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Pinga-fogo 22 de março de 2025

Pinga-fogo por Diego Singolani

22/03/2025 às 10h31 Atualizada em 22/03/2025 às 13h07
Por: Diego Singolani
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Pinga-fogo 22 de março de 2025

 

Juninho Souza não tem razão

O presidente da Câmara, Juninho Souza, decidiu se posicionar contra a implementação da tarifa zero no transporte público de Santa Cruz do Rio Pardo. Sua justificativa? O medo de que o transporte gratuito atraia mais gente e acabe prejudicando o trabalhador. O argumento não para em pé.

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O que Juninho deveria defender é um sistema eficiente, com mais linhas e conforto, e não barrar um benefício que impacta diretamente a população que mais usa o transporte coletivo. 

Mais do que facilitar a vida do trabalhador, um transporte público gratuito e de qualidade pode ajudar a desafogar o trânsito, incentivar a circulação de pessoas e movimentar a economia local.

A questão é: Juninho realmente acredita nisso ou está apenas tentando criar mais um embate com o governo? Se for a segunda opção, ele continua investindo na estratégia de ser o antagonista de tudo. Se for a primeira, é uma ideia de girico, como dizia vovó.

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Apenas um show

Discussões acaloradas fazem parte da política. O problema é quando elas deixam de ser sobre ideias e viram apenas um espetáculo para gerar engajamento nas redes sociais. E, ultimamente, é exatamente isso que temos visto na Câmara de Santa Cruz.

O que deveria ser debate sério virou um show de frases de efeito, gritos ensaiados e falas pensadas exclusivamente para viralizar. Não é à toa que as sessões estão cada vez mais longas e menos produtivas.

Juninho Souza tem exagerado nisso, mas ele não é o único. Alguns vereadores estão mais preocupados em bombar na internet do que em discutir os problemas da cidade. Se essa moda pega, o plenário vira palco e o Legislativo perde o que tem de mais importante: a função de representar e resolver os problemas da população.

Deixem para produzir os “memes" fora da Câmara ou em outro horário que não o das sessões, poxa.

 

Uma saída suspeita

A exoneração de Carlinhos Catequista da Secretaria de Assistência Social pegou muita gente de surpresa. Descartado sem maiores explicações, Carlinhos estava morando em Avaré quando foi chamado pelo prefeito Otacílio para assumir um cargo de diretor na pasta - cargo, aliás, que gerou polêmica ao ser criado pela atual gestão.

Esta coluna apurou que a decisão foi tomada pelo secretário Cristiano Neves, que assumiu total responsabilidade pelo corte. Carlinhos era o principal quadro técnico da secretaria, garantindo suporte administrativo e jurídico. Sua saída gerou insatisfação entre servidores, que o viam como uma peça essencial para o funcionamento do setor.

Nos bastidores, a informação é de que Carlinhos estava se destacando demais e acabou ofuscando o próprio secretário. Além disso, teria entrado em conflito com Cristiano em algumas situações, principalmente quando interesses políticos esbarravam nos limites legais da assistência social.

Agora, a grande preocupação é a falta de um substituto à altura. Sem alguém com conhecimento técnico, o município pode perder prazos, repasses e enfrentar problemas na prestação de contas. 

Se der errado, a responsabilidade cairá no colo de Cristiano Neves.

A coluna também apurou que, apesar da saída, Carlinhos deixou portas abertas junto ao gabinete do prefeito Otacílio. 

 

De olho na Alesp

O ex-prefeito de Ourinhos, Lucas Pocay, está em plena campanha para deputado estadual. Intensificou sua presença nas redes sociais e agora faz vídeos em outras cidades para ampliar seu eleitorado. O último foi em Santa Cruz do Rio Pardo.

Mas Pocay tem desafios internos e externos para superar. Fora de Ourinhos, ainda enfrenta resistência por conta da maneira como sua gestão abandonou o SAMU, desestabilizando o serviço e gerando revolta na região. Internamente, ele não conseguiu eleger seu sucessor e é acusado de ter maquiado as contas da prefeitura, que só fecharam no azul graças à concessão do SAE. Agora, a atual gestão de Guilherme Gonçalves estima um rombo de até R$ 90 milhões para este ano, caso não aperte o cinto. 

E Pocay pode ter um adversário inesperado: o próprio prefeito Guilherme, que também estaria disposto a buscar uma vaga na assembleia, mesmo que isso signifique abandonar seu primeiro mandato no Executivo pela metade. 

Com quase um milhão de seguidores, Guilherme virou fenômeno nas redes e quer aproveitar a onda para tentar uma vaga na Alesp. Mas tem um problema: sua articulação política está desmoronando. Secretários estão deixando a gestão, reclamando da falta de acesso ao prefeito, que estaria mais preocupado em fazer vídeos do que em administrar. Na Câmara, ele também corre risco de ser atropelado politicamente.

Se Guilherme quiser transformar curtidas em votos, precisa começar a governar de verdade.

 

Guarda Civil e o Estado ausente

A segurança pública virou tema quente em Santa Cruz do Rio Pardo. O vereador Renato Pardal quer expandir a atividade delegada, um modelo em que a prefeitura paga policiais para trabalharem em suas folgas. Já o governo Otacílio, através do secretário Luciano Severo, defende a criação de uma Guarda Civil Municipal, promessa de campanha.

O Estado, por lei, deveria garantir segurança, mas não faz sua parte. O governo municipal não pode ser responsabilizado por isso, como sugeriu o vereador Pardal na última sessão da Câmara. A Polícia Militar já não tem efetivo suficiente e até recusou fazer a segurança das escolas municipais por falta de pessoal, segundo Otacílio. Nesse cenário, muitas cidades vêm criando suas próprias guardas civis, que recentemente ganharam poder de polícia por decisão do STF.

A oposição enxerga a Guarda Civil como um trampolim político para Luciano Severo, e talvez seja mesmo. Mas a questão maior é: Santa Cruz do Rio Pardo precisa ou não de uma força municipal de segurança? 

Eu acredito que sim. E, pela observação de outras experiências, a guarda civil se mostra um modelo mais eficiente para atender as reais necessidades da administração do município, comparada a atividade delegada e suas limitações.

 

Cara quente

Durante um evento em Sorocaba, onde o governo federal entregou ambulâncias a diversos municípios paulistas, o prefeito Otacílio protagonizou um desentendimento com um representante da OS Santa Casa de Chavantes, que atualmente gerencia o SAMU.

O motivo? A OS tentou faturar politicamente a entrega das ambulâncias, divulgando como se fosse uma conquista própria. O prefeito não gostou nem um pouco da tentativa de se apropriar da narrativa e tratou de colocar o sujeito no devido lugar.

O resultado foi uma saída de cena digna de nota. O representante da OS deixou o local de cara quente. Muito quente.

Bem feito. Todo o castigo é pouco para aqueles que tentam regozijar-se com o falo alheio. 

 

Fim da linha para Otacílio e Juninho Souza 

Em entrevista à Rádio 104 FM, o prefeito Otacílio Parras deixou claro: não há mais qualquer possibilidade de retomada na relação política com o presidente da Câmara, Juninho Souza. A afirmação encerra qualquer expectativa de reaproximação entre os dois, que já estiveram no mesmo grupo político, mas agora vivem um rompimento definitivo.  

Juninho, que está em seu segundo mandato como vereador, foi eleito presidente da Câmara com votos da base do governo. A esperança dos aliados de Otacílio era que ele, ao menos, mantivesse uma postura neutra. Mas o que aconteceu foi o oposto: além de romper com o prefeito, ele agora usa o poder da presidência da Casa para dificultar ainda mais a vida da administração municipal.  

Na entrevista, Otacílio afirmou que já esperava críticas duras de Juninho, mas deu a entender que, na época da eleição para a presidência da Câmara, o vereador teria sido “dissimulado”, sugerindo que ele escondeu suas reais intenções até garantir a cadeira mais alta do Legislativo.  

O prefeito também revelou que pediu ao filho, o vereador Mauro Assis, para evitar embates polêmicos com Juninho. A ideia é que Mauro adote uma postura mais discreta, evitando se prejudicar politicamente ao entrar em atritos desnecessários.  

Mas há uma questão incômoda para o grupo de Otacílio: por mais que hoje Juninho seja um adversário, foi justamente seu estilo combativo que ajudou a pavimentar a vitória do prefeito na eleição mais disputada das últimas décadas em Santa Cruz do Rio Pardo.  

Os ataques sistemáticos de Juninho ao então prefeito Diego Singolani, que ele classificava como “prefeito festeiro”, foram fundamentais para desgastar a imagem do adversário de Otacílio. Sem essa ofensiva constante, a disputa poderia ter tido um desfecho diferente.  

Por outro lado, Juninho não deve sua votação a Otacílio. É bem provável que poucos ou nenhum dos votos que recebeu tenham vindo por estar alinhado ao prefeito. Mas o contrário pode ser dito: muitos votos deixaram de ir para Diego Singolani por conta da artilharia pesada de Juninho.  

No fim das contas, quem deve mais a quem? Otacílio a Juninho, ou Juninho a Otacílio?  

A política tem dessas ironias.

 

Sauna de aula, não dá!

O vereador Tio Carlinhos conquistou R$ 250 mil em emendas parlamentares junto ao deputado estadual Mauro Bragato para a instalação de aparelhos de ar condicionado nas escolas do município. Como prometido, todos os vereadores que conseguirem recursos para essa causa serão citados aqui na coluna.

Importante não deixar essa luta esfriar - sem trocadilhos - com a chegada do outono. Em tempos de paz é que se prepara para a guerra. O próximo verão não será mais tranquilo do que o último.

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Sobre o blog/coluna
A coluna Pinga-Fogo está de volta, repaginada e agora em formato 100% digital. Nela, o jornalista Diego Singolani traz os bastidores da política, apurações exclusivas e destila seu sarcasmo de gosto duvidoso – sempre a serviço da boa informação e reflexão, que fique claro. Estão servidos?
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