Se os críticos torcem o nariz toda vez que Juninho Souza diz que quer ser prefeito de Santa Cruz, é bom que se preparem: o vereador e presidente da Câmara quer alçar voos ainda mais altos. Juninho agora afirma que pode disputar uma vaga na Assembleia Legislativa já em 2026. E não seria uma aventura solitária — ele estaria cercado de apoios de peso, como o deputado federal Rodrigo Gambale, o prefeito de Ourinhos, Guilherme Gonçalves, e, o mais importante, o partido deles: o Podemos.
As conversas iniciais aconteceram nesta semana, em Brasília, durante uma agenda em que Juninho buscou recursos para a saúde do município. Curiosamente, poucos dias antes ele havia se encontrado com o ex-prefeito de Ourinhos, Lucas Pocay, com quem cogitava uma aliança: Juninho o apoiaria para deputado e, em troca, teria apoio para disputar a prefeitura em 2028.
Agora, ele surge alinhado a Guilherme, inimigo íntimo de Pocay. Juninho parece estar leiloando seu apoio e tentando capitalizar politicamente.
A possível aproximação de Juninho com as figuras do Podemos movimentará várias peças da política regional. Isso porque o deputado estadual Ricardo Madalena, que vai em busca do seu quarto mandato, já fez dobradinha com Rodrigo Gambale nas últimas eleições. Gambale, inclusive, esteve em Santa Cruz do Rio Pardo a convite do deputado. Além disso, Madalena também é aliado de primeira hora de Guilherme Gonçalves. Isto posto, aguardemos…
O vereador e ex-vice-prefeito Edvaldo Godoy, geralmente comedido, apareceu em nova versão na Band FM. Sem papas na língua, disse que o governo Otacílio precisa parar de “chorar, chorar, chorar” e se preocupar em governar. Edvaldo também criticou o que chamou de tentativa de desconstruir o legado da gestão passada. Segundo ele, se as eleições fossem hoje, o resultado poderia ser diferente, devido aos tropeços que enxerga na administração atual.
E quando perguntado sobre um possível nome da oposição para enfrentar o grupo de Otacílio na próxima eleição, não titubeou: apontou o ex-prefeito Diego Singolani, atual secretário de Saúde de Ourinhos, como um nome ainda viável.
O vereador Mauro Assis também abriu o verbo na Band FM. O vice-presidente do Legislativo disse que pretende permanecer o mínimo possível na Câmara, que classificou como um “antro” onde “não vira nada”. Afirmou que as sessões têm sido um “circo” e que prefere trabalhar fora do plenário, conversando com a população e buscando benefícios para a cidade. Confidenciou até que se confessou recentemente, talvez para se livrar das mazelas e sentimentos ruins que a política desperta. “É um ambiente muito sujo”, disse.
Embora seja louvável o presidente da Câmara dar espaço para que todos os vereadores se manifestem a “lá vontê”, a organização do tempo das sessões precisa ser revista. A parte mais importante — discussão e votação de projetos — está sendo espremida no final da noite, pois a sessão precisa encerrar até meia-noite. Algo terá que ser ajustado.
Os servidores da Prefeitura de Santa Cruz optaram pela proposta que prevê R$ 200 de aumento no salário base, mais R$ 660 de vale-alimentação. Para o trabalhador, na prática, o resultado é simples: o salário vai subir R$ 200.
Mas juridicamente a história é outra — e foi aí que a comunicação da Prefeitura falhou.
Não se trata de um REAJUSTE linear de R$ 200, uma correção da inflação, como muitos entenderam — e como o próprio prefeito Otacílio deu a entender em vídeo divulgado nas redes sociais. O que a proposta prevê é um AUMENTO de R$ 200 no valor das referências salariais do funcionalismo. Por exemplo: se o salário base de um trabalhador da referência P1 hoje é de R$ 1.800, passará a ser de R$ 2 mil. E assim sucessivamente, para todas as referências.
Na prática, o efeito imediato no bolso do servidor é o mesmo. Mas juridicamente, a diferença é importante: o município entende que a proposta que foi aprovada evita o risco de ações judiciais de servidores que poderiam se sentir prejudicados com um reajuste linear (já que o índice percentual seria maior para quem ganha menos e menor para quem ganha mais).
O governo deve, inclusive, mandar os temas em projetos separados para a Câmara. Um que reestrutura as referências do funcionalismo, outro com valor do dissídio (que vai ser de 0% ou 0,01%, só para constar um “reajuste”, se for necessário) e um terceiro projeto para estabelecer o novo valor do vale-alimentação.
O problema é que a maioria dos servidores, representantes do sindicato e até vereadores da base do prefeito só entenderam essa “diferença técnica” depois da votação. Muitos acreditavam que estavam votando pela proposta do reajuste linear, conforme o prefeito havia sinalizado publicamente.
Ou seja: juridicamente pode até fazer sentido. Politicamente, uma falha de comunicação.
A informação de que o prefeito Otacílio determinou que qualquer pedido de vereador passe antes pelo secretário de Governo, Luciano Severo, não caiu bem. O próprio líder do Governo na Câmara, Cristiano Tavares, confirmou na Band FM que a ordem partiu de Otacílio.
A justificativa da base é de que os secretários estão sobrecarregados e que é função de Severo fazer essa interlocução. Mas a medida soa pouco democrática e tende a dificultar ainda mais a atuação da oposição.
A instalação de um centro de hemodiálise em Santa Cruz virou alvo de mais um embate entre Juninho Souza e Otacílio. Juninho esteve em Brasília e disse ter conseguido R$ 500 mil com o deputado Rodrigo Gambale para a obra. No entanto, segundo ele, ao informar o prefeito sobre o recurso, ouviu que não havia possibilidade de instalar o serviço no momento e que o ideal seria remanejar a verba para custeio da saúde, evitando que fosse perdida.
Otacílio, em resposta ao página d, afirmou que a hemodiálise está sim no plano de governo, dentro de um projeto mais amplo de reestruturação da Santa Casa. “Não se deve politizar a saúde e o sofrimento das pessoas. Isso já foi feito no passado, com a derrubada de um prédio e colocação de uma placa de futura hemodiálise, quando nem projeto existia”, alfinetou o prefeito.
Segundo ele, a proposta atual envolve a ampliação de leitos do SUS e particulares, ambulatório de especialidades, banco de sangue, laboratório, ortopedia, farmácia, central de esterilização e mais. A primeira visita técnica da empresa de engenharia hospitalar responsável pelo projeto já foi realizada há 15 dias.
Sobre as 30 moedas de prata e os R$ 20 mil... Não estamos falando de políticos. Neste caso.
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