O vereador Professor Duzão jogou a merda no ventilador, com o perdão do palavreado. Agora resta saber se ela vai voar de volta na cara dele, se terá que limpar as hélices ou se descobriremos o legítimo e misterioso dono da cagança. Duzão não é calouro: segundo mandato, inteligente e bem articulado.
Na 104 FM, afirmou que alguém ligado à Santa Casa de Santa Cruz do Rio Pardo estaria levando 20% por fora em contratos com fornecedores. Não citou nomes. A bomba caiu e espalhou destroços nas redes sociais, imprensa local e até na TV Globe.
No dia seguinte, mais comedido, reconheceu que se precipitou ao lançar a denúncia em público antes de levar aos órgãos competentes - mas não voltou atrás em suas acusações, que fique claro.
Chegou-se a falar nos corredores da Câmara que Duzão cogitou alegar estar sob efeito de medicação no momento da polêmica entrevista à 104 FM. Não acredito nisso. O que a coluna apurou é que o vereador vai sustentar sua versão até as últimas consequências: já prestou depoimento e indicou várias testemunhas, inclusive o colega parlamentar João Marcelo Santos, que teria recebido denúncia semelhante, mas levou o caso diretamente ao presidente da Santa Casa, Domingos Ramalho.
A investigação, sigilosa, corre na Polícia Civil. João Marcelo foi chamado a depor nesta sexta-feira, mas estava em viagem, por isso, deve falar com a polícia na semana que vem.
Apesar do incômodo nos bastidores, pelo entendimento de que a imagem da Santa Casa, que está sob intervenção da Prefeitura, foi arranhada pelas graves denúncias, o grupo de situação evita ataques diretos a Duzão. Na Câmara, o que existe oficialmente é um requerimento de Marquinhos de Caporanga e um pedido de informações de Mauro Assis, presidente da Comissão de Saúde, solicitando que o vereador apresente as provas do que disse. Duzão respondeu rápido: argumentou que já levou tudo à polícia e que, para não atrapalhar a investigação, não abrirá mais nada por enquanto.
A coluna apurou que até os vereadores da base governista estão pisando em ovos. Após a denúncia de Duzão, começaram a circular versões conflitantes entre figuras ligadas à Santa Casa. Isso gerou cautela: ninguém quer dar munição agora e se queimar depois.
Se a investigação mostrar que a denúncia foi só espuma, a bancada deve entubar Duzão na Comissão de Ética. Além disso, a ala médica da Santa Casa já ventila ações por calúnia e difamação. O problema é que nem a base de Otacílio bota a mão no fogo pelos nomes que começaram a circular informalmente como possíveis envolvidos no caso de corrupção…
A comparação com o caso da ex-tesoureira Sueli Feitosa é inevitável. Lá, o prefeito Otacílio anunciou a fraude em coletiva enquanto a funcionária já fugia — e a polícia criticou a perda do “efeito surpresa”. Aqui, Duzão falou antes de formalizar qualquer denúncia. Mas a semelhança pára por aí. No caso Sueli, havia rombo comprovado. Na Santa Casa, por enquanto, só temos uma fala no ar.
Na próxima sessão, a Câmara vota o projeto de Otacílio para contrair empréstimo de R$ 30 milhões. A justificativa é a reforma de prédios públicos e cumprimento de TACs com o MP — principalmente em acessibilidade. Também consta a construção da nova ponte da Estação, em local diferente do projeto do ex-prefeito Diego, partindo do trevo do posto São Paulo, na SP-225, numa área sob disputa judicial.
Com toda a certeza a oposição deve relembrar durante a sessão que, no passado, o grupo de Otacílio criticou ferozmente proposta semelhante de Diego Singolani — que previa empréstimo também de R$ 30 milhões para a construção da ponte. Agora a história se repete, com roupagem diferente. Coisas da política.
Será votado também nesta segunda-feira o projeto do Refis. A prefeitura tenta recuperar pelo menos R$ 7 milhões de um total de R$ 30 milhões em créditos a receber. O programa de refinanciamento de dívidas vai oferecer descontos em juros e multas, além da possibilidade de parcelamento dos débitos junto à fazenda pública municipal. Inclui tudo que a legislação permite — do IPTU até a dívida dos vereadores que faltaram às sessões sem desconto no salário e agora estão sendo executados pela Prefeitura, os famosos “gazeteiros”.
A OAB local vai à tribuna - indiretamente. O presidente da subseção, Daniel Piccinin Pegorer, protocolou nota de repúdio contra a fala do vereador João Marcelo Santos, que chamou a OAB de "um câncer". João Marcelo, que também é advogado, disse que se referia à instância superior, não à OAB local. Climão à vista.
Assustadora a falta de sensibilidade — ética, moral, legal e até de segurança — da Secretaria de Educação de Santa Cruz do Rio Pardo ao permitir que representantes de uma empresa, sabe-se lá de onde, comercializassem muambas e produtos xing-ling com CRIANÇAS dentro de ESCOLAS PÚBLICAS.
Sim, venderam tranqueira para aluno, dentro do ambiente escolar. E só pararam porque o próprio prefeito Otacílio, mesmo em viagem, ouviu a denúncia na 104 FM e mandou suspender o absurdo.
A justificativa de que “sempre foi assim” só piora a situação. Se sempre foi assim, sempre esteve errado. E tem gente que defende.
Mauro Assis, Marquinho de Caporanga e Cristiano Tavares assinam um projeto de lei que será apresentado na próxima sessão e que pretende proibir o poder público de contratar artistas que façam apologia ao crime, uso de drogas, incentivo à violência ou promovam qualquer tipo de conteúdo impróprio em eventos abertos ao público infantojuvenil.
A proposta parece seguir a linha da chamada “Lei Anti-Oruam”, que pipocou em diversas cidades do país, tendo como símbolo o funkeiro carioca — que, aliás, acabou ganhando ainda mais notoriedade.
A intenção dos vereadores pode até ser boa, mas a aplicação da lei é um terreno pantanoso. Fazer apologia clara a uma facção criminosa é um ponto objetivo. Mas e quando a música fala em beber e dirigir? Ou em “pegar uma novinha”, menor de idade? Álcool também é droga, e sua venda para menores é crime. E aí? Vai sobrar quem? Num evento como o Rock Rio Pardo ou a Festa do Peão, por exemplo, onde o público infantojuvenil também está presente, vai ter que tocar o quê? “Patati Patatá unplugged”? “Galinha Pintadinha em ritmo de piseiro”?
A medida parece mais uma forma de posicionamento ideológico do que algo com real efeito prático.
Os mesmos três vereadores apresentam ainda outro projeto de lei que visa proibir a utilização de símbolos cristãos em manifestações públicas, paradas ideológicas e eventos similares de maneira “inadequada, ofensiva ou provocativa”. Seria uma espécie de “lei antiblasfêmia”? A proposta chega num momento curioso, embalado pelo hit “The King, The Power, The Best”, que inunda as redes sociais.
Mas fica o questionamento: o que exatamente será considerado “ofensivo” ou “provocativo”? Um meme? Uma sátira? Uma cruz estilizada em desfile? A depender da interpretação, até peça teatral ou letra de música podem acabar na mira. O risco de abrir brecha para censura subjetiva é grande — e a liberdade religiosa inclui, também, o direito de não professar fé nenhuma.
Representantes da Associação Comercial e de entidades assistenciais de Santa Cruz do Rio Pardo estão afinando o discurso para buscar uma saída mais rápida e consensual para o imbróglio envolvendo o prédio do antigo Clube dos 20, hoje ocupado pela própria Associação Comercial. Pelo estatuto original da entidade extinta, com sua dissolução, o imóvel deve ter a renda revertida a entidades assistenciais da cidade. Há decisão da Justiça neste sentido, inclusive.
No entanto, uma surpresa surgiu no começo do ano: Otacílio manifestou interesse em desapropriar o prédio. Só que esse caminho é demorado, burocrático e pode acabar adiando por anos o benefício que deveria chegar às entidades. Por isso, a ideia agora — encampada por ambas as partes — é evitar esse processo.
A proposta em discussão é a seguinte: a Associação Comercial continuaria no imóvel, mas pagaria um valor de aluguel diretamente às entidades assistenciais, que começariam a ser beneficiadas de imediato. Ganha a Associação, que mantém sua sede, ganham as entidades, que recebem recursos mensais, e a prefeitura não precisa comprometer ainda mais o caixa com uma desapropriação enquanto está tentando aprovar na Câmara um empréstimo de R$ 30 milhões para reformar prédios públicos e cumprir TACs de acessibilidade.
Se falta dinheiro até para reformar o que já tem, vale a pena gastar milhões com desapropriação?
Até o nome do novo Centro Especializado em Reabilitação (CER-IV) virou disputa política. Quem será o homenageado no novo prédio? Consta que secretário Luciano Severo tentou articular, sem consultar a base, uma mudança que desagradou os próprios aliados. O projeto original, dos vereadores Tio Carlinhos e Duzão, homenageia Hederson Maximiano, o Edinho, que viveu até os 46 anos mesmo com osteogênese, uma doença que acarreta fragilidade dos ossos. Severo teria proposto uma alteração, para que o prédio do futuro CER IV levasse o nome de uma figura de destaque, com impacto regional, o que, em tese, daria mais visibilidade à instituição e até ajudaria na obtenção de apoio financeiro. Ainda segundo a proposta, Edinho seria homenageado com o nome de uma das alas do imóvel.
Não colou. A maioria dos vereadores da base deve votar a favor do projeto original.
Desejo um feliz Dia das Mães a todas elas, em especial à minha, Dona Leide, meu primeiro e mais verdadeiro amor. E aos amigos e amigas que já não tem mais sua mãezinha por aqui, desejo que as lembranças de carinho e cuidado incondicional amenizem o vazio da saudade.
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