Pegou muito mal a notícia de que o prefeito Otacílio enviou ao sindicato dos servidores públicos uma proposta de reajuste salarial de apenas 1%. O percentual não cobre sequer a inflação dos últimos 12 meses (5,06%, de acordo com o IBGE), nem tampouco representa um aumento real nos vencimentos.
Quanto ao vale-alimentação, o valor proposto até é substancial, passando dos atuais R$ 480 para R$ 800. No entanto, é fundamental frisar que cesta básica não é salário.
O aumento no salário garante uma série de direitos e benefícios ao trabalhador, tanto durante sua vida profissional quanto na aposentadoria, pois eleva a base de cálculo de encargos e contribuições. Vale-alimentação é importante, mas não se equipara a um reajuste salarial digno. Qualquer tentativa de igualar as duas coisas é pura lorota.
A situação ficou ainda mais estranha porque foi o próprio prefeito Otacílio quem divulgou, há duas semanas, um vídeo ao lado dos vereadores da base anunciando a proposta de aumento linear de R$ 200 para todas as categorias da prefeitura e da Codesan. No discurso, ele afirmou que era uma "proposta social" para beneficiar justamente os servidores que ganham menos.
Otacílio vangloriou-se na ocasião de que o menor salário da Prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo seria um dos maiores do estado entre os menores vencimentos (somando o valor da cesta). Ainda destacou que mais de 70% dos servidores da prefeitura e 90% da Codesan teriam reajuste acima da inflação.
Agora, vem a proposta de 1% de aumento. Se essa for mesmo a última palavra, quem ganha R$ 1.800 na prefeitura verá um reajuste de apenas R$ 18.
Se o recuo se deve a falta de dinheiro ou algum entrave jurídico, não se sabe ao certo. Mas não faz sentido um prefeito se expor publicamente, gravar um vídeo ao lado de sua base e, pouco tempo depois, mudar completamente a proposta. Faltou informação? Assessoria? Ou estão simplesmente viajando na maionese?
Os vereadores votam nesta segunda-feira um projeto da Mesa Diretora da Câmara que garante reajuste de 5,06% a todos os servidores do Legislativo a partir de 1º de abril, cobrindo a inflação dos últimos 12 meses.
Por falar em sessão, o presidente da Câmara, Juninho Souza, pretende esticar ainda mais a briga com o secretário de Governo, Luciano Severo. Ele vai apresentar um requerimento pedindo informações sobre rumores de que vereadores precisam passar pelo crivo de Severo para ter acesso ao gabinete do prefeito.
Esse será apenas mais um capítulo da escalada de tensão entre os dois, que na última semana trocaram farpas em microfones de rádios e chegaram ao ponto de registrar um boletim de ocorrência. Severo denunciou Juninho por chamá-lo de “cão de guarda da prefeitura”.
O projeto do prefeito Otacílio que estabelece tarifa zero para o transporte público será discutido e votado nesta segunda-feira. A iniciativa está alinhada às melhores experiências de mobilidade urbana no Brasil e no mundo.
É evidente que há desafios: Santa Cruz cresceu, novas linhas são necessárias, possivelmente mais ônibus, e também investimento em tecnologia para monitoramento de frotas e horários. Mas esses são problemas que precisam ser enfrentados independentemente da tarifa zero. A gratuidade do transporte beneficia diretamente o trabalhador e pode estimular o uso do transporte coletivo.
Agora, resta saber se o presidente da Câmara, Juninho Souza, vai criar obstáculos para a aprovação da medida, como já sinalizou na última sessão.
Juninho Souza se reuniu em seu gabinete a portas fechadas com o ex-prefeito de Ourinhos e possível candidato a deputado estadual, Lucas Pocay. Consta que discutiram um acordo: Juninho seria “cabo eleitoral” de Pocay para deputado em 2026, e Pocay retribuiria apoiando Juninho para prefeito de Santa Cruz em 2028.
Mais do que fortalecer a campanha de Pocay, Juninho deve utilizar a aliança para atacar possíveis adversários do ex-prefeito na corrida para a Alesp, como o deputado estadual Ricardo Madalena e o atual prefeito de Ourinhos, Guilherme Gonçalves.
Guilherme, que preside a Ummes, já tem se tornado um alvo para Juninho, que foi até a Câmara de Ourinhos pedir esclarecimentos sobre supostas irregularidades no consórcio de municípios.
Curiosamente, Juninho já declarou admirar Guilherme no passado, principalmente por suas origens como coletor de lixo e estilo midiático. Mas na política, alianças e inimizades mudam rápido. Vamos acompanhar as próximas cenas.
A Comissão Parlamentar de Inquérito que apura as irregularidades do extinto Programa de Bem-estar animal de Santa Cruz do Rio Pardo retoma seus trabalhos nesta segunda-feira, às 11h, com uma mudança em sua configuração: sai Juninho Souza, que por assumir a presidência da Câmara não pode mais participar dos trabalhos, e entra a vereadora Mariana Fernandes. Ela, juntamente com Fernando Bitencourt e Cristiano Tavares, irão se debruçar sobre todo o material levantado até aqui e produzir um relatório conclusivo, que aponte eventuais ilegalidades cometidas, danos ao erário e a responsabilidade de todos os envolvidos.
Em entrevista à Band FM, Luciano Massoca, secretário de Meio Ambiente, afirmou que a expectativa é de que em junho Santa Cruz do Rio Pardo tenha uma nova empresa de coleta de lixo atuando na cidade. A licitação do serviço está em andamento e, até sua conclusão, infelizmente, teremos que conviver com a desgraça da Conservita.
Você venderia sua alma por 30 moedas de prata?
Você venderia seu silêncio por R$ 20 mil?
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