O vereador Carlos Eduardo Gonçalves, o Professor Duzão (PSOL), presta depoimento à Polícia Civil às 11h30 da manhã desta quarta-feira (7) após fazer graves denúncias de suposta corrupção na Santa Casa de Misericórdia de Santa Cruz do Rio Pardo. A informação é do jornalista Dário Miguel.
As acusações vieram à tona durante uma entrevista concedida na terça-feira (6) ao programa Giro de Notícias, da rádio 104 FM.
Na entrevista, Duzão afirmou que uma pessoa ligada à Santa Casa estaria recebendo 20% de comissão sobre contratos com fornecedores. Sem citar nomes, o vereador mencionou encontros supostamente realizados no Posto Kafé, onde os acordos ilícitos seriam tratados. “Tem gente podre na Santa Casa. Pessoa que está lá deitada numa UTI, próxima à morte, e gente ganhando 20% em cima de contratos”, disse.
Duzão afirmou ainda, na tarde de ontem, ao página d, que buscaria reunir mais informações antes de formalizar a denúncia ao Ministério Público. Ele também informou que solicitou acesso a contratos da Santa Casa ao interventor João Zarantoneli e ao gerente administrativo Lourival Heitor, sem sucesso.
Já na manhã desta quarta-feira, tanto João Zarantoneli como Lourival Heitor entraram em contato por telefone com a reportagem afirmando que jamais negaram nenhum documento ao parlamentar. Pelo contrário, teriam orientado Duzão a solicitar os contratos via requerimento pela Câmara, de maneira oficial, para que eles pudessem ser encaminhados.
As declarações de Duzão geraram reação imediata do Ministério Público. O promotor Marcelo Saliba determinou a instauração de inquérito policial para apuração dos fatos, classificando o teor da denúncia como potencial prática de peculato. Em despacho, o promotor destacou que "a gravidade das acusações, publicadas em rádio local, não pode determinar que o Ministério Público aguarde a atuação do vereador para deflagrar as investigações".
Além da instauração do inquérito, o MP solicitou providências à Prefeitura Municipal, responsável pela intervenção na Santa Casa, e encaminhou cópias do despacho à Câmara Municipal e ao Tribunal de Contas.
Já há movimentação na Câmara Municipal para a instalação até mesmo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso.
O presidente da Santa Casa, Domingos Ramalho, e o interventor João Zarantoneli estiveram no Ministério Público na tarde de ontem. Em entrevista ao página d, ambos disseram que a instituição está disposta a colaborar com as investigações. Ramalho criticou a forma como a denúncia foi divulgada: “A Santa Casa quer esclarecer os fatos o quanto antes. Mas uma acusação como essa deveria ter sido levada primeiro ao Ministério Público e à própria instituição, antes de ser exposta na imprensa sem qualquer detalhamento. Isso causa danos à imagem da entidade.”
A Santa Casa está sob intervenção da Prefeitura há anos e recebe recursos públicos para sua manutenção e regularização financeira. As investigações agora seguem com a Polícia Civil.
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