Desde que o coronel Emygdio José da Piedade, deputado provincial ‘santa-cruzense, usou sua influência assembleiana para tornar Santa Cruz do Rio Pardo freguesia, em detrimento a São Pedro do Turvo, sua votação diminuiu muito naquelas bandas. Interessando no assunto, veja.
Hoje, a parte II da história de um paulista ilustre, Emygdio José da Piedade, que morou em Santa Cruz do Rio Pardo a partir de 1870/1872, deputado pela região, com altos e baixos nas eleições, às vezes eleito por votos de outros rincões paulista.
Com forte rejeição em São Pedro do Turvo, pouco espaço em Campos Novos Paulista, também em Santa Cruz, Emygdio sofreria dura resistência dos liberais comandados pelo Capitão Tito, deputado e chefe político em Botucatu, representado em Santa Cruz por Jacob Antonio Molitor, dissidente conservador, que aspirava o mando político local.
O Deputado Emygdio não pacificou os conservadores rebeldes santacruzenses, com votação aquém do esperado em 1883, valendo-lhe, todavia, o apoio do itapetiningano Manoel Cardoso (Correio Paulistano, 03/10/1883: 3), igualmente válido para a sua reeleição, 25ª Legislatura - 1884/1885, pelo 5º Distrito.
Contando sempre com votos externos, Emygdio prosseguiu vitoriosa carreira política, com interrupção entre 1889 a 1895, para o retorno e, enfim, encerramento político na legislatura 1904/1906.
Residente em Santa Cruz, importante e partícipe membro da sociedade local, Emygdio foi membro da Comissão de Ilustres indicado pela Câmara ao Governo de São Paulo (Ofício de 12/11/1884), para integrar o grupo responsável pelas obras da Igreja Matriz.
Também, nos tempos santa-cruzenses, Emygdio pertenceu à Guarda Nacional, primeiro como Tenente Coronel do 5º Distrito de Botucatu/Regional, depois Comandante entre 1884/1886, e Coronel Comandante Superior da Guarda Nacional de Botucatu e Lençóis Paulista, pelo Decreto de 20 de outubro de 1888 (RG, BN 1033 – 1888/1889: 26).
"Á Emygdio José da Piedade-Dom Pedro por Graça de Deus e Unanime Aclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brazil. Faço saber aos que esta Minha Carta Patente virem que Hei por bem Nomear o Tenente Coronel Emygdio José da Piedade para o posto de Coronel Commandante Superior da Guarda Nacional das Comarcas de Botucatú e Lençóes, na Provincia de São Paulo, e como tal gosará de todas as honras, privilegios, liberdades, isenções e franquias que direitamente lhe pertencerem; Pelo que Mando à Autoridade competente que lhe dê posse depois de prestar o devido juramento, e o deixe servir e exercer o dito Posto; aos Officiaes Superiores que o tenhão e reconheção por tal homem e estimem, e a todos os seus subalternos que lhe obedeção e guardem suas ordens, no que tocar ao serviço Nacional e Imperial tão fielmente como devem e são obrigados. Em firmeza do que, lhe Mandei passar a presente Carta por Mim assignada, que se cumprirá como nella se contem, depois de selada com o sello grande das Armas do Imperio. Dada no Palacio do Rio de Janeiro, em dezesete de Novembro de mil oitocentos oitenta e sete, sexagenário setueno da Independencia e do Imperio, Imperador Pedro 2º (...)." (AESP, Registros de Patentes da Guarda Nacional, 1885/1894: 25 a-v. 72 AESP, Registros de Patentes da Guarda Nacional, Livro 1885/1894, 02/12/1892).
Com o advento republicano, ratificou-se a outorga:
"Ao Coronel Emilio [Emygdio] José da Piedade (Botucatu e Lençoes)
-O Ministro interino dos Negócios da Justiça, em nome do Vice Presidente da Republica, resolve declarar que por Decreto de 25 de Novembro findo foi mandado agregar o oficial acima declarado, ao Estado maior do Commando superior da Guarda Nacional da Comarca da Capital de São Paulo. Capital Federal, em 02 de dezembro de 1892. Fernando Silva."
Sempre presente ou participante em todos os acontecimentos sociais, religiosos e políticos de Santa Cruz, Emygdio ocupava a presidência da Câmara Municipal em 1889, quando anunciado o Golpe Militar de 1889 que derrubou o Império e instaurou a República. No ato fez o pronunciamento recomendando resignação.
Eleitor em Santa Cruz, conforme alistamento eleitoral de 1890, Emygdio identificava-se negociante, e era residente à 'Rua do Coronel Piedade' - morador mais ilustre, oficializada posteriormente como 'Rua Coronel Emygdio José da Piedade'.
Sem espaço político em Santa Cruz, transferiu domicílio para São Paulo, em março de 1891, filiando-se ao PRP, noticiado em vários documentos oficiais como político e agregado à Guarda Nacional, e depois no Comando Superior da mesma, conjuntamente à frente dos paulistas na Revolução Federalista de 1892/1893.
Manteve-se politicamente ativo.
No ano de 1896 foi Procurador do Gabinete de Leitura de Faxina (DOSP, 20/02/1896: 2), e eleito Membro da Comissão de Colonização e Imigração para o Estado de São Paulo, na sessão ordinária de 11 de junho de 1896, do Congresso do Estado, pela Câmara dos Deputados (DOSP, 12/06/1896: 7).
Com a queda do Coronel João Baptista Botelho, em 1901, Emygdio manteve-se independente do grupo ascensionário de Costa Junior/Abreu Sodré.
Abdicado da política desde 1906, Emygdio numa visita a familiares em Espírito Santo do Turvo, faleceu aos 30 de março de 1910, por "(...) síncope cardíaca, aos 79 anos de idade, deixando descendentes" (Cartório de Registo Civil, Espírito Santo do Turvo, Certidão de Óbito nº 37, Livro C-3, fls. 144).
O Coronel Emygdio José da Piedade tinha autorização para ser sepultado, juntamente com a esposa, na Igreja Matriz de Santa Cruz do Rio Pardo - Lei nº 83, de 01/04/1889, no entanto abriu mão dessa concessão, tanto para a esposa - falecida em 1900, quanto para si.
Deixou os seguintes filhos:
-Augusto César da Piedade - Coronel, casado com Dona Cândida Macedo da Piedade;
-Minervina da Piedade, casada com o Coronel João Batista de Oliveira Melo;
-Acácio da Piedade - Coronel, casado com Dona Leocádia de Mello Piedade, ou Dona Leocádia Bueno Pimentel, conforme também conhecida;
-Arlindo Crescencio da Piedade - Coronel, casado com Dona Hermínia Romano (falecida aos 23/06/1902), e mais outros dois matrimônios conhecidos;
-Godofredo José da Piedade, faleceu solteiro;
-Rosalina da Piedade que foi casada com o Coronel Emygdio [José] Dias de Almeida;
-José Brasil Paulista da Piedade, casado com Dona Maria Ramos;
-Albertina da Piedade, casada com o Major Ernesto Trindade;
-Dona Maria Perpétua da Piedade, casada com Francisco Clementino Gonçalves da Silva, Coronel também identificado por Clementino Gonçalves da Silva;
-Emygdio [José] da Piedade Filho, Major, casado;
-Maria da Conceição Piedade, apelidada Sancha, que foi casada com Francisco Antonio Pucci.
Na Certidão de Óbito nº 37, Livro C-3, fls. 144, Cartório Registro Civil Espírito Santo do Turvo, de Emygdio José da Piedade, entre os seus filhos constam: Alzira, neta, conforme Certidão de Óbito "(...) uma neta de nome Alzira filha de sua filha de nome Minervina ..."), criada pelo cel. Emygdio e sua mulher, face falecimento da filha Minervina aos 20/11/1906 (Correio Paulistano, 21/11/1906: 4). Também ausente da relação de filhos, por falecimento, o professor Godofredo Piedade. Dos nomes dos genros e noras, citações de Aloisio de Almeida, Abril/Junho 1960: 55-56 -Volume 247: 2-65.
O Cel. Emygdio marcou época em Santa Cruz, onde ocupou, a seu tempo, todos os principais cargos públicos, por nomeações ou eleições, mesmo aqueles sem remunerações (Aloisio de Almeida 1960: 52-56).
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