A minissérie britânica "Adolescência", disponível na Netflix, tem gerado debates significativos entre especialistas em saúde sobre os riscos associados ao uso das redes sociais por adolescentes e adultos. A trama segue Jamie Miller, um adolescente de 13 anos acusado do assassinato de uma colega de classe, explorando temas como masculinidade tóxica, bullying e a influência das plataformas digitais na formação comportamental dos jovens.
Especialistas destacam que a série evidencia como as redes sociais podem perpetuar a solidão e a desconexão, apesar da constante conectividade. Essas plataformas frequentemente promovem comparações e inveja, intensificando sentimentos de ansiedade, depressão e isolamento entre os adolescentes.
Além disso, "Adolescência" ressalta a importância do diálogo aberto e sem julgamentos entre pais e filhos sobre o uso das redes sociais. Profissionais de saúde enfatizam que estabelecer uma comunicação baseada na confiança é essencial para compreender e orientar os jovens no ambiente digital. Eles também sugerem a supervisão e limitação do acesso dos adolescentes às redes, equilibrando a privacidade com a necessidade de proteção.
A série também aborda a banalização da violência entre os jovens, evidenciando como a exposição a conteúdos inadequados nas redes sociais pode distorcer a percepção da realidade e dos limites morais. Essa exposição precoce e sem orientação adequada pode contribuir para a normalização de comportamentos agressivos e desrespeitosos.
Além destes riscos emocionais e sociais, especialistas também apontam como o uso excessivo de celulares e redes sociais impacta negativamente a atenção e a capacidade de concentração, tanto para adolescentes quanto para adultos. Estudos mostram que a constante exposição a notificações e estímulos digitais reduz a capacidade de foco, tornando mais difícil a realização de tarefas que exigem esforço cognitivo contínuo, como o estudo, o trabalho e o desenvolvimento pessoal.
A série "Adolescência" retrata de forma sutil como essa dependência dos dispositivos móveis pode interferir nas interações sociais e na capacidade dos jovens de lidar com desafios do mundo real. O vício em redes sociais muitas vezes fragmenta a atenção, fazendo com que adolescentes tenham dificuldades em permanecer concentrados por períodos prolongados, o que pode prejudicar seu desempenho acadêmico e sua resiliência emocional.
Especialistas recomendam práticas como a "higiene digital", que inclui limitar o tempo de tela, evitar o uso de celulares antes de dormir e criar períodos de desconexão para permitir o desenvolvimento de habilidades cognitivas profundas. É primordial estabelecer um equilíbrio saudável entre o uso da tecnologia, necessidades de foco, aprendizado e desenvolvimento social dos jovens.
"Adolescência" serve como um alerta para os perigos das redes sociais, destacando a necessidade não apenas da abordagem educativa, mas também preventiva, que envolva pais, educadores e profissionais de saúde na orientação dos jovens sobre o uso consciente e responsável dessas plataformas.
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