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Santa Cruz do Rio Pardo, SP
O ex-prefeito Diego Singolani prestou depoimento esta semana à Polícia Civil de Santa Cruz do Rio Pardo, no inquérito que apura denúncia do vereador Professor Duzão sobre possível crime de peculato na Santa Casa de Misericórdia. Segundo apurado pela coluna, Duzão indicou Diego como testemunha. Oficialmente, não há detalhes, já que a investigação corre sob sigilo.
Nos bastidores, o clima é de tensão. Na última sessão da Câmara, o vereador Marquinhos de Caporanga cogitou retirar da pauta um requerimento em que cobrava Duzão para que ele apresentasse as provas da denúncia feita em entrevista na 104 FM. Mas, na hora “H”, o requerimento foi lido, gerando discussão. Marquinhos afirmou que, assim como Duzão, também defende transparência, mas criticou o fato de que tudo tenha sido revelado à imprensa antes de qualquer evidência concreta, causando desgaste à imagem da entidade. Duzão, por sua vez, afirmou também não estar feliz com a situação, mas insistiu que não poderia se omitir do dever de fiscalizar diante de um fato tão grave, segundo ele.
Na mesma sessão, Duzão entregou aos colegas uma cópia de um extrato de seu depoimento à Polícia Civil. Mas o documento não trazia conteúdo nenhum — só comprova que ele prestou declarações. A verdade é que, independentemente do desfecho, o caso dos “20%” já teve impactos políticos profundos. E terá desdobramentos ainda maiores.
Há dois meses, Santa Cruz do Rio Pardo foi citada na operação da Polícia Federal que investiga desvios milionários da saúde pública de Sorocaba. Até hoje, o alvo do mandado de busca apreensão aqui no município não foi revelado. Será que esta história pode ter alguma ligação, direta ou indireta, com as denúncias de Duzão?
Os vereadores Professor Edvaldo e Dr. Mauro Assis quase se engalfinharam na última sessão da Câmara. Em vários momentos, eles trocaram farpas, ofensas e acusações mútuas como “hipócrita” e “cara de pau”. Em certo ponto, houve até uma “competição” entre os dois para saber quem tinha a testa maior. Isso mesmo, a maior testa, onde caberia “mais óleo de peroba”.
A tensão entre os calvos, no entanto, vem de longa data, muito antes da atual legislatura. No longínquo ano de 2017, os citados personagens já batiam boca no Facebook. Certa feita, Mauro postou na rede social que Edvaldo havia “amarelado” em um determinado contexto político na Câmara. Rapidamente o professor foi lá e respondeu na lata:
— "Amarelar é com o seu pai, que renunciou ao cargo de prefeito" — em referência ao episódio em que Otacílio anunciou a renúncia e, horas depois, voltou atrás.
Treta antiga, senhoras e senhores…
Enquanto Mauro afirmou na tribuna da Câmara que Edvaldo só deu prejuízo para a cidade, somando seus salários ao longo de cinco ou seis mandatos como vereador, o ex-vice-prefeito disse que vai apurar quantos milhões de reais Mauro e seu pai receberam da Santa Casa ao longo das últimas gestões. Sim, foi nesse nível a coisa.
No bingo dos embates entre vereadores de Santa Cruz, já podemos riscar o bullying por características físicas. Agora, só falta o item “sopapos” para fechar a cartela. A penúltima sessão trouxe a falsa esperança de que os trabalhos poderiam ser mais objetivos, eficazes e respeitosos. Mas na reunião seguinte, tudo voltou ao padrão “briga de rua”. A começar pelo presidente, Juninho Souza, que muitas vezes confunde autoridade com grosseria em relação aos seus pares. Este deve ser, infelizmente, o “jeitão” dessa legislatura.
Os vereadores aprovaram o projeto do prefeito Otacílio que autoriza a prefeitura a contratar um empréstimo de até R$ 30 milhões. Segundo o texto, os recursos serão usados principalmente para o cumprimento de TACs (Termos de Ajuste de Conduta) firmados com o Ministério Público: reformas em prédios públicos, adequações de acessibilidade em escolas e outras obras. Além disso, a grana também teria como destino o projeto da nova ponte ligando o centro da cidade à região da Estação.
O problema é que o discurso da base do prefeito parecia não estar muito alinhado. O vereador Dr. Mauro Assis, por exemplo, destacou a importância do dinheiro para cumprir os TACs, alegando que a prefeitura não teria recursos próprios nem para iniciar essas obras, ao mesmo tempo em que garantiu que uma das prioridades é o projeto da nova ponte — do trevo da SP-225 (Posto São Paulo) até a região da Estação. Mauro gravou até vídeo no suposto local da ponte.
Todavia, Murilo Costa Sala afirmou, sem rodeios, que “todos sabem que os recursos (do futuro empréstimo) não serão destinados para a ponte”. Sala, num primeiro momento, deu a entender que o objetivo exclusivo da operação de crédito é o cumprimento dos TACs, apesar da ponte constar no projeto de autorização. Minutos depois, o próprio Murilo tentou consertar, alegando que quis apenas enfatizar a prioridade dos TACs, que podem gerar multas ao município - sem descartar a tal ponte.
Trocando em miúdos: para quem assistia a sessão, deu-se a impressão de que colocaram a palavra “ponte” no projeto só para evitar que o governo fosse acusado de abandonar uma promessa de campanha. Dr. Mauro e Otacílio insistem que a verba irá, sim, ser usada também para esse fim. E isso está no texto do projeto aprovado, que agora é lei. Já Juninho Souza, por exemplo, apostou seu mandato que a tal obra não sai do papel nos próximos três anos. Vamos esperar e cobrar.
“Eleições acontecem a cada dois anos. Eu sou sempre candidato.” A frase é do ex-prefeito de Santa Cruz e atual secretário de Saúde de Ourinhos, Diego Singolani, em entrevista à Rádio Band FM, na semana passada. Ele foi à emissora para falar da volta de Ourinhos ao SAMU regional. Mas, ao ser questionado sobre o cenário político em Santa Cruz — e a possibilidade de disputar cargos maiores — foi direto: está sempre no jogo.
Aliás, justamente por razões políticas (nem todas eleitorais, mas todas políticas), esta coluna apurou que é bem provável que Diego não permaneça até o fim do mandato de Guilherme como secretário de Saúde de Ourinhos.
Na mesma entrevista, ao ser questionado sobre o projeto de hemodiálise — prometido por ele ainda na campanha —, Diego afirmou que, na época em que era prefeito, houve, sim, tratativas políticas para que Santa Cruz se tornasse uma extensão da hemodiálise de Ourinhos, que já possui o credenciamento. Agora, como secretário de Saúde de Ourinhos, diz que teria condições de abrir as portas para o projeto avançar. No entanto, até o momento, segundo ele, não houve qualquer contato da atual gestão de Santa Cruz para tratar do assunto.
Pesquisem os seguintes termos, juntos, no Google: O.S Santa Casa de Chavantes (a mesma contratada pela Ummes para gerir o Samu regional) + MPF+ Vilhena-RO + R$ 33 milhões.
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