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Pinga-fogo 12 de abril de 2025

Pinga-fogo por Diego Singolani

12/04/2025 às 16h11 Atualizada em 12/04/2025 às 16h57
Por: Diego Singolani
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Pinga-fogo 12 de abril de 2025

 

Silêncio eloquente

Enquanto quase todos os prefeitos da região exibiram balanços e entrevistas pelos 100 dias de governo, Otacílio optou pelo silêncio em Santa Cruz do Rio Pardo. Nada nas redes, nenhuma coletiva: o “mutismo” parece ser o termômetro de quem sabe que não há muito o que celebrar. 

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Há acertos pontuais, sem dúvida. O transporte público gratuito, as bem sucedidas ações preventivas em relação à dengue e o trabalho eficaz voltado à população em situação de rua não são os únicos exemplos positivos que merecem o devido reconhecimento.

Porém, no geral, a gestão patina. Pelo menos é essa a impressão que o governo Otacílio III transmite à boa parte da população. O prefeito, até hoje, parece não ter digerido muito bem a vitória apertada nas urnas. O discurso recorrente da “herança maldita” saturou, independentemente de ter razão ou não. A terrível estratégia política de seu grupo, que deu a presidência da Câmara a Juninho Souza para contê-lo e por fim criou um leviatã que faz barulho de carroça, foi um erro de cálculo que tem desgastado ainda mais a administração.  

Estamos em abril e a cidade continua suja. As filas para consultas, exames e cirurgias eletivas não avançam na velocidade esperada pelo povo, sobretudo com o retorno do médico ao poder. A educação, até outro dia, não tinha sequer material didático para o ano letivo. Não se vê canteiros de obras abertos pela cidade. 

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Neste cenário turbulento, Otacílio ainda enfrenta a escassez de quadros experientes e qualificados para tocar o governo. Muitos profissionais, que ele próprio ajudou a formar ao longo de oito anos, foram dispensados devido aos dissabores da última campanha eleitoral.

No passado, Otacílio já demonstrou ter competência administrativa para superar crises e colocar o Santa Cruz nos eixos. A expectativa é de que ele consiga repetir a fórmula. Mas é bom ligar o sinal de alerta: o tempo passa cada vez mais rápido e as pessoas mudam. 

 

Só groselha

O ex-prefeito de Santa Cruz do Rio Pardo e atual secretário de Saúde de Ourinhos, Diego Singolani, tem falado muita groselha nas redes sociais. Até agora, não conseguiu explicar o cerne dos apontamentos do Ministério Público: o uso indevido de recursos da Tabela SUS Paulista.

Segundo o MP, o valor repassado pelo Estado não foi encaminhado integralmente à Santa Casa, como determina a regra. Em vez disso, Diego teria usado esse recurso para remunerar procedimentos que deveriam ter sido pagos diretamente pela Prefeitura. Ou seja, usou dinheiro do próprio hospital para pagar o que era obrigação do município, que segue como interventor da entidade.

Essa é a questão central — e sobre ela, Diego não deu uma palavra objetiva. Nenhuma explicação convincente em posts, comentários, entrevistas ou notas oficiais.

Por enquanto, só enrolação. Se os apontamentos do MP se confirmarem, é preciso entender: foi incompetência? Interpretação torta da lei? Ou uma estratégia para fazer sobrar mais caixa e para fechar o governo "no azul"?

São perguntas que o próprio Diego deveria estar respondendo ao Ministério Público. Parece que só agora, com a água batendo na bunda, ele começou a se mexer.

Vale destacar que, segundo o MP, a prefeitura deve R$ 5 milhões à Santa Casa. Mais uma bomba que estoura no colo do atual governo.

 

Na mira da PF

Santa Cruz do Rio Pardo apareceu no mapa das investigações da Polícia Federal sobre desvios de dinheiro público da saúde de Sorocaba. Oficialmente, ainda não há nenhuma informação divulgada sobre quem ou quais foram os alvos da ação em nosso município.

Os boatos sobre políticos e empresas locais, por enquanto, são meras ilações, não passam de factoides.

O epicentro do caso é realmente Sorocaba. Essa é uma história que começa em 2021, quando um vereador denunciou o prefeito TikToker Rodrigo Manga após ele promover a troca da Organização Social que geria duas UPA’s na cidade. A nova OS que assumiu o serviço teria favorecido interesses privados do mandatário e de seu grupo. Crimes como peculato, corrupção e lavagem de dinheiro são apurados.

Como Santa Cruz do Rio Pardo se encaixa nesse quebra-cabeça segue um mistério. 

Quem sabe na semana que vem pinte alguma novidade aqui nas redes do página d. Fiquem ligados…

 

OS: Organizações Sociais ou ‘Organizações Suspeitas’?”

Criadas no governo FHC com o discurso de modernizar a gestão pública, as OS — Organizações Sociais — viraram, na prática, uma lavanderia institucional de apadrinhamento político e contratos obscuros. Um modelo que terceiriza não só o serviço, mas também a responsabilidade e a transparência.

Na teoria, são entidades privadas sem fins lucrativos contratadas para gerir serviços públicos com mais agilidade. Na prática, viraram balcão de negócios.

Funcionários indicados politicamente sem concurso. Contratos vagos com consultorias de fachada — muitas ligadas a ex-políticos. Prestações de contas feitas de qualquer jeito e quase zero fiscalização.

Funciona assim: um prefeito contrata uma OS pra cuidar da UPA. A OS contrata quem quiser, sem prestar contas à população. O político finge que não tem nada a ver com isso. Mas tem. Tem muito.

E quando dá problema? Ninguém é responsabilizado. O contrato é cancelado — e a mesma OS aparece meses depois em outro município, com outro contrato milionário no colo.

Em Santa Cruz do Rio Pardo, a ABEDESC — que hoje opera a UPA do município — teve um contrato de mais de R$ 10 milhões com a Ummes julgado irregular pelo Tribunal de Contas. Falhas gravíssimas: direcionamento de licitação, falta de publicidade, ausência de critérios. E nada acontece. O processo ainda corre, em banho-maria.

O modelo das OS virou um atalho para burlar concurso público, esconder apadrinhados e engordar bolsos discretamente. É a privatização do descontrole, bancada com dinheiro público. 

Esse é o verdadeiro crime organizado. 

 

Por falar em Ummes…

A União dos Municípios da Média Sorocabana (Ummes), consórcio que opera o SAMU regional, segue em modo ‘caixa-preta’. Um promotor de Chavantes cobrou explicações sobre como é feito o rateio entre as cidades do bloco para cobrir os custos do serviço de emergência e qual o órgão responsável por fiscalizar a prestação de contas dessas despesas. A resposta do presidente Guilherme Gonçalves foi evasiva, quase tripudiando do MP. O promotor não ficou satisfeito, deu novo prazo e exigiu explicações. Tomara que o Ministério Público realmente não aceite tomar mais um passa-moleque da Ummes e sua diretoria.

 

Confronto

Na sessão de segunda-feira, Juninho Souza vai subir o tom (de novo) contra Otacílio. O alvo é a proposta de reajuste de R$ 200 em cada referência salarial aprovada recentemente pelos servidores em votação no sindicato. Além desse aumento, o presidente da Câmara quer incluir 5,06% de reposição inflacionária e manter o novo vale alimentação de R$ 660.

Juninho acusa o prefeito Otacílio de não dar um reajuste maior aos servidores para poder bancar “acordos políticos”, como a futura Guarda Civil — projeto encabeçado pelo secretário de Governo, Luciano Severo. O governo alega que não tem dinheiro para melhorar a proposta aos trabalhadores.

Juninho convocou servidores para lotar o plenário e promete um clima tenso. A plateia, entretanto, deve estar dividida. Uma parcela dos funcionários públicos está propensa a se manifestar contra Juninho, por entender que ele quer interferir numa decisão que foi tomada pela própria categoria. Vamos acompanhar…
 

 

Império da demagogia

Em Ourinhos, o prefeito Guilherme Gonçalves anunciou que a FAPI vai acontecer este ano. Curiosamente, foi o mesmo Guilherme quem, meses atrás, cancelou o Carnaval sob a justificativa de falta de recursos.

O que mudou de lá pra cá na saúde financeira da Prefeitura? Absolutamente nada.

A decisão de cancelar o Carnaval não teve nada a ver com dinheiro — e tudo a ver com ideologia. Foi um aceno explícito a setores conservadores, religiosos e reacionários que demonizam uma das festas mais populares e tradicionais do país. Uma manifestação cultural que, além de tudo, gera emprego e renda.

Guilherme prefere seguir a maré do algoritmo. Vai pra onde o engajamento aponta. A coerência e o interesse público ficam pra depois — se é que entram em algum momento na conta.

 

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A coluna Pinga-Fogo está de volta, repaginada e agora em formato 100% digital. Nela, o jornalista Diego Singolani traz os bastidores da política, apurações exclusivas e destila seu sarcasmo de gosto duvidoso – sempre a serviço da boa informação e reflexão, que fique claro. Estão servidos?
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