Um dia após causar grande repercussão ao denunciar, em entrevista à rádio 104 FM, um suposto esquema de corrupção na Santa Casa, o vereador Professor Duzão prestou depoimento nesta quarta-feira (7) à Polícia Civil. Ao vivo, em entrevista à Rádio Band FM, ele reconheceu que pode ter se precipitado ao tornar públicas as acusações antes de formalizar a denúncia às autoridades. “Passei o carro adiante dos cavalos”, admitiu.
No depoimento, prestado ao delegado Valdir Alves Oliveira, o vereador disse ter apresentado todos os elementos que possui sobre o caso, mas se recusou a divulgar nomes ou detalhes à imprensa, alegando respeito ao sigilo das investigações. “Seria imprudente da minha parte levantar nomes ou ilações na rádio, por conta de toda a seriedade do processo”, afirmou.
A denúncia original, feita por Duzão na terça-feira, apontava que um ocupante de cargo na Santa Casa estaria recebendo 20% em cima de contratos com a instituição, com reuniões ocorrendo em um posto de combustíveis. A fala levou o Ministério Público a solicitar a instauração imediata de inquérito policial e acionou a Prefeitura, a Câmara Municipal e o Tribunal de Contas.
O vereador afirmou que está à disposição da Polícia e que, conforme novos fatos surgirem, continuará colaborando com a investigação. Ele também relatou que indicou testemunhas que podem contribuir com os esclarecimentos.
Questionado sobre críticas feitas pela direção da Santa Casa, que considerou a forma da denúncia “leviana” e reclamou da ausência de nomes e da não comunicação prévia ao hospital ou ao Ministério Público, Duzão respondeu: “De cabeça quente, provocado politicamente, acabei soltando isso... Acho que poderia agir com mais discrição. Mas aquele alerta era necessário”, disse o vereador.
Sobre documentos e contratos da Santa Casa, Duzão esclareceu que os responsáveis pela administração do hospital não negaram o acesso, mas solicitaram que o pedido fosse formalizado via requerimento da Câmara, o que será feito. Duzão também afirmou que, se comprovada alguma ilegalidade, a Santa Casa de Misericórdia é vítima no caso.
Apesar da mudança no tom, o vereador disse confiar no trabalho da Polícia e do Ministério Público e reiterou que cumpriu seu dever como parlamentar. “Não posso ser omisso. Tenho obrigação de contribuir com a Justiça. Se apurar irregularidades, que a Justiça seja feita”, declarou.
A investigação segue sob responsabilidade da Delegacia de Polícia de Santa Cruz do Rio Pardo. O caso também poderá ter desdobramentos políticos, já que vereadores cogitam levar Duzão à comissão de ética ou até mesmo instaurar CPI na Câmara Municipal.
A entrevista completa pode ser acessada aqui, a partir do minuto 42:33
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