" e os oficiais de "canalha e venais em quase a totalidade". Arhur Bernardes negou a autoria das cartas e convenceu o Marechal Hermes de sua inocência (Fonte - https://nilljunior.com.br/em-1922-eleicao-presidencial-teve-fake-news-e-resultado-questionado/). 

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Posteriormente revelados os autores das infâmias: Oldemar Lacerda e Jacinto Guimarães, que souberam explorar as mágoas da caserna contra a sociedade civil. 

A cisão entre as oligarquias estaduais e interioranas, as paulistas, para o presente colunas, tem aclarações citadas na questão da vice-presidência, na agregação entre dissidências, além da política econômica voltada ao café e o monopólio, mineiro-paulista, dos favores do Estado. As propostas de Arthur Bernardes e Nilo Peçanha eram muito próximas.

O pleito realizado em 1° de março de 1922 deu, em todo o Brasil, 466.972 votos a Artur Bernardes contra 317.714 de Nilo Peçanha, resultado questionado o suficiente para que os eleitores e apoiadores de Nilo, o próprio inclusive, denunciassem os resultados como fraude, pedindo revisões de votos, proposta evidentemente não aceita pelos vencedores e Nilo teve apenas a sagração como "Vencedor Moral".

Os descaminhos políticos de 1922, no entanto, também desembocavam para outros descaminhos: mesmo Arthur Bernardes provando não ter sido autor das cartas anônimas difamatórias contra Hermes da Fonseca, a revolta dos oficiais tenentes, deram causa ao movimento Tenentista, também conhecido como 'A Revolta dos 18 do Forte' ou 'Revolta do Forte de Copacabana', movimento político-militar com apoio das classes médias urbanas, insatisfeitas com os governos da República Oligárquica.

Para Santa Cruz do Rio Pardo, no entanto, os rumos eram outros, nada de Centenário da Independência ou da Semana da Arte Moderna ocorrida também em 1922.

Por aqui importavam as eleições, os situacionistas, sob o controle já contestado do coronel Antonio Evangelista da Silva, o Tonico Lista, ainda eufóricos com a vitória de Arthur Bernardes no pleito de 1º de março, e já se preparando para as eleições de 29 de abril de 1922, cargos de deputados e senadores do estado, que, apesar dos pesares, também ganhariam.

Na data anterior à votação os eleitores já haviam sido arrebanhados e postos no denominado 'curral' onde permaneceriam aguardando o momento de votação, e, na manhã 29 de abril, a fila estava grande para o sufrágio e, "em dado momento, os revolvers e as facas foram postos em scena" (Correio da Manhã, 15/05/1922: 2), claramente um primeiro tiro em direção ao Lista e daí enfrentamento generalizado entre as partes, resultando mortos e feridos. O coronel escapou ileso.

A despeito da prenunciada violência, nenhuma providência tomada pelas autoridades para evitações, não desarmando as partes adversárias, e contaram-se os mortos: João Cunha, Antonio Andrade e João Paula Garcia; e os feridos Chrystalino Rodrigues da Silva, Aristides Rodrigues da Silva, Armando Alves Lara, Manoel Claudino de Oliveira, Arlindo de Castro Carvalho e João Porto.

Os políticos, naturalmente, divergiam-se quanto a autoria, as consequências e as responsabilidades: "A oposição nos atacou havendo mortes e feridos. (...). A provocação partiu do dr. Ataliba Vianna (...)." (Correio Paulistano, 30/04/1922: 4), telegrafou o Lista ao presidente do Estado de São Paulo, quase de imediato aos acontecimentos, requerendo urgentes providências.

A oposição, na mesma data, pelo advogado dr. Ataliba Pereira Vianna - secretário do Partido Municipal, também comunicara a mesma autoridade: "Antonio Evangelista da Silva, presidente do directorio situacionista, á porta da casa da eleição, com mais de cincoenta capangas, impede a entrada dos eleitores do partido municipal, a tiros de revolver, havendo varios mortos e feridos." (Correio Paulistano, 30/04/1922: 4).

Do ocorrido, o delegado da polícia regional de Botucatu, dr. Affonso Celso de Paula Lima, telefonou na noite de 30 de abril para o secretário da justiça e segurança pública estadual, Cardoso Ribeiro, informando que a situação em Santa Cruz estava sob controle: "O delegado de Santa Cruz do Rio Pardo não julgou necessario que se transportasse áquella cidade o delegado regional." (Correio Paulistano, 30/04/1922: 4).

Pouco tempo depois, na manhã de sábado, 08 de julho de 1922, Lista aparentava tranquilidade, sentado à mesa do 'Armazém do Zaeca' – Mizael de Souza Santos, quando o policial Francisco Alves, segurança do coronel, sacou a arma e, 'à queima-roupa' alvejou certeiro o chefe político, dois tiros fatais, antes de pôr-se em desabalada fuga pela rua Conselheiro Antonio Prado acima, com manifesta intenção em chegar ao Fórum e Cadeia Pública, na praça da República - atual Deputado Leônidas Camarinha, para pôr-se a salvo. Uma outra história.

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