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Papa Francisco morre aos 88 anos; funeral seguirá rito inédito criado por ele

Primeiro pontífice latino-americano e jesuíta, Francisco deixa legado de empatia, diálogo e crítica à exclusão

21/04/2025 às 09h44 Atualizada em 21/04/2025 às 16h08
Por: Marcos Pellegatti
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O papa Francisco, 88, morreu nesta segunda-feira (21), no Vaticano, a causa da morte não foi divulgada oficialmente. A morte foi anunciada pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Sé.

“Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que comunico a morte do nosso Santo Padre Francisco”, declarou Farrell. “Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Sua Igreja.”

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O cardeal destacou a trajetória do pontífice argentino como exemplo de coragem e fidelidade aos valores do Evangelho, especialmente em defesa dos pobres, marginalizados e excluídos. “Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino”, concluiu.

Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, assumiu o comando da Igreja Católica em março de 2013, tornando-se o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a liderar a instituição em seus mais de dois mil anos de história.

Histórico de saúde

Nos últimos anos, o papa enfrentou uma série de problemas de saúde, especialmente relacionados ao sistema respiratório. Em sua juventude, já havia sofrido uma pleurisia, que levou à remoção de parte de um dos pulmões.

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Entre os episódios mais recentes, esteve internado por quase 40 dias no Hospital Gemelli, em Roma, no início deste ano, tratando uma pneumonia nos dois pulmões causada por infecção complexa. Durante a internação, apresentou pioras e melhoras, passando por crises respiratórias prolongadas, necessidade de ventilação mecânica não invasiva e transfusões de sangue devido à anemia. Também foi diagnosticado com insuficiência renal leve.

Desde 2021, o papa já havia sido submetido a cirurgias intestinais — incluindo a remoção de 33 centímetros do cólon — e lidava com dores no joelho e nas costas, que o levaram a usar cadeira de rodas.

Última mensagem: apelo pela paz e dignidade

Ontem, domingo (20), Francisco apareceu pela última vez em público, ainda que de forma limitada. Na sacada da Basílica de São Pedro, em sua tradicional mensagem Urbi et Orbi, lida pelo monsenhor Diego Ravelli, o papa deixou palavras de esperança e denúncia.

“Cristo ressuscitou! Neste anúncio encerra-se todo o sentido da nossa existência, que não foi feita para a morte, mas para a vida”, afirmou. Em um texto marcado por apelos à dignidade humana e ao fim da violência, Francisco defendeu os vulneráveis, pediu por paz em zonas de conflito como Gaza e reiterou sua crítica à indiferença global diante da dor dos mais fracos.

“Que o princípio da humanidade nunca deixe de ser o eixo do nosso agir quotidiano”, escreveu. “Neste dia, gostaria que voltássemos a ter esperança e confiança nos outros” e “a ter esperança de que a paz é possível!” e clamou por desarmamento e uso de recursos para combater a fome e promover o desenvolvimento.

Momento marcante durante a pandemia

Papa durante uma celebração no Vaticano em meio a pandemia | Foto: Reprodução/ Vaticano 

Entre os inúmeros gestos simbólicos que marcaram seu papado, a cena solitária de Francisco na Praça São Pedro vazia, em 27 de março de 2020, durante o auge da pandemia de Covid-19, permanece como uma das imagens mais poderosas da crise sanitária global.

Naquele dia chuvoso e silencioso, o papa rezou diante do crucifixo e concedeu a bênção Urbi et Orbi — tradicionalmente reservada ao Natal e à Páscoa — em caráter extraordinário, oferecendo indulgência plenária ao mundo inteiro. A cena tornou símbolo de fé e resiliência em tempos de crise global.

Como será o funeral do Papa Francisco

Com a morte do papa Francisco, será seguido um novo protocolo litúrgico, elaborado por ele próprio em abril de 2024 e oficializado em novembro do mesmo ano. A cerimônia será marcada por sobriedade e mudanças significativas em relação aos funerais de seus antecessores.

A confirmação oficial do óbito já foi feita pelo camerlengo, que, conforme o rito, chamou o papa três vezes pelo nome antes de declarar sua morte. O tradicional martelo de prata, antes usado para tocar levemente a testa do pontífice, foi abolido. O Anel do Pescador, símbolo do papado, será destruído, encerrando simbolicamente seu pontificado.

O corpo será levado diretamente à Basílica de São Pedro, onde será velado em um caixão simples, disposto sobre o chão da igreja — e não em um esquife elevado, como era tradição. Francisco também dispensou o uso das três urnas (de cipreste, chumbo e carvalho) utilizadas nos enterros papais, optando por um único caixão de madeira revestido com zinco.

Em decisão inédita, o papa Francisco não será sepultado na Basílica de São Pedro. Seu desejo era descansar na Basílica de Santa Maria Maggiore, um dos templos marianos mais venerados de Roma, em sinal de devoção à Virgem Maria. O último pontífice spultado fora da Basílica de São Pedro foi Leão XIII, em 1903.

Após o funeral, a Igreja dará início aos novendiales, nove dias de missas e orações pela alma do pontífice, reforçando o luto e a espiritualidade da comunidade católica.  Após esse período se inicia o processo para a realização de um novo conclave, que é o processo de escolha de um novo papa.

Chefes de Estado, líderes religiosos e autoridades de todo o mundo são esperados para a cerimônia, que se tornará também um evento diplomático e inter-religioso de grande escala, refletindo a importância global de Francisco — um papa que, até o fim, pregou simplicidade, justiça e fraternidade.

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