O Tenente-coronel Leônidas [do] Amaral Vieira, o primeiro de quatro filhos do casal Antonio do Amaral Vieira e Anna Cândida de Campos, nascido aos 07 de julho de 1889 - por assento eclesial de batismo (Eclesial São Paulo, Matriz de Nossa Senhora da Conceição, Batismos, Livro 1890-189, 30/08/1890: 13). No ano de 1911, chegou a Santa Cruz do Rio Pardo, oriundo de Tietê - SP, casado com dona Maria Lídia Fonseca Vieira, com a qual teve os filhos: Carmem Amaral Vieira; Mário Amaral Vieira; Octávio Amaral Vieira; Diva Amaral Vieira; Leônidas Amaral Vieira Filho; José Carlos Amaral Vieira; e Ilze Amaral Vieira.
Estabeleceu-se no ramo farmacêutico, como proprietário da Farmácia Santa Maria, à esquina das ruas Conselheiro Dantas e Benjamin Constant. Anos depois, nomeado Serventuário, vitalício, do Tabelionato do 2º Ofício de Santa Cruz do Rio Pardo.
Ingressou na política elegendo-se vereador e foi presidente da Câmara em 1917, com apoio do coronel Antonio Evangelista da Silva - Tonico Lista, que via nele futuro sucessor.
As dificuldades políticas de Santa Cruz propiciaram a escalada de Leônidas do Amaral Vieira e a intervenção de Ataliba Leonel no diretório perrepista santa-cruzense. O chefe político seria, sem discussões, o Vieira.
Dinâmico e populista junto à população, o novo chefe revelava sua faceta intolerante com companheiros ou rivais que o questionassem, ou, simplesmente ousavam opiniões próprias ou diferentes das suas.
Pedro Soares de Sampaio Doria e Ataliba Pereira Vianna deixaram o município, e o coronel Arlindo Crescêncio Piedade defenestrado da liderança de qualquer facção partidária.
Vianna ainda continuaria na militância política, por algum tempo, vinculado ao Partido Democrático, e, em 1927 ainda tentaria se bater com o Amaral Vieira em Santa Cruz.
As eleições municipais foram antecipadas para 1925, com posse em 15 de janeiro de 1926, sendo eleitos ele, Leônidas do Amaral Vieira, e mais os correligionários Pedro Camarinha, Pedro Cesar Sampaio, Francisco Martins da Costa, Antonio Alóe, Francisco de Paula Assis, Jarbas Bueno e Carlos Rios (Câmara, Livro Ata, 1926).
Pedro Camarinha, por indicação de Amaral Vieira e aprovação camarária, tornou-se prefeito entre 1926/1927, enquanto o próprio Vieira a 02 de junho de 1926 assumia o 'Comando dos Legionários' - força paramilitar - do 'Batalhão Ataliba Leonel', sediado em Botucatu, que em Santa Cruz do Rio Pardo funcionava como 'Corpo da Polícia Militar', cujos integrantes agiam de maneira ostensiva e não poupavam os adversários do 'prestigioso chefe', submetendo-os a constrangimentos, no mesmo perfil do velho coronelismo.
Notório fato ocorreu, por exemplo, às vésperas das eleições de 24 de fevereiro de 1927, praticado pelos soldados em nome do 'Batalhão Ataliba Leonel' contra o advogado Ataliba Pereira Vianna, que se encontrava em Santa Cruz, na praça da República [atual Deputado Leônidas Camarinha] em companhia de Octávio Pinto Ferraz - fiscal do Partido Democrático, a serviço do dr. José Adriano Marrey Junior, candidato a deputado, adversário do situacionista e chefe local, Leônidas do Amaral Vieira.
O subdelegado Ângelo Frazzio, acompanhando de soldados armados, fez sentir ao advogado Ataliba Vianna que tinha ordens expressas do delegado em exercício, dr. Aristides Pinheiro de Albuquerque, para revistá-lo se portava arma proibida, tido ato abusivo perante o visitante, e nenhuma arma foi encontrada.
Após a vexação, assim considerada, e ciente o Vianna que poderia ser novamente revistado em qualquer lugar, e preso se oferecesse oposição à medida policial, impetrou 'habeas-corpus', negado pelo juiz de direito, dr. Guilherme Augusto de Oliveira, aos 02 de março de 1927: "A vista da informação, pois, do dr. delegado de policia, julgo prejudicado o pedido." (A Cidade, 06/03/1927: 1-2).
O delegado informara que a revista individual se aplicava a todos os cidadãos, e que dr. Vianna: "(...) andando habitualmente armado, e não merecendo deferencia alguma, para exhimir-se da medida posta em pratica, por ser máo elemento social, bulhento e trefego, trazendo, com as intrigas, toda a cidade inimisada." (A Cidade, 06/03/1927: 1-2).
Ataliba não se emudeceu, denunciando que Amaral Vieira implantara regime de terrorismo oficial em Santa Cruz:
"Disso não fazem mysterio os seus sectarios, que descansam as suas esperanças nas dezenas de baionetas à disposição do seu chefe. Argumento de indiscutivel valia... Ainda, ha tres dias, o Tenente da Força Publica [de Santa Cruz], instructor daquelle Batalhão [Ataliba Leonel], seguidos dos de nome Diogo Sampaio e Basilio Maciel e uma praça do destacamento local, violou o domicilio do cidadão Francisco Pinheiro dos Santos e o aggrediu, como bom legalista, – sob pretexto de que o mesmo era revolucionário porque tinha em sua casa uma photographia do General Isidoro. O impetrante continúa ameaçado de - ser novamente, revistado e preso se offerecer opposição à medida policial." (A Cidade, 06/03/1927: 1-2, noticiário Ataliba Vianna, 'Habeas Corpus denegado').
Destemido, Vianna viria, ainda, denunciar fraudes nas eleições de 24 de fevereiro de 1927, por determinação de Vieira, exemplificando ocorrências na 2ª seção eleitoral de Santa Cruz do Rio Pardo, onde constou votos de ausentes, falecidos e duplicados' cujas assinaturas de presenças assinadas por Antonio Alóe, com consentimento dos mesários, além do desprezo de cédulas de votantes no concorrente a deputado federal, dr. José Adriano Marrey Junior (Diario Nacional, 30/10/1927: 2-3).
A denúncia foi aceita pelo juiz de direito (Diário Nacional, RJ, 30/10/1927: 2-3), e foram processados e condenados: Luis Octavio de Souza, funcionário público municipal; Deoclides dos Santos Marques, serventuário da justiça; Avelino Alcântara de Oliveira Borges, profissão ignorada; Jarbas Bueno, lavrador; e Antonio Alóe, comerciante.
Com os tantos recursos, o Supremo Tribunal Federal, enfim, manteve a condenação, contudo, os apenados, atingidos pela anistia aos crimes eleitorais cometidos até 24 de outubro de 1930, nos termos do Decreto Federal nº 20.588 de 23/10/1931.
Leônidas do Amaral Vieira assumiu a Prefeitura em 1928 e a repassou ao capitão Avelino Hermes Taveiros período de 1929/1930 (O Combate, 13-02-1925: 4), posto eleito para a Assembleia Legislativa (ALESP, legislatura 1928/1930).
Com o feito, Leônidas se projetava para objetivos maiores.
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